Um pouco mais de azul

terça-feira, maio 31, 2005

Vizinhos

Ouvi dizer que hoje é o Dia Mundial do Vizinho (de que é que não haverá dias mundiais?). Bem que me apetece, por vezes, não viver neste mundo. Assim não teria de gramar a confraternização vicinal do prédio das traseiras. Parece um arraial dos santos populares, com música pimba em altos berros. Ainda por cima hoje... Irra!

Post queixinhas

Este post é para eu fazer queixinhas e beicinho. Aliás, beicinho não, não consigo fazer. Tenho a boca inchada e ainda meio anestesiada. Arranquei um dente há bocadinho, buááá! Uma porcaria de um molar partido, que me estava a magoar a gengiva e, ao sair, parecia que me queriam partir o maxilar. Multiplicado por dois, porque o dente saiu em dois pedaços. Agora tenho o queixo inchado, a sensação da anestesia vai da garganta até ao olho, passando pela língua, e nem me atrevo a olhar para o buraco que devo ter na boca - por duas razões, a primeira é que não quero ver, a segunda é que não consigo abrir a boca o suficiente para espreitar, se quisesse.
E pronto, já fiz queixinhas. Agora façam o favor de me demonstrar toda a solidariedade do mundo. Preciso de miminhos.

Valete (1)

Era uma vez um gato chamado Valete.
Grande, com longa pelagem arruivada, o Valete vivia numa pequena moradia com a dona, uma senhora viúva de cabelos prateados e olhos muito azuis, para quem o gato era a melhor das companhias.
A D. Ifigénia vivia sozinha, mas todos os dias recebia a visita dos netos, que ficavam com ela no final das aulas. A Susana e o Pedro gostavam muito das horas passadas em casa da avó. Esta tinha sempre um bolo ou outra surpresa para o lanche e contava-lhes histórias dos tempos em que era nova, que muito os faziam rir, pois descobriam que a avó tinha sido uma criança ainda mais endiabrada do que eles. Acima de tudo, era na casa da avó que os pequenos tinham um jardim e um gato para brincarem.
Nas traseiras da casa, existia, de facto, um jardim, com um lago onde nadavam peixinhos vermelhos e dourados, canteiros cheios de flores, algumas árvores de fruto que gostava de depenicar um grande melro de bico amarelo, o qual, logo de manhãzinha, assinalava a sua presença a cantar. Este jardim era o reino do Valete. Ali ele passeava, corria atrás de lagartixas e outros bicharocos, e tinha o seu canto predilecto para preguiçar nos dias de sol.
Se chovia, o gato passava a deitar-se no largo parapeito da janela da sala, através da qual vigiava os seus domínios e atentamente verificava se nenhum rival ousara invadir o seu jardim. Ficava ali deitado durante horas, nesses dias cinzentos, observando os pingos de chuva a cair no pequeno lago, onde, de quando em quando, brilhavam os reflexos coloridos dos peixinhos que, sentindo a falta do seu amigo felino, se aproximavam da superfície para, de longe, o cumprimentarem.
Ao serão, a D. Ifigénia sentava-se nessa mesma sala, fazendo tricot, lendo, vendo televisão ou ouvindo música. E o Valete tinha então outro poiso: sobre uma almofada aos pés da dona, ou, sempre que lhe via o regaço livre, enroscado no seu colo, pedindo as carícias que a idosa senhora nunca lhe negava.
E assim corriam, pacíficos e rotineiros, os dias deste gato.

Aviso à navegação

Há muito tempo que ando para passar a escrito umas histórias que contava à Miosótis quando era pequena. Inventava-as durante as refeições, e era ver os seus grandes olhos ainda maiores, de tão arregalados, e as colheres de sopa a esvaziarem-se umas a seguir às outras a uma notável velocidade, enquanto se sucediam as peripécias da vida de um gato.
Outro dia, aproveitando um pedaço de tempo livre em que só me podia ocupar com papel e lápis, comecei a escrever essas histórias. Vou passá-las para aqui. Apenas porque é a única forma de não se perderem, não por terem qualquer valor para além do sentimental. Este blog, além de saco de boxe, é um armário de recordações que desejo preservar.
Seguem-se, pois, as primeiras páginas das aventuras de um gato, que não sei se terei paciência ou vontade de continuar a escrever.

segunda-feira, maio 30, 2005

Azulices

Recuperando um velho título de post, aqui vai mais uma das minhas proezas: carro aberto, com a carteira lá dentro, onde estava dinheiro, documentos, chaves, tudo. Felizmente, só eu reparei, ao voltar. Um dia não tenho esta sorte...

