segunda-feira, janeiro 31, 2005
"Anjo da guarda"
Um ano de ti
Momento de humor
Mas, sobre o tema, remeto para umas certas cenas da vida real que muito me fizeram rir - e onde se encontram conselhos muito úteis sobre supositórios (psiu: é um post do João Pedro, o das Ruínas no seu novo poiso; vale a pena!).
De novo um serão
Mas agora, com filha e cão na cama, não me apetece nada trabalhar... Tenho de apelar a todas as musas (incluindo a da paciência, deve haver uma) para que me inspirem e dêem coragem para acabar com isto. Afinal, neste momento é só introduzir correcções. Porquê esta falta de vontade?
Num instante arranjava dez motivos para ela; o primeiro é cansaço, o segundo enjoo, o terceiro sono, o quarto... sei lá.
Outro dia, recebi o primeiro mail antipático relativo a este blog. Um caramelo qualquer deu-se ao trabalho de me mandar um mail, imagine-se, a dizer que nunca tinha lido blog mais desinteressante. Devia ter apanhado um post deste género; abundam, de facto, sobretudo nos últimos tempos... Mas o que eu achei espantoso foi que alguém se desse à pachorra de mandar um mail assim, ainda para mais havendo comentários à disposição. Não era mais fácil não voltar a pôr aqui os pés, como eu faço em tantos blogs a que não acho ponta de piada, sem ser desagradável para com o seu autor? Escusado será dizer que o dito não-fã levou como resposta um mail sobre boa educação, chazinho em criança, etc e tal. Se hoje ele voltar cá (dizem os livros policiais que o criminoso regressa sempre ao local do crime), recebo mais um mailzito do género.
domingo, janeiro 30, 2005
Do alto da minha torre
Mas o importante mesmo é terminar...
Adenda
(momento lamechas, com filha encostadinha a mim, a falar das saudades que teria se eu fosse para uma torre assim; e eu a dar-me conta de que era óbvio que essa visita teria de existir. Ou nada faria sentido)
sábado, janeiro 29, 2005
Torres
É só pedir...
sexta-feira, janeiro 28, 2005
E como ia dizendo...
No entanto, vários ombros, uns silenciosos, outros de viva voz, me chegaram, sem eu os pedir. E é por isso que fico de nó na garganta neste momento - são os laços, os afectos, a empatia, essas coisas todas de que já aqui (e não só) muito se falou nos últimos tempos. Só consigo dizer-vos, a todos e a cada um: muito obrigada por esse carinho.
É claro que eu tenho perfeita consciência de que sou, forçosamente, a má da fita. Como nos comentários foi dito, somos nós, as mães sozinhas, que metemos os filhos na cama a horas, os aturamos no dia-a-dia, lhes incutimos disciplina, os obrigamos a 1001 coisas. Aos pais divorciados cabe em geral o papel agradável de deixar fazer o que apetecer, de gozar a presença dos filhos, mas não o de disciplinar. Nós, por via de regra, é que pagamos as favas.
Acresce, no presente caso, que o pai da Miosótis não é um exemplo de pai a seguir; não o era vivendo sob o mesmo tecto, não o é agora - muito menos o é agora. E é óbvio que isso provoca um desequilíbrio que tomba, logicamente, para o pilar com quem ela verdadeiramente conta: eu. Que recebo o melhor, mas também o pior (como sucedeu esta manhã).
Hoje, recordei à minha filha uma história que já lhe tinha contado, uma espécie de parábola, que um dia recebi por mail e tem precisamente a ver com as consequências dos nossos actos, mesmo quando somos pequenos e "não fazemos por mal". Se bem me recordo (ai, esta memória!), um pai, cansado de ver o filho a ser agressivo, refilão, a responder torto, mandou-o pregar um prego numa tábua a cada vez que agisse assim. O filho fê-lo. No final, os pregos representavam todos esses momentos em que ele tinha sido desagradável para com os outros. O filho olhou incomodado. Retiraram os pregos - podiam ser tirados, que alívio, era o perdão. Mas o que o perdão não tirava eram os buracos deixados na madeira pelos pregos...
Sei que a minha filha percebeu a história. Sei que uma parte das suas farronquices é orgulho, e até o orgulho de não querer chorar - de algum modo, também ela está em busca do seu equilíbrio, neste crescer que nunca é fácil e pode ser mais complicado quando pai e mãe não estão juntos e não colaboram verdadeiramente um com o outro. Sei, também, que hoje, em especial, a minha filha viu bem os buracos deixados na madeira pelas suas atitudes e se arrependeu do que fez.
Claro que vai haver muitas outras ocasiões em que me desafiará e porá em causa a minha autoridade. E eu não o vou sentir tão profundamente ou reagir de forma tão emotiva. Mas esta altura é especialmente complicada para mim. Se o pai dela fosse outro, chamava a ele os cuidados com a filha de modo a eu ter a paz necessária para terminar a tese, aproveitando, ainda por cima, para estar mais tempo com ela. Mas o pai dela é como é, e por esse motivo estamos separados, e por isso qualquer reconciliação é impossível. E por isso, também, é sobre mim que recai todo o peso. Não me queixo do peso, note-se - nunca a minha filha me pesará. Queixo-me de ser injusto que ele caia todo sobre mim, o que é diferente; mas arco com ele com todo o gosto.
