E como ia dizendo...
Há alturas complicadas, sim. Esta é uma delas. Aqui em baixo ficou o desabafo, a quente, de uma das muitas ocasiões em que ser mãe sozinha custou. O blog, já o disse há muito, serve-me em boa medida para isto. Para dizer sem ter de dizer a ninguém. Para desabafar sem agarrar no telefone e sem recorrer ao ombro de ninguém.
No entanto, vários ombros, uns silenciosos, outros de viva voz, me chegaram, sem eu os pedir. E é por isso que fico de nó na garganta neste momento - são os laços, os afectos, a empatia, essas coisas todas de que já aqui (e não só) muito se falou nos últimos tempos. Só consigo dizer-vos, a todos e a cada um: muito obrigada por esse carinho.
É claro que eu tenho perfeita consciência de que sou, forçosamente, a má da fita. Como nos comentários foi dito, somos nós, as mães sozinhas, que metemos os filhos na cama a horas, os aturamos no dia-a-dia, lhes incutimos disciplina, os obrigamos a 1001 coisas. Aos pais divorciados cabe em geral o papel agradável de deixar fazer o que apetecer, de gozar a presença dos filhos, mas não o de disciplinar. Nós, por via de regra, é que pagamos as favas.
Acresce, no presente caso, que o pai da Miosótis não é um exemplo de pai a seguir; não o era vivendo sob o mesmo tecto, não o é agora - muito menos o é agora. E é óbvio que isso provoca um desequilíbrio que tomba, logicamente, para o pilar com quem ela verdadeiramente conta: eu. Que recebo o melhor, mas também o pior (como sucedeu esta manhã).
Hoje, recordei à minha filha uma história que já lhe tinha contado, uma espécie de parábola, que um dia recebi por mail e tem precisamente a ver com as consequências dos nossos actos, mesmo quando somos pequenos e "não fazemos por mal". Se bem me recordo (ai, esta memória!), um pai, cansado de ver o filho a ser agressivo, refilão, a responder torto, mandou-o pregar um prego numa tábua a cada vez que agisse assim. O filho fê-lo. No final, os pregos representavam todos esses momentos em que ele tinha sido desagradável para com os outros. O filho olhou incomodado. Retiraram os pregos - podiam ser tirados, que alívio, era o perdão. Mas o que o perdão não tirava eram os buracos deixados na madeira pelos pregos...
Sei que a minha filha percebeu a história. Sei que uma parte das suas farronquices é orgulho, e até o orgulho de não querer chorar - de algum modo, também ela está em busca do seu equilíbrio, neste crescer que nunca é fácil e pode ser mais complicado quando pai e mãe não estão juntos e não colaboram verdadeiramente um com o outro. Sei, também, que hoje, em especial, a minha filha viu bem os buracos deixados na madeira pelas suas atitudes e se arrependeu do que fez.
Claro que vai haver muitas outras ocasiões em que me desafiará e porá em causa a minha autoridade. E eu não o vou sentir tão profundamente ou reagir de forma tão emotiva. Mas esta altura é especialmente complicada para mim. Se o pai dela fosse outro, chamava a ele os cuidados com a filha de modo a eu ter a paz necessária para terminar a tese, aproveitando, ainda por cima, para estar mais tempo com ela. Mas o pai dela é como é, e por esse motivo estamos separados, e por isso qualquer reconciliação é impossível. E por isso, também, é sobre mim que recai todo o peso. Não me queixo do peso, note-se - nunca a minha filha me pesará. Queixo-me de ser injusto que ele caia todo sobre mim, o que é diferente; mas arco com ele com todo o gosto.
Mas esta altura, repito, é complicada... Além do trabalho em si, a ela estavam associados muitos sonhos, tornados impossíveis, ou quase.
Ou se calhar os malucos que andaram a calcular o dia mais favorável para depressões (onde terei eu lido isto?) erraram e não foi 2ª feira passada, ou eu ando um bocado desfasada e a neura deu-me uns dias mais tarde, ou ainda (outra hipótese igualmente válida) a minha neura é de longa duração e foi-se distribuindo ao longo de toda a semana.