Efemérides

Ao longo do dia de ontem (agora estou com os "fusos horários" correctos), o contador de visitas que prefiro (o netcode, lá em baixo no fundo da página) passou as 60 000 visitas. O número de pessoas que por aqui passa continua a surpreender-me, nomeadamente nesta fase em que tão pouco me apetece escrever. É uma surpresa agradável, claro, e que eu muito agradeço.
Ter um blog tem bastante que se lhe diga (já devo ter dito isto várias vezes, mas não faz mal - este blog não se rala nada em se repetir, é feito do que me vem à cabeça e muitas vezes repetem-se as mesmas ideias). Pode ser um exercício de vaidade, uma tentativa de projecção, uma forma de intervenção, um local para ensaios literários, uma galeria de fotografias, sei lá eu que mais. Pode ser, também, um cantinho onde nos buscamos a nós próprios, onde damos murros (às vezes a nós próprios), onde fazemos uma catarse que se calhar deveria ser privada, mas para a qual sabe muito bem ter feedback. Este último é, naturalmente, o tipo de blog em que o Um pouco mais de azul se inclui. Blogzito sem pretensões nenhumas, apenas meu, apenas porque sim. E que me tem proporcionado muitas coisas bonitas, que têm ultrapassado a internet e tornado a minha vida mais rica, mais risonha e azul (notazinha à margem que ninguém precisa de ler: a minha capacidade para esquecer, ou pelo menos desvalorizar, o menos bom é fantástica).
É por isso que eu sinto orgulho nas tais 60 000 visitas. Porque a larguíssima maioria delas corresponde não a visitantes ocasionais, mas a pessoas que por aqui passam com grande frequência, muitas todos os dias. Pessoas que nunca me deixaram comentários desagradáveis, pelo contrário: antes me animaram, fizeram sorrir, demonstraram uma simpatia e um carinho que me aquecem o coração de um modo que é difícil expressar. Pessoas que, num número crescente, têm deixado de ser perfeitas desconhecidas e ganham um rosto, um sorriso. E que bom é ver ou, pelo menos, sentir esses sorrisos!
Já devem ter reparado, ao longo das centenas de posts que por aqui tenho deixado, que sorrir é algo muito importante para mim. É uma arma de que uso e abuso, uma forma de estar na vida. Foi a minha maneira de vencer a timidez imensa da minha infância e adolescência. Valorizo imenso um sorriso. E sinto que quem por aqui passa (pelo menos quem deixa vestígios dessa passagem, sejam eles comentários, mails ou outros) sorri. É o melhor feedback que eu podia receber.

domingo, maio 29, 2005

A vida é um milagre



O filme do dia, enquanto fazia tricot. Uma bela forma de terminar um fim-de-semana muito especial. Belíssimo, aliás. E que de alguma forma fez jus ao título do filme.

sexta-feira, maio 27, 2005

Olha...

... não escrevi nada aqui nem ontem, nem hoje!
Não faz mal, também não tinha nada de importante para dizer. Bom fim-de-semana!

quinta-feira, maio 26, 2005

Um livro, um blog

Tenho um livro aqui ao meu lado. Tem uma capa preta com letras brancas, muito bonita. Chama-se As Ruínas Circulares, e o seu autor tem por nome João Pedro da Costa. É o primeiro livro nascido de um blog que compro. Não podia falhar. Nem a curiosidade ser maior.
Mal o vi na caixa do correio (e com que rapidez ele chegou, via loja do Paulo Querido), não o larguei. Vi-o página a página, li-o na diagonal, ávida de encontrar certos textos que especialmente me marcaram, encantada com as imagens que o ilustram. Voltei a dar gargalhadas com alguns posts. Acima de tudo, ouvi os ecos de todos os comentários e dos risos, os que efectivamente ri e os que senti que os outros comentadores riram também. Recordei barrigadas de humor, momentos em que tive mesmo dores de barriga por causa de tanta gargalhada (não, não estou a exagerar). A exposição dos coelhos suicidas (estamos lá todos!). O jacarandá (desacompanhado da rave-party que em seu redor aconteceu, fica tão solitário...). Tudo o que você sempre quis saber sobre o Xau Silvestre (nunca olho para uma prateleira de detergentes em que esteja o Xau sem sorrir feita pateta). As fantásticas t-shirts que o João ofereceu a tantos bloggers (um dia tenho de mandar fazer a minha, em duas versões - adulto e criança). Os belíssimos contos, mini-contos e poemas (recordo especialmente os versos lindos sobre as maçãs que desafiam a lei da gravidade e, em lugar de cairem ao chão, caem sobre quem mais amamos - por falar nisso, João, lembras-te de um certo pedido meu?).
Não sei se a passagem de blogs a livros é o caminho mais acertado, se cada um não devia permanecer no suporte para o qual foi concebido. Sobretudo no caso dos blogs onde a interactividade com os leitores é muito grande, como é o caso deste. As Ruínas Circulares não são o exemplo que me permitirá fazer tal juízo. Conheço demasiado bem o blog. Participei com demasiada intensidade nele, dia após dia, para conseguir ler o livro sem, como acima disse, ouvir os ecos de quanto se passou nos "bastidores" daqueles textos. Acho que vou imprimir os comentários de todos os posts editados e guardá-los ao pé dos textos. O livro vai ficar deformado com tantas folhas, mas paciência. Não sou capaz de desligar livro e blog. E, por isso, de recordar os melhores tempos vividos na minha blogosfera, aos quais As Ruínas estão indissoluvelmente ligadas.
Este livro vai ter um lugar especial na minha estante, depois de devidamente autografado pelo autor, claro está. O lugar que o blog (e não só o blog) ocupa nos meus afectos. Muitos parabéns, João!