Mas esta altura, repito, é complicada... Além do trabalho em si, a ela estavam associados muitos sonhos, tornados impossíveis, ou quase.
Ou se calhar os malucos que andaram a calcular o dia mais favorável para depressões (onde terei eu lido isto?) erraram e não foi 2ª feira passada, ou eu ando um bocado desfasada e a neura deu-me uns dias mais tarde, ou ainda (outra hipótese igualmente válida) a minha neura é de longa duração e foi-se distribuindo ao longo de toda a semana.
Fim de lamentos, vamos é assoar o nariz e trabalhar, que isto até anda a avançar e a ficar com cara de tese.
............................
Com o pai não há disto. Com os avós muito menos. Eles são muito mais severos do que eu. E fica-me sempre a dúvida: serei eu demasiado permissiva? Será que tentar levar a bem em lugar de levar a mal, ou à bruta, está errado?
Se os desabafos são para mim, se a confiança máxima é para mim, o outro lado é para mim também. E porra, eu não o mereço, sinto-o como uma injustiça! E no fim saem das minhas mãos palmadas, que ficam a doer cá por dentro mais do que a ela doem. Saem castigos que sei que a ferem bem mais que qualquer palmada, e que me custam também porque não quero ter de castigar constantemente. E fica sempre a enorme sensação de que tudo podia ser diferente feito a dois, equilibrado por dois, com a cabeça fria de um a funcionar quando a do outro está quente, com estratégias conjuntas que não existem. Que nunca, afinal, existiram, a não ser por breves momentos, nos momentos graves que exigiam que ele actuasse. Porque as responsabilidades foram sempre, sempre passadas para mim.
Porra, que merda fiz eu da minha vida?
Melancolia
Se isto é um homem
Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casa aquecidas
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não
Considerai se isto é uma mulher
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração.
Estando em casa andando pela rua
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.
quinta-feira, janeiro 27, 2005
Ainda o nazismo e a Alemanha
Um é um romance que não sei se está traduzido para português; conheço-o em tradução francesa da colecção Folio: Bernhard Schlink, Le Liseur, Paris, Gallimard, 1996. O outro é um conjunto de crónicas sobre a vida na Alemanha dos anos 90, escrito por uma jornalista francesa que vive em Berlim, e que conheço também apenas em francês: Pascale Hugues, Le bonheur allemand, Paris, Éd. du Seuil, 1998. O primeiro perturbou-me bastante. Com o segundo diverti-me e aprendi bastante, creio, sobre o povo germânico.
(Acabo de escrever este post com o Pluto a trepar, decidido, para o meu colo. Qualquer dia escreve ele também sobre a sua vida nesta casa azul.)
Ainda o Holocausto nazi
Tem-se falado bastante, neste blog e neste, da violência doméstica. Dos senhores do medo. Não é diferente a atitude de um guarda de campo nazi, senhor dos presos, que pode fazer deles o que quer, e a de quem se considera dono da mulher ou dos filhos ou de quem está sob a sua dependência e os maltrata, violenta, faz viver no medo.
Auschwitz
Imagens semelhantes a esta devem hoje aparecer em vários sites da net, e ser mostradas na televisão. Pela minha parte, gostaria de aqui colocar outras, mas tendo em conta que a minha filha aqui vem, não o faço. Essas fotos serão vistas comigo, com uma explicação que só ao tomar contacto com o Diário de Anne Frank começou a ser dada. Fica aqui apenas o portão do campo e a sua cínica afirmação: "Arbeit macht frei". Prendem-se os homens, o trabalho o libertará.
Faz hoje 60 anos que o campo de concentração mais conhecido do nazismo abriu as suas portas e mostrou o horror de que os homens são capazes. Muitos outros campos de concentração existiram e, infelizmente, existem. Mas o que é terrível no plano de extermínio nazi, na solução final encontrada para judeus e todos quantos eram considerados "Untermenschen", é a eficiência na eliminação, o planear a sua morte, a capacidade de explorar tudo, tudo, num ser humano, tanto vivo como morto.
É um arrepio entrar, ainda hoje, num campo de concentração. Aos 16 anos, fui a Dachau. E não sou capaz de relatar o que ali senti; nem mesmo sei se consegui sentir, tal a intensidade do choque, tal o poder da sugestão que parece fazer com que continue a cheirar a carne queimada, tais as imagens, tal a vontade de fugir de um tal sítio que parece ter ficado para sempre amaldiçoado.
Em Dachau, uma das coisas que mais me marcou foi o monumento de memória a quem ali morreu. Aqui o deixo. Para memória futura. Porque isto não é para esquecer, nunca. "Nie wieder", dizem os monumentos. Cabe a cada um de nós impedir que a curta memória humana não esqueça o que isto foi e não permita que aconteça, nunca mais.
Imagem do dia
(Vale o frio que rapei a levar o bicho lá fora há bocadito...)
quarta-feira, janeiro 26, 2005
Palavras
Não sei escrever assim. Aliás, não sei escrever (fora o que é trabalho) sem sentir. E isso pode ser uma virtude, mas é tramado também.
