Um pouco mais de azul

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A propósito de doenças

Ontem à noite, conversando com uma amiga sobre o facto de a minha filha estar doente, e se eu sabia o que devia fazer, dei-me conta que passei a entender de achaques infantis há quase dez anos. De facto, desde aquele primeiro supositório de paracetamol partido ao meio, porque ela era muito pequenina e só podia tomar metade da dose, até hoje, passando por muitas otites, amigdalites, faringites, adenoidites, gastroenterites e outros tantos vírus nunca identificados que em três dias desapareceram, quantas horas foram passadas velando pela minha filha, quantas noites me levantei a desoras para ir ver a febre, dar o remédio, ou simplesmente escutar se a respiração estava regular, quantas vezes dividi a noite com o pai dela para assegurar que havia sempre um atento e que acordasse à hora do antibiótico.
Dez anos. E a mesma vontade de estar eu doente em lugar dela, de tossir no seu lugar, de engolir com dificuldade em vez dela. E a mesma certeza de que o carinho e a segurança de estar com quem mais ama fazem tão bem como outros remédios. O colinho, os beijos, a mão dada, a voz meiga são medicamentos indispensáveis.
Hoje, os momentos em que esteve mais bem disposta foram passados a brincar com o pai, que a veio ver. E depois aqueles em que, armada de almofadas, uma manta e um livro, se instalou aqui ao meu lado.
Deve ser por causa de todos estes "remédios" que, creio, guardamos de um modo geral boas recordações das nossas doenças infantis. São tempos de mimos, para além da febre, das dores e das preocupações dos pais.
E é engraçado: ainda recordo, perfeitamente, o sabor do comprimido cor-de-rosa, Aspinfantil, que a minha mãe me dava, esmagado, para baixar a febre.


 
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