quarta-feira, maio 25, 2005

Fazendo contas à vida

Pois. Belas notícias. Estou para ver como fica a minha vidinha. Já agora é um sufoco a chegada ao fim do mês. Estes dois últimos meses, então, foram um somar de despesas que nem digo nada...
Dormir ainda não paga impostos. Vou ver se durmo e se sonho com uma maneira de aumentar o meu orçamento familiar. Hoje a minha filha, sei lá a que propósito, achou que seria óptimo fazer sobremesas para fora (lembram-se de cada uma, as crianças!). Começo a pensar que devia mesmo pensar em qualquer coisa assim. Aceitam-se sugestões.

terça-feira, maio 24, 2005

Pensando...

Quantas vezes as palavras duras, cruas, cheias de raiva escondem, tão somente, o amor, a desilusão e as lágrimas de quem as profere? Quantas vezes é a nossa armadura feita, antes de mais, de palavras, sem a protecção das quais nos sentiríamos totalmente vulneráveis à dor?

segunda-feira, maio 23, 2005

Picos

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Porque são um dos caminhos para o azul. O azul a que aspiro.
Releio o que escrevi no início deste blog, explicando-lhe o título:
"Quase" é também o nome do poema de que extraí o verso que deu origem ao nome de um blog que, mais do que isso, é um lema de vida. E juro, de novo: vou ser brasa, vou ser além, não me contento com menos do que isso. Não vou deixar que me falte o golpe de asa. Não me ficarei pelo "quase". Nem que dê (mais vezes) com a cabeça na parede, eu chego lá. Ao topo. Não ao topo da fama, do dinheiro, do sucesso. Mas ao topo do que eu posso ser, dar, ter na minha vida.

(E agora bastava assinar para isto se tornar um compromisso feito perante testemunhas - os meus leitores. Mas a minha assinatura, o meu verdadeiro nome, não interessa. Sou aqui quem sou em todo o lado, use o nome que usar. Para o bem e para o mal, não sei ser outra pessoa.)

A um Amigo

Não se passa impunemente mais de um ano na blogosfera. Conhecem-se (pelos menos por escrito) outros bloggers, travam-se conversas e até discussões, dialoga-se mais em privado, criam-se empatias, sintonias, simpatias e outras palavras que se podem traduzir por uma só: laços, como aqueles de que a raposa do Principezinho falava. Desses laços nascem mesmo verdadeiras e sólidas amizades, por mais estranho que tal possa parecer a quem chega a este "outro mundo". Eu acreditaria, quando comecei a escrever aqui, que tal seria possível? Não. Mas provaram-me que era, que é possível.
Uma das pessoas que melhor me tem mostrado a verdade do que acabo de dizer escreve sob o nome de Cap. É conhecido por dizer muito com poucas, e quantas vezes enigmáticas, palavras; bonitas e bem ilustradas, ainda para mais; sensatas e generosas também.
O Cap tornou-se meu padrinho ao "baptizar-me" com o nick que hoje uso para me identificar. Tornou-se meu Amigo (assim, com maiúscula, não é qualquer engano) por muitas outras razões. Amigo para além dos blogs, dos monitores de computadores ou das distâncias físicas. Amigo a sério, daqueles de quem me orgulho de poder contar entre os que me são caros e queridos.
Este meu Amigo faz anos hoje. E eu estou aqui para lhe dar os parabéns, e desejar um dia de anos muito bom e, sobretudo, uma vida longa e feliz. Porque ele merece. Parabéns, Cap!

Momentos para guardar

Tem menos um palmo de altura do que eu. Calça 35 e eu 36. Quase não me cabe no colo. Torna-se cada vez mais evidente que, em lugar de uma criança, tenho uma filha pré-adolescente. No entanto... razão têm os alemães, que chamam sempre aos filhos Kinder, tenham eles a idade que tiverem.
Quando lhe disse que eram horas de se ir deitar, chamei-lhe, nem sei porquê, bebé; riu-se: "Já não sou bebé, mãe!". Há bocado, ouvi um "Mãe!" O meu não-bebé precisava de me dizer uma coisa, de me abraçar e sentir ao lado dela. Encostei-a a mim, fiz-lhe festas suaves na cara e no cabelo, cantei-lhe a canção de embalar que há mais de dez anos se tornou minha, depois de ter povoado o adormecer da minha meninice. E senti que, apesar do tamanho e da idade, ela é, de facto, e sempre, mein Kind, tal como no dia em que nasceu.
E de novo, como todos os dias, dou graças a Deus por ser mãe, mãe desta filha. E peço-Lhe que as minhas carícias e a minha voz trauteando velhas melodias sejam capazes de a acalmar e de a fazer sentir aconchegada e querida por muitos e muitos anos. Nunca fui de grandes orações, a minha fé anda pelas ruas da amargura, ou pelo menos a minha adesão à Igreja em que fui educada. Mas esta oração sai-me todos os dias dos lábios ou do pensamento, desde que a minha filha nasceu.