Nas caixas de comentários dos posts anteriores, sobretudo daquele que eu intitulei "Perigo à vista", falou-se imenso (eu também) sobre a exposição nos blogs, sobre o porquê de escrever aqui, o que a escrita revela e os perigos que daí resultam. Mas escreveram-se também das palavras mais bonitas, simpáticas e empáticas que aqui me dirigiram, e que agradeço do fundo do coração. Não exagero ao confessar que me fizeram vir lágrimas aos olhos. O que é muito mal feito, diga-se, porque arrisco deixá-las correr - sobretudo hoje, em especial hoje, talvez por estar estafada e talvez por muitas outras coisas que não interessa explicar. Talvez hoje, em especial, por ter sentido, ao mostrar uns sólidos capítulos totalmente prontos de uma tese de que me orgulho (sim, sou orgulhosa, briosa, exigente no que faço, e sei que o que estou a fazer está bom e bem feito), que uma fase há muito desejada está prestes a chegar. Mas que os sonhos associados a ela, esses...
Numa altura assim, sentir o calor das vossas palavras vale ouro. E de novo reflicto sobre as relações estabelecidas, o que aqui se revela e as diferenças face ao dia-a-dia. Ninguém que me visse hoje veria para além do cansaço (esse óbvio, estampado na cara de quem faz demasiadas noitadas há demasiado tempo). Mas, quanto ao resto, a máscara está posta. E aqui, mesmo que por meias palavras, abandono-a, descanso um bocadinho dessa máscara. Permito-me mostrar-me mais frágil. Como quem respira fundo para ganhar forças para continuar. E preciso disso. Por ora, preciso disso. Não sei quanto tempo o "Um pouco mais de azul" sobreviverá ao final da tese e de outros trabalhos que me vão manter agarrada ao computador mais do que eu gostaria nos próximos tempos. Mas sei o quanto este blog e a interacção que me permite têm contribuído para a manutenção da minha sanidade mental.
Notícias plutónicas
- Sua excelência mais uma vez convencido que é gente a sentar-se à mesa do jantar - mas a sair de lá mal eu disse não; mando-o embora, mas acho-lhe uma piada imensa a vê-lo ali, como que à espera do seu pratito de comida!
- Muitas horas de sossego, primeiro na varanda, ao sol, depois aqui ao meu lado, onde chegou com ar de quem experimenta a ver se não me zango; ficou sossegado em cima de uma almofada. Muito gosta ele de companhia.
- A forma como ele me segue para todo o lado, e me recebe todo contente quando eu chego.
- Imagem para mais tarde recordar: a minha filha feliz com ele deitado no colo, meio a dormir, a fazer-lhe muitas festas, enquanto ambos viam a "Dama e o Vagabundo". Se essa felicidade se mantiver e reforçar, vale bem por todas as vezes em que ando de esfregona e água com lixívia a lavar as porcarias de um cachorro que ainda só está a aprender bons hábitos de higiene!
terça-feira, janeiro 25, 2005
Perigo à vista
Escrever aqui vicia. Mais do que isso: cria o hábito da escrita regular num espaço sempre aberto para lançar aos quatro ventos ideias e sentimentos, que de outra forma ficam a jazer num disco duro de computador, ou no fundo de uma gaveta qualquer. Aqui, ficam arrumados, prontos a ser revistos. E temos um interlocutor potencial - o que não deixa de ser importante e necessário, por paradoxal que pareça face ao que acima disse.
Perigo à vista, pois. Para mim, naturalmente. A nudez de alma pode-nos deixar muito mais expostos do que a do corpo, e mostrar muito mais a nossa fragilidade.
segunda-feira, janeiro 24, 2005
Será problema meu?
Peace at last
Como disse ali em baixo na caixinha de comentários: eu sou doida varrida. A presença do doce furacãozinho Pluto nesta casa comprova-o à saciedade. E agora boa noite, que vou trabalhar.
Eu, a música, o computador e o silêncio que reina em casa. Ahhh, que bom! Até apetece fazer a tese.
domingo, janeiro 23, 2005
Dúvida
Apetece-me correr os três às palmadas de jornal dobrado. Irra!
(Resultado: a filha chora, a amiga cala-se, ambas arrumam o que desarrumaram, e o cão tem o rabo para baixo, sabendo bem que fez asneira.)
E não gozem, por favor!!!!!!!!!!!!!!!
2ª impressão
De facto, o Pluto é muito meigo. Além de curioso, como qualquer cachorro de 5 meses, nota-se na sua tentativa de tudo ver, de tudo cheirar que sente ter, finalmente, chegado a um lar. Ainda nãose lhe ouviu um latido, mas já se atirou aos pulos para cima de nós as duas, no sofá.
Em lugar de trabalhar no escritório, levei para a sala uma série de folhas para rever, algumas das quais foram carinhosamente lambidas pelo novo membro da família, enquanto encostava a cabeça no meu peito, enroscado entre nós as duas.
Claro que já tivemos direito a um chichi no chão da cozinha (nada demasiado dramático), mas outras coisas piores foram feitas na rua, quando o levei a passear.
