Um pouco mais de azul

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Auschwitz



Imagens semelhantes a esta devem hoje aparecer em vários sites da net, e ser mostradas na televisão. Pela minha parte, gostaria de aqui colocar outras, mas tendo em conta que a minha filha aqui vem, não o faço. Essas fotos serão vistas comigo, com uma explicação que só ao tomar contacto com o Diário de Anne Frank começou a ser dada. Fica aqui apenas o portão do campo e a sua cínica afirmação: "Arbeit macht frei". Prendem-se os homens, o trabalho o libertará.
Faz hoje 60 anos que o campo de concentração mais conhecido do nazismo abriu as suas portas e mostrou o horror de que os homens são capazes. Muitos outros campos de concentração existiram e, infelizmente, existem. Mas o que é terrível no plano de extermínio nazi, na solução final encontrada para judeus e todos quantos eram considerados "Untermenschen", é a eficiência na eliminação, o planear a sua morte, a capacidade de explorar tudo, tudo, num ser humano, tanto vivo como morto.
É um arrepio entrar, ainda hoje, num campo de concentração. Aos 16 anos, fui a Dachau. E não sou capaz de relatar o que ali senti; nem mesmo sei se consegui sentir, tal a intensidade do choque, tal o poder da sugestão que parece fazer com que continue a cheirar a carne queimada, tais as imagens, tal a vontade de fugir de um tal sítio que parece ter ficado para sempre amaldiçoado.
Em Dachau, uma das coisas que mais me marcou foi o monumento de memória a quem ali morreu. Aqui o deixo. Para memória futura. Porque isto não é para esquecer, nunca. "Nie wieder", dizem os monumentos. Cabe a cada um de nós impedir que a curta memória humana não esqueça o que isto foi e não permita que aconteça, nunca mais.



 
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