domingo, maio 22, 2005

Dunas em tons de azul

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sábado, maio 21, 2005

Prazeres da vida

Nadar. Brincar na água. Ficar preguiçosamente a boiar sem pensar em nada. Partilhar momentos aquáticos com a minha filha. Um novo prazer na minha vida.
Há muitos meses atrás (não me peçam o link, sei lá quando foi), perguntava aqui há quanto tempo não era eu a prioridade de alguém. A questão estava mal formulada: há quanto tempo não era eu a minha própria prioridade seria a pergunta mais correcta. E a resposta é: agora, finalmente, sou. E sabe bem!

Lucidez

Há dias (ou noites, mais apropriadamente no presente momento) em que me sinto lúcida. Como quando olhamos ao longe e vemos a linha do horizonte claramente definida, sem névoas. Sabe bem estar assim.

sexta-feira, maio 20, 2005

Estou cá com uma vontade... O

(aviso à filha: isto não é para tu leres, meu amor, é conversa de gente adulta)

... de botar faladura sobre um tema acerca do qual me confesso mal informada. No entanto, tendo em conta o que li aqui, aqui e aqui, mais a petição que por aí corre, fico com vontade de escrevinhar umas coisas, que é como quem diz alinhavar ideias a ver se vejo mais claro num assunto delicado e que tanto me importa, como mãe que sou.
Refiro-me, é claro, à polémica que corre sobre supostos manuais de Educação Sexual para as escolas. Fala-se sobretudo, tanto quanto sei, da escola primária e do 2º ciclo, no qual a minha filha ingressa daqui a uns meses. E confesso, não tenho qualquer vontade que ela tenha actividades na escola do tipo "pinta no desenho as partes do corpo em que gostas de tocar" ou "faz um placard com os diversos nomes existentes para os órgãos sexuais", ou que algum professor lhe pergunte se ela se costuma masturbar e onde é que o faz. Sim, estas são algumas das actividades e questões propostas por não sei que mentes iluminadas imbecis para uma disciplina de Educação Sexual. Mas agora já se diz por aí que isso é tudo um exagero, uma mentira, protestos empolados de associações pró-vida.
Ora deixem-me cá raciocinar sobre tudo isto. E antes de mais, se há que pôr rótulos e separar as pessoas entre pretos e brancos, então eu sou pró-vida (não sei é se isso é ser preto ou branco, mas também não interessa). Não me identifico, no entanto, com disparates fundamentalistas, e acho que, para ser coerente com o meu não ao aborto como princípio básico (por respeito para com uma vida que não pertence à mãe, apesar de no seu seio se desenvolver - e não vale a pena entrar em polémicas quanto a isto, não é sobre o aborto que estou a escrever), tenho de fazer o meu melhor por que haja uma sexualidade responsável. O que implica, entre outras coisas, um claro sim à educação sexual nas escolas, para além da que for dada em família.
E isto porque sei que muitos pais continuam a assobiar para o ar e não falam com os filhos sobre assuntos que a eles, antes de mais, caberia esclarecer. Já agora, aproveito para dizer que pertenço àquele vasto grupo de pessoas da minha geração que nunca perguntou nada aos pais, e a quem estes muito pouco disseram sobre o tema; havia um pudor idiota em falar dessas coisas, um verdadeiro tabu. Ainda me lembro do ar embaraçado da minha mãe ao tentar explicar-me melhor o que eu aprendera já nas aulas de ciências sobre a reprodução humana (a única coisa que me explicou direitinho foi acerca da menstruação - pudera, eu tinha de estar preparada para isso! Mas o meu pai nunca, nem ao de leve, aflorou tal assunto). Com o meu pai, acho que o mais próximo de uma conversa séria neste campo se deu quando, já bem crescida, lhe participei que ia passar um fim-de-semana com o meu namorado. Recordo também o ar incomodado de ambos quando perceberam que eu ia de férias sozinha com o meu quase-marido, um mês antes de nos casarmos (um mês depois já não teria qualquer problema, claro).
Por isso, e pela deficiente preparação de muitos pais, não será mau que os garotos aprendam certas coisas fora de casa - mas de uma forma séria e responsável. A minha grande dúvida é se a escola será capaz de dar essa formação de modo sério e responsável. Não quero um cretino apoiado num programa idiota a ensinar (ou pseudo-ensinar) coisas tão importantes como as relacionadas com a sexualidade à minha filha. Graças a Deus, ela conta com uma mãe que lhe explica o melhor possível, e com o bom senso e a sensibilidade que o instinto maternal inspira, as chamadas "verdades da vida". Verdades mesmo, não meias-palavras ditas com vergonha. Ela sabe que me pode perguntar tudo o que quiser, que eu, na medida do que souber e for capaz, respondo com franqueza. Por mais embaraços que me possa provocar a resposta, explico-lhe o que ela quer saber; é minha obrigação, é a forma que tenho de a ajudar a que, um dia, saiba agir com consciência, responsabilidade e naturalidade.
Mas voltemos à escola e às minhas dúvidas de ignorante sobre o que, afinal, se prepara. Vai haver mesmo uma disciplina só de Educação Sexual? Se for uma disciplina específica, ela existirá do 5º ao 12º ano? E será uma disciplina sobre o assunto com carácter idêntico à de todas as outras? Nela reprova-se ou passa-se? Ouso pensar que os garotos vão ficar fartos de sexo antes ainda de o praticarem... Por outro lado, a avaliar pelos temas que têm surgido nos blogs e notícias a este propósito, e que estiveram na base da polémica, imagino testes com perguntas como: "O que entendes por masturbação?" (e sai definição, assim como a de um círculo ou um quadrado). "Achas que a masturbação é uma prática saudável?" (e os coitaditos que ainda não sentirem "apetites auto-exploratórios" vão-se sentir culpados ou anormaizinhos). "Diz cinco nomes usados para designar o órgão sexual masculino" (maravilha, é uma oportunidade única de escrever asneiredo do piorio numa prova de avaliação).
Enfim, escrevi tudo isto e não concluí nada. Formulo apenas um voto: de que, por uma vez (uma vezinha que seja), impere o bom senso no Ministério da Educação. É que esta matéria não é propriamente como a fotossíntese ou o teorema de Pitágoras. Não quero só informação, e eventualmente, ainda por cima, desadequada ou mal ministrada - quero formação, de boa qualidade. Sabendo de antemão que neste campo da sexualidade, mais ainda do que em muitos outros, cabe aos pais estar atentos e abertos às dúvidas e indagações dos filhos. É bem mais importante do que as notas a Matemática.