Ficou absolutamente encantado com os chinelos usados cá em casa (aqueles da Serra da Estrela, feitos de carneira) - felizmente há uns velhos, já rotos, que passam a ser para ele destruir, brincar ou o que quiser.
E agora é noite, o cão não se incomodou nada por ficar na sala sozinho, está a dormir mas se eu lá vou vem ter comigo e lambe-me as mãos. Espero que de manhã não acorde com o sofá ensopado (está protegido, mas mesmo assim...), nem com tudo virado do avesso, e que este tenha sido o primeiro de muitos dias passados em conjunto.
Não posso deixar aqui de agradecer a generosidade da Carla, que recolheu e tratou do cachorro com enorme devoção, e ao João Pedro da Costa (não vale a pena linkar, toda a gente já sabe quem ele é e As Ruínas estão encerradas para meditação), que serviu de intermediário e fez questão de nos receber com uma simpatia extrema. É tão bom quando as boas impressões que temos nos blogs demonstram ser ainda melhores na realidade! Um beijo muito grande para ti, João, de nós ambas. E já sabes: o Pluto espera por visitas.
sábado, janeiro 22, 2005
1ª impressão
Não tenho máquina fotográfica digital (se alguém me quiser oferecer uma, sinta-se totalmente à vontade e conte com a minha imensa gratidão). Por esse motivo, vai demorar até colocar aqui uma foto do novo membro da família já cá em casa.
A Miosótis oscila entre o encantada com o animal e o tomar consciência de que um cão tem dentes, salta, brinca aos pulos, etc. Neste momento, está sentada em cima da mesa da sala. O Pluto rói alegremente um osso de borracha. Tem um apetite voraz e fácil de satisfazer: aspira qualquer migalha, come num ápice ração que devia chegar para um dia inteiro, se alguém comer alguma coisa perto dele .
E para mais não chega o tempo, vou ver se a sala ainda está inteira.
Preparativos
Uma coisa já aprendi: a imensa variedade de alimentos para cão que existem no mercado (era a isso que eu me devia dedicar, a fabricar comida para bichos; em lugar de queimar neurónios com doutoramentos que não interessam a ninguém). Até arregalei os olhos, diante dos sacos grandes, médios e pequenos, cheios de comida para cães pequenos e grandes, cachorros ou adultos, a saber a isto ou aquilo. Em forma de croquetes, bolinhas, triângulos, quadrados, ossos, patas de cão, eu sei lá. Comida seca, comida meio-seca, comida húmida. De uma infinidade de marcas, cabendo-nos a nós ler rótulos, comparar preços, pensar nos sabores que o bicho preferirá. Uma trabalheira impossível!
A esta juntaram-se outras tarefas. Como convencer a minha filha que não lhe compro livros a uma semana do seu aniversário. E escolher copos, pratos, velas para a festa. E procurar a fantasia de Carnaval que ela queria (e que não encontrámos - azar, ainda vou ter de procurar noutro lado). Como este ano faz anos perto do Carnaval, ela queria imenso convidar os meninos para virem mascarados. E eu, a mãe palerma, olhos para os seus olhinhos brilhantes e digo que sim.
Pelo meio, tento acabar a tese. Pois... E raios me partam se não vou conseguir fazer isso tudo!
sexta-feira, janeiro 21, 2005
Pluto - os dias anteriores
A desoras
* Eu bem te disse que usava a palavra; aqui tens a prova ;)
Frio e soluções para ele
quinta-feira, janeiro 20, 2005
E porque se tem andado a falar nas coisas bonitas disto dos blogs
Para muitos dos que aqui vêm há menos tempo, e porque, para grande pena minha, o Haloscan fez o favor de apagar os comentários dos primeiros meses, o que vou contar será novidade. Outros já o sabem, partilharam comigo esses momentos especiais. Sem eles, é bem provável que o rumo deste blog tivesse sido diferente, que até tivesse terminado rapidamente este "registo de salpicos de vida", como um dia lhe chamaram. Porque foi a resposta mais bonita que a minha escrita alguma vez teve, foi o feed-back mais encantador e inesperado.
Todos os dias, de 2ª a 6ª feira, os meus textos apareciam comentados com um poema ou a letra de uma canção, ou pelo menos com palavras calorosas, bonitas, sempre relacionadas com aquilo que eu escrevia. Quem me deixava essas flores na secretária (comparação que inevitavelmente me ocorria a cada vez que encontrava esses comentários)? Alguém que eu não fazia ideia quem era, nem sabia quem eu era também. Alguém que por aqui tinha passado vindo de um blog de um amigo comum e que tinha decidido fazer-me sorrir todos os dias – ajudar a que o dia fosse mais azul, dizia. Sempre me causou admiração a forma como arranjava, no meio do trabalho (porque era do trabalho que ele comentava), o poema exacto, a canção com a letra certa, a palavra a propósito - sempre doce, bem-humorada, sensível. Confesso que várias vezes, ao final de um dia afastada do computador, corria para aqui para ver se cá estava a minha “flor” – estava sempre. Conheci canções lindíssimas com este anónimo comentador (Lilacwine, na voz de Jeff Buckley, foi uma delas, e só por me ter dado a conhecer essa canção e esse intérprete eu teria razão para estar grata). Li versos magníficos, escolhidos de tal forma a dedo que, confesso, me chegaram a comover até às lágrimas. Porque, de facto, ele apenas me deixava coisas bonitas, como que encontrava em versos e canções a tradução dos meus textos, testemunhando uma sensibilidade rara, até porque, nessa altura, escrevi bastante sobre temas dolorosos. Creio que passou a haver visitas que vinham aqui não para me ler a mim, mas para o ler a ele .