Fim de lamentos, vamos é assoar o nariz e trabalhar, que isto até anda a avançar e a ficar com cara de tese.
No entanto, vários ombros, uns silenciosos, outros de viva voz, me chegaram, sem eu os pedir. E é por isso que fico de nó na garganta neste momento - são os laços, os afectos, a empatia, essas coisas todas de que já aqui (e não só) muito se falou nos últimos tempos. Só consigo dizer-vos, a todos e a cada um: muito obrigada por esse carinho.
É claro que eu tenho perfeita consciência de que sou, forçosamente, a má da fita. Como nos comentários foi dito, somos nós, as mães sozinhas, que metemos os filhos na cama a horas, os aturamos no dia-a-dia, lhes incutimos disciplina, os obrigamos a 1001 coisas. Aos pais divorciados cabe em geral o papel agradável de deixar fazer o que apetecer, de gozar a presença dos filhos, mas não o de disciplinar. Nós, por via de regra, é que pagamos as favas.
Acresce, no presente caso, que o pai da Miosótis não é um exemplo de pai a seguir; não o era vivendo sob o mesmo tecto, não o é agora - muito menos o é agora. E é óbvio que isso provoca um desequilíbrio que tomba, logicamente, para o pilar com quem ela verdadeiramente conta: eu. Que recebo o melhor, mas também o pior (como sucedeu esta manhã).
Hoje, recordei à minha filha uma história que já lhe tinha contado, uma espécie de parábola, que um dia recebi por mail e tem precisamente a ver com as consequências dos nossos actos, mesmo quando somos pequenos e "não fazemos por mal". Se bem me recordo (ai, esta memória!), um pai, cansado de ver o filho a ser agressivo, refilão, a responder torto, mandou-o pregar um prego numa tábua a cada vez que agisse assim. O filho fê-lo. No final, os pregos representavam todos esses momentos em que ele tinha sido desagradável para com os outros. O filho olhou incomodado. Retiraram os pregos - podiam ser tirados, que alívio, era o perdão. Mas o que o perdão não tirava eram os buracos deixados na madeira pelos pregos...
Sei que a minha filha percebeu a história. Sei que uma parte das suas farronquices é orgulho, e até o orgulho de não querer chorar - de algum modo, também ela está em busca do seu equilíbrio, neste crescer que nunca é fácil e pode ser mais complicado quando pai e mãe não estão juntos e não colaboram verdadeiramente um com o outro. Sei, também, que hoje, em especial, a minha filha viu bem os buracos deixados na madeira pelas suas atitudes e se arrependeu do que fez.
Claro que vai haver muitas outras ocasiões em que me desafiará e porá em causa a minha autoridade. E eu não o vou sentir tão profundamente ou reagir de forma tão emotiva. Mas esta altura é especialmente complicada para mim. Se o pai dela fosse outro, chamava a ele os cuidados com a filha de modo a eu ter a paz necessária para terminar a tese, aproveitando, ainda por cima, para estar mais tempo com ela. Mas o pai dela é como é, e por esse motivo estamos separados, e por isso qualquer reconciliação é impossível. E por isso, também, é sobre mim que recai todo o peso. Não me queixo do peso, note-se - nunca a minha filha me pesará. Queixo-me de ser injusto que ele caia todo sobre mim, o que é diferente; mas arco com ele com todo o gosto.
Mas esta altura, repito, é complicada... Além do trabalho em si, a ela estavam associados muitos sonhos, tornados impossíveis, ou quase.
Ou se calhar os malucos que andaram a calcular o dia mais favorável para depressões (onde terei eu lido isto?) erraram e não foi 2ª feira passada, ou eu ando um bocado desfasada e a neura deu-me uns dias mais tarde, ou ainda (outra hipótese igualmente válida) a minha neura é de longa duração e foi-se distribuindo ao longo de toda a semana.
Fim de lamentos, vamos é assoar o nariz e trabalhar, que isto até anda a avançar e a ficar com cara de tese.