quinta-feira, maio 19, 2005

Desenhos


umpoucomaisdeazul

Desenho feito no random-art. Link descoberto através da Sofia.

O resultado é totalmente diferente se o nome do blog for escrito com as palavras separadas umas das outras. Fica assim:


um pouco mais de azul

Pouco azul. Prefiro o desenho de cima, carregado de azul brilhante!

Segredos

Às vezes, damos com blogs com que nos encantamos. Sim, eu sei que há uns dois posts atrás escrevi acerca do meu enjoo relativamente a blogs, mas é um enjoo intermitente, que me conduz, por vezes, a paragens diferentes das habituais.
Foi assim que encontrei um blog novo. Não faço ideia quem o escreve (mas escreve bem), não tem sequer espaço para comentários, o que até se compreende, dada a natureza dos textos. Sei apenas que me dá imenso prazer lê-lo e imaginar quem está por detrás dele - acho que vou criar (se não escrever) todo um romance em torno do assunto. Mas este vai ser um prazer egoísta (além de palerma): não conto a ninguém de que blog se trata. Nem o linko. É um segredo meu.

(Que post mais idiota... Que se lixe. Isto é meu, escrevo o que me dá na veneta. A liberdade é uma das coisas que mais gosto no mundo dos blogs.)

Frases soltas

Too blue to be true.

Caça-fantasmas

Andam fantasmas por aí. Acho que já uma vez qualquer escrevi sobre isso, mas ninguém se deve lembrar (eu, que escrevi, mal me recordo). E os fantasmas continuam à solta. Ou regressaram.
É uma chatice, isto de ter uma casa assombrada. Os fantasmas gostam de se esconder onde não os esperamos, e saltam-nos em cima ao abrir um armário, ao arrumar uma estante, ao entrar numa divisão. Até ao abrir a arca-congeladora. Também gostam muito de aparecer, de repente, debaixo da cama. A cama, aliás, é um dos locais mais apreciados pelos fantasmas. Às vezes até se deitam ao nosso lado, e insistem em passar a noite sussurrando-nos ao ouvido ou tocando-nos com os seus dedos frios.
Caças-fantasmas, precisam-se.


quarta-feira, maio 18, 2005

Sem título (2)