Depois de uns meses, desapareceu. Creio que até deixou de me ler. Percebi porquê, apesar de ter tido pena. Perdi, como disse, os seus comentários. Mas não o esqueci, nem à generosidade que o levava a escolher palavras bonitas e doces para uma desconhecida, escritas à sombra de uma sábia chaminé que entrava, por vezes, na conversa. Coitada, com este frio a chaminé deve andar constipada e de cachecol ao pescoço. Será que ainda conversa todos os dias com o Old Ramon?
quarta-feira, janeiro 19, 2005
Em torno de um círculo que fechou
"Foi então que apareceu a raposa.
- Olá, bom dia! - disse a raposa.
- Olá, bom dia! - respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.
- Estou aqui - disse a voz - debaixo da macieira.
- Quem és ti? - perguntou o principezinho. - És bem bonita...
- Sou uma raposa. - disse a raposa.
- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...
- Não posso ir brincar contigo. - disse a raposa. - Não estou presa...
(...)
- O que é que "estar preso" quer dizer?
- É a única coisa que toda a gente se esqueceu.- disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...
(...)
Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa. - Ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho.- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo..."
Saint-Exupéry
Enquanto o ADSL "dorme"
Dia após dia, noite após noite, há anos já, esta é a minha rotina quase diária: o trabalho na tese. Em horário pós-laboral, na maioria dos casos, pois não sou bolseira de doutoramento.
Dou-me conta, neste momento em que a tese está a chegar ao fim, que as primeiras páginas que escrevi têm já três anos. Foi precisamente em Janeiro de 2002 que as comecei a alinhavar. Ainda me recordo de dizer, com a alegria de quem via uma nova fase do trabalho iniciar-se, que já tinha seis páginas escritas. Quantas, entretanto, se lhes juntaram, quase sempre nascidas aqui, no meu escritório.
É neste cantinho que gosto de trabalhar. Aqui, onde tenho a minha música, os meus livros, o horizonte amplo da minha varanda ensolarada. Aqui, onde há sempre espaço para a minha filha entrar e vir dar-me um, muitos beijos, ou aninhar-se entre almofadas num cantinho que criou ao pé da mãe. Aqui, onde posso estar vestida com roupa velha e confortável, de chinelos e manta sobre as pernas, de pernas debaixo do rabo ou com ambas em cima da secretária (se houver espaço), a comer ou a roer para que os neurónios trabalhem, apurados. De uma forma impossível de estar em qualquer biblioteca, arquivo ou sala de estudo.
Nestas quatro paredes da minha casa, de que tantas vezes me senti prisioneira, a net tem sido, muitas vezes, uma janela para fora. A forma mais fácil de contactar amigos, via mail ou MSN. De me pôr a par de notícias graças aos jornais on-line ou aos blogs. De conversar em caixas de comentários, quando levanto os olhos do trabalho ou este, simplesmente, não rende.
Neste momento em que o modem deixou de funcionar, dou comigo com vontade de fazer um desses intervalos, espreitar o que os blogs do costume possam ter de novo, descansar um pouco do moroso e interminável trabalho de revisão. Em lugar disso, escrevo.
terça-feira, janeiro 18, 2005
Novas de uma menina doente
Intervalo
Acabei de receber um mail do Coronel Mohammed Ali, antigo médico e conselheiro de Saddam Hussein. Trata-me por "brother" e quer-me dar dinheiro. Há dias assim.
Post-it
- Bauru
- urgência numa nova impressora (que linda prenda para os meus amigos me darem quando eu me doutorar! uma nova cadeira para a secretária também é precisa, não se esqueçam; prefiro essas prendas a cacaria da Vista Alegre)
E muito importante, para quem aqui tantas vezes me ouve queixar do trabalho. Eu queixo-me, resmungo - mas ver um capítulo ganhar forma final, sentir que faz sentido, que está bem estruturado, que gosto do que leio, dá um gozo dos diabos... E quando digo gozo, é gozo mesmo. Interpretem lá como quiserem (mas não se esqueçam que é só uma analogia ;).
Post à pressa
Não era, de certeza, nada de importante. Pelo menos, nada de mais importante do que aquilo que verdadeiramente me apetece fazer. Trabalhar. Acabar de pôr em ordem mais um capítulo e passar ao próximo. É preciso aproveitar estas vontades, que raramente duram muito. Vou-me.
segunda-feira, janeiro 17, 2005
A propósito de doenças
Dez anos. E a mesma vontade de estar eu doente em lugar dela, de tossir no seu lugar, de engolir com dificuldade em vez dela. E a mesma certeza de que o carinho e a segurança de estar com quem mais ama fazem tão bem como outros remédios. O colinho, os beijos, a mão dada, a voz meiga são medicamentos indispensáveis.
