Um pouco mais de azul

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Non sense absoluto

Se se querem rir a bom rir com uma versão on-line do velho jogo do "cadavre exquis", vão ao Afixe e divirtam-se. Têm metros de texto para ler, com a garantia de umas boas gargalhadas.

E o dia está bom para se dar gargalhadas. Eu sei que a chuva faz imensa falta, mas é do sol que eu gosto, e é ele o responsável, muitas vezes, pela minha boa disposição. Sol, o Pluto um pouquito melhor, um passarito de olhos azuis agarrado ao meu pescoço, e Pachelbel ao início do dia - que bela combinação para me fazer sentir bem, apesar de tudo o que me espera para fazer hoje!

sábado, fevereiro 26, 2005

Cheiros, sabores e memória

Ao ler este texto da Emiéle, fiquei com vontade de escrever sobre o mesmo tema, desenvolvendo o que deixei como comentário no Afixe. A memória de cheiros e sabores e como nunca encontramos nada que corresponda a eles, mesmo quando usamos os mesmos ingredientes, as mesmas receitas ou estamos nos mesmos lugares.
Nenhum mar cheira ao mar da minha infância, nem mesmo quando regresso àquelas praias. Falto eu, pequena, a brincar na areia e na água. Faltam os lanches que a minha mãe levava para a praia. Falta tudo...
Nenhuma marmelada sabe àquela que a minha avó fazia. As primeiras taças a receberem a compota eram duas, muito pequeninas, que a minha irmã e eu comíamos com delícia - com a gulodice que ainda consigo sentir a cada vez que, por exemplo, rapo a massa crua de um bolo. Essa marmelada feita guloseima ainda morna, nunca mais a encontrei.
Nenhuma casa tem o cheiro da nossa casa da praia, cheiro a bafio dos longos meses fechada à mistura com o odor de maresia que o vento norte fazia infiltrar dentro dela.
Cheiros, sabores, memória. De que cheiros e sabores se recordará um dia a minha filha?

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

C. Drummond de Andrade

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Escrever

Escrever sem pressa. Concentrada na escrita. Escrever sem pensar que devia estar a fazer outra coisa. Desenvolver aqui temas abordados em outros espaços, que me dão vontade de reflectir e tentar ver sob vários prismas. Para já, mero desejo inconcretizável: outros escritos, outros assuntos exigem a minha atenção. E o máximo que me concedo são uns dois minutos de escrita aqui e, sobretudo, rápidos comentários nalguns dos blogs que mais companhia me fazem nesta fase. Não fazem ideia de como estou farta deste ritmo de vida. Não conseguem imaginar até que ponto estou, literalmente, exausta. Mas vou chegar lá. E depois, dormir. Dormir um dia inteiro, quando acordar espreguiçar-me e continuar na cama, e passar o dia a descansar. De preferência, que seja um dia bonito em que possa ir para perto do rio, aquecer ao sol como um lagarto. Se chover, ficar a ver um filme com a minha filha, as duas no mimo, sem pressas nem horas contadas, ou descontadas, na consciência de quem devia estar a trabalhar.
Depois, fazer tudo, tudo o que está em lista de espera...

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Boletim de saúde

O Pluto tem, efectivamente, esgana. Agora não há margem para dúvidas. Os próximos dias são cruciais para a sua saúde. Tratando-se de um vírus, não há nada a fazer senão esperar que passe, dando medicação de suporte, digamos assim, porque é uma doença imuno-supressora que facilita o aparecimento de todas as outras doenças. Por isso, ele toma um antibiótico e um medicamento para o sistema nervoso, tentando ajudar esta parte tão sensível do seu corpo que pode ser atacada pelo vírus, na sua pior versão (espero que nenhum veterinário leia esta versão de leiga do que me foi dito).
Entretanto, ele hoje passou melhor. Teve febre mais baixa que passou por si, teve mais apetite, pedindo mesmo para repetir a dose que lhe dei de carne cozida à hora do jantar. São bons sinais.
Coloco aqui estas notícias porque têm sido tantas as perguntas sobre este cachorro, que assim respondo a todos de uma só vez. Acho que nunca um rafeirito de 6 meses teve tanta gente a torcer por ele. O que me comove imenso, e agradeço, tal como a Miosótis, do fundo do coração.
Diz o veterinário que não há cão melhor para resistir a uma doença destas como um rafeiro. Esperemos que assim seja, por muitas dúvidas que eu tenha e muita falta de esperança. Mas o melhor, sempre, é não alimentar esperanças de mais cá por dentro, ao mesmo que se age como se tudo fosse correr bem, não é? Assim se vive, aproveitando as coisas boas de cada dia, entre as quais está, sem dúvida, o carinho que este cãozito nos prodigaliza.

Um pouco mais

de paciência, empenho, resistência, trabalho. Precisa-se. Exige-se, aliás.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

É giro

Ver a minha filha a crescer. A fazer coisas que até há pouco tempo não se atrevia a fazer sozinha.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

A medida que usardes com os outros...

Há já uns meses, depois de me ter visto envolvida numa complicada discussão bloguística em relação a temas religiosos, passei a receber no mail, por obra de alguma alma caridosa desconhecida, o Evangelho de cada dia. Não faz mal a ninguém, crente ou não crente, folhear a Bíblia e ali procurar resposta para algumas das dúvidas que a vida nos coloca. Pelo que costumo dar sempre uma vista de olhos a esse mail diferente.
O Evangelho de hoje disse-me algo que vem a propósito de uns ventos de querelas e mal-entendidos que tem soprado pela blogosfera, querelas e mal-entendidos esses que me desgostaram e desgostam. Não resisto, por isso, a reproduzir aqui as palavras de Cristo, ditas por S. Lucas (36,38):
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco.