Acho que este blog vai entrar de novo em crise existencial. O saco de boxe de que necessito não está já aqui, parece-me. Está no que quero fazer longe do computador. No retomar a vida no ponto onde a deixei, à espera, há anos. Claro que entretanto vivi, claro que o ponto não é o mesmo. Mas há uma encruzilhada onde fui forçada a manter-me, por circunstâncias várias. E agora é tempo de retomar o caminho. Já o teria feito se certos percalços não me tivessem impedido de, mais cedo, prosseguir viagem. E agora sinto que tenho de o fazer.
O que sinto deve ser um pouco semelhante ao que sente um fumador que se farta do tabaco. Continua preso ao vício, mas acaba por deitar fora o cigarro a meio, porque já não lhe dá prazer. Eu continuo agarrada ao blog, aos blogs - mas o prazer que daqui tiro é menor, e a vontade de desabafar / rir / brincar aqui é suplantada pela vontade de fazer tudo isso longe daqui. Até pode ser exactamente com as mesmas pessoas, mas não aqui.
Deixei de ter paciência para procurar imagens para colocar no blog. Ou para andar em busca de um poema, de uma música. Já nem tudo se transforma, na minha cabeça, em post; ou, dito de outra forma, já quase não faço posts mentais. Comento muito menos, mesmo nos blogs que prefiro e onde era assídua comentadora. Por nenhuma razão em especial: apenas porque não me apetece.
Espero que ninguém leve a mal a franqueza do que estou a escrever - de novo escrevo mais para mim do que para quem me lê. E não é por estar virada para o meu umbigo, bem pelo contrário. Talvez seja, isso sim, por estar muito mais aberta ao exterior. Com vontade de VIVER.

terça-feira, maio 17, 2005

Sem título

Abro o blogger sem saber o que vou escrever. Apenas sei que me apetece escrever, alimentar este "bicho" azul. Mas não tenho nenhuma ideia sobre o que vou dizer.
Não me apetece falar acerca da minha última distracção (saí de casa com sapatos diferentes, felizmente reparei nisso ao olhar para o espelho do elevador). Não me apetece falar de nada, afinal. Vou deixando as palavras alinhar-se umas a seguir às outras. Ao sabor dos dedos e das teclas, sem rumo. Como se olhasse as gaivotas no céu e deixasse o meu pensamento segui-las, despreocupadamente, sem saber para onde.
Apetecia-me ter o mar ao meu lado. Poder ir passear perto dele ao final do dia. Encher os pulmões de cheiro a maresia. E depois voltar para casa, ver um filme, ler um livro, ouvir música... e de seguida adormecer em paz, num sono reparador e tranquilo como o de uma criança.
Há em mim um profundo desejo de equilíbrio e de paz.

segunda-feira, maio 16, 2005

Depois do último post, é de justiça dizer

Vivam as Lojas do Cidadão.
Presumo que haja uma preparação especial que transforma os mal-educados funcionários de tanto serviço de atendimento público em pessoas atenciosas e delicadas. Ou então é milagre.

Merda para a burocracia

Nunca se casem. Nunca comprem casas a meias com alguém. Evitem ao máximo tudo o que implica registos e papeladas.
Apetece-me dar um tiro a quem inventou IMI, IMT e o raio que parta de impostos e trapalhadas burocráticas. Ainda por cima, tratadas nas nossas primorosas repartições de finanças.
Xiça, que vontade de ir viver para uma ilha deserta, onde ainda não tenham inventado esta merda toda. Felizes os homens pré-históricos.

domingo, maio 15, 2005

Mar

Mar forte, batido, cheio de ondas carregadas de espuma que se deposita na areia, na pele, nos cabelos. O cheiro intenso da maresia. A areia fina fazendo barulho sob os nossos passos.
Cabelos ensarilhados pelo vento. Pés molhados. Risos. Lá em cima, por entre as nuvens, as gaivotas voam, indiferentes à nossa presença. O meu pensamento voa sempre com elas.
O mar faz-me bem. Reconcilia-me com o mundo. Reconcilia-me comigo mesma. Dá-me paz.

Um delicioso ralhete

"Nunca tinha visto um adulto entornar alguma coisa", diz a pequenina dona de uns imensos olhos lindos, ao ver a minha arte de deitar chá pela mesa fora ao encher a chávena.
Daí a pouco, viu muito mais: eu erguendo na mão uma chávena de chá sem fundo, e o chá todo a escorrer. Depois, uma data de guardanapos de papel encharcados a tentar evitar maiores danos e inundações.
A minha reputação como adulta deve ter ficado de rastos perante aqueles olhos imensos. Se calhar foi isso que me valeu, à despedida, uma corrida para me dar mais um beijo, grande e sonoro como só as crianças sabem dar.

A desoras

Um livro: Daniel Mason, O afinador de pianos.
Uma música: Pascal Comelade, Your eyes like Juan Gris Cubist Guitars.