Hoje, os momentos em que esteve mais bem disposta foram passados a brincar com o pai, que a veio ver. E depois aqueles em que, armada de almofadas, uma manta e um livro, se instalou aqui ao meu lado.
Deve ser por causa de todos estes "remédios" que, creio, guardamos de um modo geral boas recordações das nossas doenças infantis. São tempos de mimos, para além da febre, das dores e das preocupações dos pais.
E é engraçado: ainda recordo, perfeitamente, o sabor do comprimido cor-de-rosa, Aspinfantil, que a minha mãe me dava, esmagado, para baixar a febre.
Esclarecendo
Não me arrependo nem por um segundo de me ter separado. Tenho é uma imensa pena e raiva por tal ter sido necessário - não era suposto acontecer. Mas aconteceu, e tenho de viver com isso. Com isso e a sensação de ter feito uma grande burrice na minha vida, com as melhores intenções do mundo, mas burrice.
Que sirva para aprender e andar em frente. Não me martirizo a olhar saudosa para o passado. No entanto, quando me vejo perante situações como a que descrevi, quando é mais do que evidente que os erros cometidos afectam quem não tem culpa alguma, quem mais queriamos preservar de toda a dor, fica o tal peso, e a vontade de compensar da melhor maneira possível quem sofre por causa disso.
Mas nem tudo é mau nas burrices, como em nada desta vida. Foi a burrice que me trouxe o melhor da minha vida. Só por isso, valeu a pena. A minha filha é o produto de duas pessoas, não seria ela se o pai fosse outro - e eu gosto dela exactamente como é.
Voltas trocadas
Tudo agora suspenso de dores de garganta que cresceram ao longo do dia, culminando naquele mal-estar em que só se quer mamã e o carinho quente da voz, da mão, da companhia da mãe. E que faço eu? Claro que me preparo para cancelar tudo, caso amanhã ela não esteja melhor. Se ela pudesse ficar aqui em casa, era uma coisa. Levá-la doentita para uma casa gélida, não o faço.
É especialmente nestas ocasiões que sinto a injustiça que constitui pai e mãe viverem separados. Que sinto mais que quem paga as favas é ela, a que nenhuma culpa tem. O desejo de ficar ainda é maior por esse peso que, nunca saindo cá de dentro do meu peito, pesa chumbo nestas alturas.
domingo, janeiro 16, 2005
Ternurices a pedido
Apelo para a humanidade
sábado, janeiro 15, 2005
Aves
sexta-feira, janeiro 14, 2005
Sonhos de uma noite de sexta-feira
Ou então vamos as duas pôr em ordem o quarto dela, arranjá-lo para a menina crescida que já é.
Ou vou simplesmente arrumar o meu escritório de alto a baixo - e descobrir todas aquelas coisas que há séculos não sei onde páram.
Ou arrumar as fotografias em álbuns e colocar-lhes legendas, recordando a cada uma momentos bons que passámos.
Um dia. Quando acabar de esfolar o rabo do porco. Como demora, caramba!
(Ainda demora mais se ficar para aqui a sonhar em lugar de trabalhar. Mãos à obra!)
Olhem só para isto!
A genuine College Degree in two weeks!
Have you ever thought that the only thing stopping you from a great job and better pay was a few letters behind your name? Well now you can get them!
BA BSC MA MSc MBA PhD
Within 2 weeks! No study required! 100% verifiable!
These are real, genuine degrees that include Bachelors, Masters and Doctorate degrees. They are verifiable and student records and transcripts are also available. This little known secret has been kept quiet for years. The opportunity exists due to a legal loophole allowing some established colleges to award degrees at their discretion. With all of the attention that this news has been generatins, I wouldn't be surprised to see this loophole closed very soon.
Order yours today! Just call the number below. You'll thank me later...
Ao ler isto, confesso que não é propriamente o loophole que me apetece fazer fechar. Antes dar um grande pontapé noutro hole...
E cá vou eu... à tese. À que se faz sem batota, com esforço e dedicação. Gaita para os SPAMs imbecis.
Message personnel
Au bout du téléphone, il y a votre voix
Et il y a des mots que je ne dirai pas
Tous ces mots qui font peur quand ils ne font pas rire
Qui sont dans trop de films, de chansons et de livres
Je voudrais vous les dire
Et je voudrais les vivre
Je ne le ferai pas,
Je veux, je ne peux pas
Je suis seule à crever, et je sais où vous êtes
J'arrive, attendez-moi, nous allons nous connaître
Préparez votre temps, pour vous j'ai tout le mien
Je voudrais arriver, je reste, je me déteste
Je n'arriverai pas,
Je veux, je ne peux pas
Je devrais vous parler,
Je devrais arriver
Ou je devrais dormir
J'ai peur que tu sois sourd
J'ai peur que tu sois lâche
J'ai peur d'être indiscrète
Je ne peux pas vous dire que je t'aime peut-être
{chanté:}
Mais si tu crois un jour que tu m'aimes
Ne crois pas que tes souvenirs me gênent
Et cours, cours jusqu'à perdre haleine
Viens me retrouver
Si tu crois un jour que tu m'aimes
Et si ce jour-là tu as de la peine
A trouver où tous ces chemins te mènent
Viens me retrouver
Si le dégoût de la vie vient en toi
Si la paresse de la vie
S'installe en toi
Pense à moi
Pense à moi
Mais si tu crois un jour que tu m'aimes
Ne le considère pas comme un problème
Et cours, cours jusqu'à perdre haleine
Viens me retrouver
Si tu crois un jour que tu m'aimes
N'attends pas un jour, pas une semaine
Car tu ne sais pas où la vie t'emmène
Viens me retrouver
Si le dégoût de la vie vient en toi
Si la paresse de la vie
S'installe en toi
Pense à moi
Pense à moi.
