Ano novo
Um novo ano começou. Devo dizer que isso me diz muito pouco. É apenas um dia que se segue a outro, um mês que acaba e outro começa, um ano que vem de novo porque há muito tempo atrás houve quem decidisse que o ano começava no dia 1 de Janeiro - podia ser outro qualquer. Não acredito em propósitos de ano novo (deviam ser de vida nova, em qualquer altura), nem em mudanças provocadas apenas porque se bebeu champagne ao tocarem as 12 badaladas da meia-noite e se engoliram as passas da praxe. A vida continua, igual, boa ou má ou morna, como as circunstâncias a tornam, como nós temos ou não coragem de a fazer.
No entanto, acho que estes momentos de corte com o que está para trás, de renovar as esperanças como quem renova o guarda-fatos no início de uma estação, são necessários ao homem. Drummond de Andrade escreveu de forma magistral o que eu toscamente acabo de esboçar:
O meu ano começou azul. Cabe-me fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que assim continue. Para já, trabalhar, com entusiasmo e ganas de acabar, depressa, "isto".
No entanto, acho que estes momentos de corte com o que está para trás, de renovar as esperanças como quem renova o guarda-fatos no início de uma estação, são necessários ao homem. Drummond de Andrade escreveu de forma magistral o que eu toscamente acabo de esboçar:
"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para frente vai ser diferente."Por isso, faz sentido desejar um ano novo bom, colocar nele a esperança de melhores dias e, sobretudo, fazermos por isso!
O meu ano começou azul. Cabe-me fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que assim continue. Para já, trabalhar, com entusiasmo e ganas de acabar, depressa, "isto".