Em jeito de balanço

Olhando para os últimos dias, verifico que foram dias azuis. Marcados por uma amizade cada vez mais sólida e preciosa. Por um trabalho que me dá sempre prazer. Por encontros e reencontros. Por sorrisos bonitos. Por olhares transparentes de crianças felizes. Por vistas deslumbrantes numa cidade linda. Por cumplicidades expressas em palavras e no silêncio. Por um dos mais sinceros, espontâneos e saborosos abraços da minha vida.

sábado, maio 14, 2005

De comboio

De comboio pelo Ribatejo. Papoilas e mais papoilas, ora formando manchas rubras por entre os campos dourados, ora bordejando a estrada. Noutros locais, campainhas amarelas misturadas com alfazema roxa, em tufos cerrados.
Lembrei-me dos meus tempos de menina e de dançar na escola ao som de "As papoilas encarnadas, encarnadas / a brilhar entre os trigais / são tão lindas, delicadas / como as rosas dos rosais". Sempre que vejo papoilas, lembro-me da cantiga, das vozes infantis, e esta é das poucas recordações vívidas que conservo dos dois primeiros anos da escola primária. Essa, e jogar aos altos e aos baixos e aos polícias e ladrões, e correr para o escorrega nos intervalos, fazer equilibrismo numa tira estreitinha de tijolos que demarcava o jardim, pendurar-me nos ramos baixos da única árvore do recreio. Lembro-me também de me porem água oxigenada num joelho ferido, e de chorar a valer com a dor e a falta que me fazia, nesse momento, o carinho da minha mãe.

Noutra vida

Ontem passei por onde, noutra vida, me ofereceram uma rosa. Com ela, uma declaração de amor e uma promessa de felicidade. Noutra vida, claro.

quarta-feira, maio 11, 2005

Citação

Por vezes, acontece encontrarmos frases noutros blogs que lamentamos não terem sido escritas por nós, porque as subscrevemos na íntegra, já que revelam exactamente o que pensamos. Assim sucedeu hoje, ao abrir o Charquinho. Com a devida vénia, aqui vai a citação:

"Às vezes as pessoas surpreendem-me. Às vezes não. Existem formas de identificar nos outros as hesitações que contrariam a sua vontade expressa, aquilo em que apenas anseiam acreditar.
Mas não acreditam de facto, pois não arriscam. Os riscos que corremos são uma bitola para avaliar a força das nossas convicções. E das nossas paixões. Se não arriscamos, é porque não acreditamos nas hipóteses de sucesso da nossa empreitada ou não confiamos nas certezas apregoadas na primeira pessoa."

Diálogo ao deitar

- Mãe, hoje apetecia-me dormir de maneira diferente.
- De maneira diferente como? Com os pés na cabeceira da cama?
- Não, de maneira diferente... No saco-cama, por exemplo.
- Queres que ponha o saco-cama em cima da tua cama?
- Não, tem de ser diferente. Com o saco-cama num colchão no chão.
- Mas, filha, não temos nenhum colchão para colocar aqui!
- Podiam ser as almofadas do sofá...
Fui buscar as almofadas do sofá, onde ela estivera antes e tinha, decerto, tido a ideia da noite diferente.
Estão as almofadas no chão, o saco-cama por cima, uma menina dentro dele, prontinha para dormir.
- Mãe!
- O que é, filha?
- Não estou confortável... Acho que preferia ir dormir com o saco-cama para cima da cama.
E foi. Daí a pouco:
- Mãe!
- Ainda não estás a dormir? O que se passa?
- Acho que prefiro dormir dentro dos lençóis como de costume, é muito melhor.
E assim acabou a noite diferente. Não há como aprender à própria custa. E eu sorri, de novo abençoando o dia em que me tornei mãe da minha filha.

terça-feira, maio 10, 2005

Porque mereço ser membro da APADEDICA*

Tarde da noite, cabeça em água. Preparo-me para me ir deitar. Chego à casa de banho, lembro-me de ir lavar a caixa das lentes de contacto. Só depois de a colocar debaixo da água corrente me vem à cabeça um pequeno pormenor: as lentes estavam dentro da caixa. Uma, miraculosamente, repousava na beirinha do ralo. Da outra, nem sinais.
Em quase estado de desespero e histeria, tento olhar para dentro do ralo. Mesmo pensando que a lente já devia ir no Mondego, resolvo desmontar o lavatório. Às duas e tal da manhã, estava eu a esfregar cuidadosamente, com a ponta dos meus dedos e ar enojado, a porcaria toda que se acumulara sob o ralo do cano. Não encontrei lente nenhuma, e aprendi que sei desmontar o cano do lavatório, mas não voltar a montá-lo sem que ficasse a deitar água por fora.
Digam lá se não sou uma digna membra da referida Associação. Até devia receber como prémio o dinheiro que a lente me vai custar! (será que pega?)

*Associação para a defesa dos distraídos do caraças (acho eu, que nunca sei o nome; mas ao menos já não troco as letras da sigla, ainda há esperança para mim).