quinta-feira, janeiro 13, 2005
Fim de dia
Para aqui, ficam as reflexões umpoucomais sérias. Hoje li uma coisa que me fez pensar. "Se eu acreditasse na reincarnação, suicidava-me quase todos os dias." Acho que acabo de descobrir o mistério das tendências suicidas dos coelhitos de que volta e meia se tem falado: eles acreditam na reincarnação. Eu não, ou fazia como eles. Com uma condição, porém: que me garantissem que a vida que se seguia era melhor do que esta; e, já agora, que eu não renascia, por exemplo, em forma de barata - bicho nojento!
Moral da história: os coelhos façam o que entenderem, matem-se até com o amaciador da roupa do JP. Eu prefiro ir vendo tudo o que de bom a minha vida tem e começar de novo, sim, mas sem ser do nada, antes com a bagagem adquirida ao longo dos anos. E com uma companhia que me é por demais preciosa (isto tinha de virar lamechas e eu tinha de encaixar a minha filha neste post, sim).
quarta-feira, janeiro 12, 2005
Constatação
Basta um post como o anterior para não haver comentários. E não tinha striptease de almas, imagine-se se tivesse.
Pronto, agora já podem comentar à vontade.
Há dias
Depois do tom do anterior post, poderá alguém indagar se eu não sofro de bipolaridade. Não, cá por casa é mais quadripolaridade, ou por aí.
Impossível!
Onde, onde??? Quem andou a pôr disto no meu blog, tão auto-censurado no tocante a tais matérias, que isto é uma casa de família onde há crianças pequenas? E o que terá encontrado o leitor curioso e picuinhas, que faz pesquisas com tantos pormenores e é tão conservador (repararam que especifica ser a dois, e só em cima da cama?)
Andariam em busca dos meus canários, que há um ano não fazem outra coisa, apesar de me dizerem que a época de acasalamento só começa em Fevereiro? Já pensei pôr-lhes um calendário na gaiola, mas não me parece que resulte; e desconfio que o canário que morreu foi-se de excesso de actividade a esse nível; mas o que se lhe seguiu também julga que o cio dura o ano inteiro.
Depois de ter escrito isto, vou ter visitantes em busca de temas ainda mais delirantes.
segunda-feira, janeiro 10, 2005
Jantar à luz de velas
Sequelas
domingo, janeiro 09, 2005
Um dia azul (atenção: impróprio para diabéticos)
- Mãe, dá-me um beijinho (repetido às dúzias).
Depois de mais uma boquinha apontada para mim a pedir um beijo:
- Quem é a pessoa que mais gosta de miminho à face da terra?
- Eu, e tu vens em segundo lugar, mamã.
Já outro dia me dizia que deviamos escrever um livro intitulado "Miminho". Seria assim:
1º capítulo: Miminho
Miminho, miminho, miminho, miminho...
2º capítulo: Beijinho
Beijinho, beijinho, beijinho, beijinho...
O livro ficou por aí, no meio de gargalhadas mimalhas. Não duvido que poderia ser um "best-seller"...
(E eu aproveito, colecciono beijos e abraços e momentos passados juntas e guardo-os numa caixinha especial; daqui por uns anos, quando ela crescer e já não quiser tanta meiguice da mãe, abri-la-ei de vez em quando para regalar o coração.)
sábado, janeiro 08, 2005
Olha,
E por falar em comentários: vi há pouco um bocado do telejornal da SIC. As desgraças são, de facto, uma mina para os meios de comunicação social. Lá assisti de novo à visão das ondas destruidoras, e a uma reportagem indescritível sobre "como explicar o tsunami" às criancinhas. Irra! Mas não estou para me irritar, por isso calo-me já, e nem sequer falo do novo cartaz do PSD. No entanto, deixo uma suspeita: quem o imaginou é um agente infiltrado do PS. Só pode...
sexta-feira, janeiro 07, 2005
Fim-de-semana.
Em condições normais, já seria complicado. Cansada como ando, é de ter vontade de me atirar para cima da cama e chorar. Ou mandar a um certo sítio quem não posso mandar. Ou ainda (sonho dourado!) comprar um bilhete só de ida para as Grenadines.