Pequenas mudanças

Não mudo o template, que sou muito conservadora nessas coisas. Mudo apenas o nome com que assino. Fui baptizada, aqui na net, com um diminutivo de Azul. Daqui para a frente, é como Zu que assino os posts. Segue com esta mudança um grande, grande abraço para o melhor dos padrinhos que se pode ter. Não faço links: a amizade não precisa de ser linkada, apenas sentida e cultivada.

Pensando e repensando (parte 2)

Ora bem. Há já algumas semanas que mal escrevo nesta coisa. Não fechei na altura o blog, apenas o deixei suspenso. Acho que o desgraçado já está em levitação há demasiado tempo. Não sei se vou escrever muito aqui. Não sei durante quantos meses mais. Queria, como afirmei então, afastar-me, por vezes é precisa a distância. Continuo a querer uma maior distância. Mas, agora, tenho vontade de escrever. E como o lema desta coisa foi sempre "O meu blog. Porque me apetece", não tenho de me justificar: está por si justificado o regresso.
Não é bem a mesma Azul (alguma vez confessei que acho que o nick 1poucomais passou a ser bastante idiota, a partir do momento em que comecei a ser lida e me tornei não direi alguém com rosto, mas alguém com um determinado perfil na blogosfera, e que nunca o troquei apenas por fidelidade aos primórdios do blog? cada um tem as suas manias, que se há-de fazer). Mas estou-me a desviar do que dizia. Dizia eu, repito, que não é bem a mesma Azul que vai aqui aparecer. Esta, vá-se lá saber porquê, tem menos tento na língua. Não se admirem, pois, com uma linguagem mais, como direi... vernacular; ou solta; ou descuidada do que o habitual. É que é assim que me apetece.
E já é tarde, já escrevi muito e vou é dormir. Boa noite!

segunda-feira, maio 09, 2005

Pesquisas

De vez em quando olho para as pesquisas que trazem leitores a este blog. As de hoje são fantásticas. Da literatura ao erotismo, de frases maternais a questões metafísicas, da história às histórias cor-de-rosa das princesas dos nossos dias, há de tudo um pouco, incluindo música, culinária e informática. Ora vejam:

- "fazer cópia procurar filme música dvd cd mp3 videoclip" (e perguntam-me a mim...)
- "só um pouco mais de azul+música" (há música com este nome?)
- "Cesário Verde - orientações temáticas" (é mesmo disto que eu costumo falar aqui)
- "resumo+os desastres de Sofia" (desse livro falei aqui, mas nunca o resumi)
- "poemas queima das fitas" (não há por cá)
- "mar é salgado porque", seguido de "o mar é salgado?" e insistindo com "um pequeno texto que diz porque o mar é salgado sobre porque o mar é salgado?" (a pesquisa que prefiro no campo literário)
- "revolução russa" (a pesquisa histórica)
- "frase de mãe" (disso encontram em barda)
- "torta infantil com figura de Snoopy" (não sei fazer)
- "Letizia+Filipe+gravidez" (lá o meu blog é uma revista cor-de-rosa?)

A pesquisa que mais me divertiu foi esta:
- "desenhos animados eróticos com tentáculos" (com tentáculos??????)

E mais esta pérola, verdadeira coroa de glória para um blog com o nome inspirado no poema de Sá-Carneiro:
- "azul merda".

domingo, maio 08, 2005

Era uma vez

Era uma vez um rio. De águas cantantes e límpidas, correndo por entre árvores, no meio da serra. E era uma vez uma casa junto ao rio. Nessa casa, reniu-se um grupo de amigos. Todos diferentes, unidos por uma empatia especial. Ao som do rio sobrepuseram-se muitos outros sons: vozes, risos, música. Depois todos regressaram às suas casas. Permaneceu, contudo, no rio e na alma dos que lá estiveram, o cantar das águas correntes, ecoando o silêncio cúmplice dos laços que unem quem ali se juntou.

sexta-feira, maio 06, 2005

Amora

Ao ajudar a minha filha a fazer uma pesquisa sobre amoras, descobri a letra desta música brasileira, uma música que penso ter feito parte da banda sonora de uma telenovela já antiga, daquelas de quando eu era adolescente. A letra lembrou-me a melodia, doce, bonita. Não sei se mais alguém se lembra; fica aqui para recordar.

Amora

Depois da curva da estrada
Tem um pé de araçá
Sinto vir água nos olhos
Toda vez que passo lá
Sinto o coração fechado
Cansado de solidão
Penso que deve ser doce
A fruta do coração

Vou contar para o seu pai
Que você namora
Vou contar pra sua mãe
Que você me ignora
Vou pintar a minha boca
Do vermelho da amora
Que nasce lá no quintal
Da casa onde você mora

(Renato Teixeira)

quarta-feira, maio 04, 2005

O meu olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro

domingo, maio 01, 2005

Dia da Mãe


Boa noite, em tons de azul

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E que esta foto (cujo autor desconheço) vos faça sentir tanta paz, tanto sossego, como a mim. Bons sonhos!


 
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