Ao final de um dia levado do diabo, chego a casa e agarro no trabalho. Vou trabalhar todo o sábado, todo o domingo. E eu só queria estar sossegadinha e passar o fim-de-semana a dormir, sair com a cachopa, aproveitar os saldos para lhe comprar roupa que dê para o próximo ano, ir ver o mar. E ter tempo para escrever uns textos longos aqui, em que não esteja a resmungar nem a "despejar o saco" - já tenho saudades.
O trabalho deve-nos trazer os meios necessários para estarmos bem. Neste momento, porém, o trabalho só faz da minha vida um inferno. Estou farta, e nem sequer é da tese... É mais da falta de sentido de uma série de coisas. Enfim...
quarta-feira, janeiro 05, 2005
Ufff...
Ainda por cima, vai terminar comigo a ter de aturar uma data de gente que não quero ver, com quem não tenho a menor vontade de estar, muito menos de trocar ideias. Mas lá me vou eu armar do meu mais "public relations' smile" e mostrar como sou simpática, encantadora, amorosa, além de inteligente e dedicada trabalhadora, claro. Ainda bem que não se lêem os pensamentos - e que nenhuma das pessoas em causa lê este blog ou sabe que sou eu a sua autora...
Há mais de uma hora
Ouço de novo Damien Rice, pus em cima da barafunda da secretária um delicioso gatinho de peluche que foi parte da prenda hoje recebida ao qual puxo os bigodes, percorro blogs de que gosto, vou deixando aqui e ali comentários - mas trabalhar, nada.
Vou mas é para a cama - de folhinhas (seria melhor não usar diminutivo, mas pronto) e caneta na mão. Até o sono me fazer cabecear, vou usá-las que nem romance para ler antes de dormir. Se não for como soporífero...
(Pois... era mais interessante ir sem folhas e sem ser sozinha. Mas essa é outra história. Das que por aqui se contam pouco ;).
terça-feira, janeiro 04, 2005
Quebrar rotinas
Eu sei que este post é melado, mimalhíssimo. E estou-me nas tintas. Gosto de partilhar momentos assim com a minha menina. Tenho de aproveitar enquanto ela os quer partilhar comigo. Adoro sentir os olhos de ambas brilhar por estarmos juntas, cúmplices, companheiras, felizes. São momentos únicos, só nossos, não facilmente partilháveis. Pode até estar mais gente ao lado, o cruzar de olhares e de sentimentos é só das duas. Uma ligação especial de mãe e filha.
Uma prenda
Um dia cinzento, um dia azul - assim é a vida, não é? Felizmente, o coração aquece mais com as coisas boas do que arrefece com as más.
segunda-feira, janeiro 03, 2005
O porquito expiatório
Modos de apagar coisas feias
E lá estou eu a escrever o que não queria, o que me incomoda expor porque é meu, só meu, mas o blog é para isto que, acima de tudo, serve - e, porra, neste momento, preciso de deitar isto cá para fora. Durante toda a surreal conversa desta manhã, esta canção começou a bailar na minha cabeça, e foi bailando até aterrar aqui.
Nothing unusual, nothing strangeDamien Rice, Amie
Close to nothing at all
The same old scenario, the same old rain
And there's no explosions here
Then something unusual, something strange
Comes from nothing at all
I saw a spaceship fly by your window
Did you see it disappear?
Amie come sit on my wall
And read me the story of O
And tell it like you still believe
That the end of the century
Brings a change for you and me
Nothing unusual, nothing's changed
Just a little older that's all
You know when you've found it,
There's something I've learned
'Cause you feel it when they take it away
Something unusual, something strange
Comes from nothing at all
But I'm not a miracle
And you're not a saint
Just another soldier
On the road to nowhere
Amie come sit on my wall
And read me the story of O
And tell it like you still believe
That the end of the century
Brings a change for you and me
And Amie come sit on my wall
And read me the story of O
And tell it like you still believe
That the end of the century
Brings a change for you and me
Afinal as coisas mudam no ano novo
Escrever
Mas, em lugar disso, aquilo que preenche o meu pensamento são revisões de notas de rodapé, verificação de bibliografia, e neste preciso momento a maneira de, sem grande alterações a uma parte da tese, nela referir um trabalho fundamental só agora descoberto. Coisas, que por muitos motivos (um dos quais o nível de audiência deste blog, que se mantém tão certinho e me enche de orgulho), não vou aqui contar.
Fico-me pelas intenções. E por desejar uma boa noite, em mais uma madrugada que vem, sorrateira, e me apanha com a boca na botija, isto é, na tese...
domingo, janeiro 02, 2005
Prova de que a mudança de ano não muda mesmo nada
sábado, janeiro 01, 2005
Ano novo
No entanto, acho que estes momentos de corte com o que está para trás, de renovar as esperanças como quem renova o guarda-fatos no início de uma estação, são necessários ao homem. Drummond de Andrade escreveu de forma magistral o que eu toscamente acabo de esboçar:
"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para frente vai ser diferente."Por isso, faz sentido desejar um ano novo bom, colocar nele a esperança de melhores dias e, sobretudo, fazermos por isso!
O meu ano começou azul. Cabe-me fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que assim continue. Para já, trabalhar, com entusiasmo e ganas de acabar, depressa, "isto".