Sem tempo para escrever

Por isso, não escrevo.
(Que post mais parvo...)

Serei anormal?

É que não ouvi o discurso de nenhum dos políticos, limitei-me a ir ouvindo on-line a Sic e a ir lendo as notícias veiculadas quer por jornais, quer por blogs. Ainda por cima, esqueci-me de jantar.
Acho que sei a resposta para a pergunta do título: tenho uma tese para acabar. Pois... Isso explica muita, mas mesmo muita coisa. Até que eu esteja acordada a esta hora, pronta para lançar o dente a mais uma série de folhas.
Volta-me, porém, a dúvida: tenho uma tese para acabar; esqueço-me de jantar; trabalho a desoras a tentar deslindar assuntos que, a bem dizer, não contribuem para a felicidade de ninguém. Devo mesmo ser anormal.

Nota - Este tipo de "auto-elogios" só é permitido nessas condições, ou seja, sendo "auto". É como chamar-me burra, que tantas vezes chamo a mim mesma. Mas só eu (e uns pouquíssimos privilegiados, pronto, condescendo) o posso fazer. Por isso, cuidado com o que escreverem na caixinha de comentários; não concordem demasiado comigo, está bem? ;-))

domingo, fevereiro 20, 2005

Olha

Ontem não escrevi nada aqui. E hoje, pelo andar da carruagem, também não vou escrever. Talvez lá para o fim do dia, a propósito das eleições. Apesar das desilusões, eu voto. Já o disse da última vez que houve eleições: nunca me abstenho. Acho que a abstenção é a desistência de podermos dizer alguma coisa sobre o que queremos para o país. Por isso, e aproveitando mais um dia bonito, vamos lá a votos.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Chiu!

Nada de barulho nem de espreitar. Na sala, alguém inventa coreografias para as "Quatro Estações" de Vivaldi...
:-)))))

Um ano de blog

Há um ano, numa madrugada de trabalho, surgiu o Um pouco mais de Azul. Ironia do destino estar a comemorar um aniversário (nunca imaginado) quando o nosso bichito está doente. Mas a vida é mesmo assim, ele comeu muito bem este serão, o que é um bom sinal, e amanhã saberemos mais alguma coisa. No meio da tristeza e da possibilidade de perder este cachorro, fica também muita coisa boa.
E eu vinha falar, isso sim, do aniversário deste blog. Um blog que conseguiu chegar a esta data porque: a) ainda não terminei a tese; b) vocês, meus leitores, existem. Já aqui falei de laços, empatias, amizades. Não me vou repetir, nem sequer tenho tempo para isso que o trabalho não parou. Quero só agradecer-vos, a todos.
E repito aqui as palavras justificativas do nome do blog e da sua existência. Válidas hoje como há um ano atrás.

"Nem de propósito, tinha eu pensado no nome para este blog quando recebo, por mail, um texto de Luís Fernando Veríssimo intitulado “Quase”. Não vou transcrevê-lo aqui, apenas dele extrair algumas frases que subscrevo totalmente: “Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez, é a desilusão de um "quase". É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. (…) Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.”

Vivi anos no “quase”. Deixei-me arrastar pelo morno, pela esperança no que um dia seria mas nunca chegava a ser. Deixei de esperar, desacreditei, pus um ponto final. E, por esse motivo, busco “um pouco mais de azul” - pedaço de verso "roubado" ao poema de Mário de Sá-Carneiro de que tanto gosto, e que não resisto a aqui publicar:
QUASE

Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Chega de falta de golpes de asa. Chega de receios de ir além. Quero o sol, o azul que me neguei, quero ir além do quase."

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Tristes



Estamos tristes, mãe e filha. O Pluto parece estar gravemente doente. Não tem nada a ver com os disparates que da outra vez comeu, mas com o que terá apanhado antes de estar connosco e de ter sido vacinado. Vai passar os dias em observação no veterinário, não ficando internado apenas para poder estar connosco, sobretudo com a Miosótis. As hipóteses de ele estar mesmo muito doente e de vir a ter de ser abatido, para que não sofra mais, são grandes - o veterinário não escondeu a sua preocupação e nós bem vemos que ele tem sintomas da pior forma de esgana.
Estou desolada. O Pluto já faz parte da família, é um cachorro amoroso, e nesta fase de doenças tem-se revelado um valente, que não gane mesmo quando maldisposto, que leva injecções e tira sangue sem dar um ai, que pacientemente engole comprimidos e xaropes. Aprendeu que para estar no seu poiso predilecto, aqui ao meu lado, apanhando sol ou enroscado numa almofada fofa, não pode andar a fazer tolices. E para aqui vem, sem que a cauda abane, de ar tristonho mas sempre confiante em mim, em quem ele vê a dona desde o primeiro momento. E aqui fica, fazendo-me companhia durante as longas horas de trabalho nocturno, sem me incomodar, só me lembrando que aqui está quando se mexe, ou quando dá um suspiro no meio dos seus sonhos caninos.
Aqui está ele agora. Com as donas, seguro apesar de doente. No cantinho que vai ocupar enquanto puder - ou durante muitos anos, se tudo correr pelo melhor.

Nota: a foto é anterior à vinda dele para cá; as que tirámos ainda estão no rolo...

Sem tempo

Com fúria, com raiva, com ódio a esta interminável tese.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Já passou

Felizmente, as minhas fúrias duram pouco. Infelizmente, as minhas fúrias duram pouco.


...

Que vontade de dizer: merda.
Há alturas em que a gente sente ter sido tão, mas tão absurdamente burra! Em que sente de tal forma a injustiça, a insensibilidade, o egoísmo!
E o que mais me dana é que fiquei de cabeça perdida e preciso dela, mas preciso mesmo, a funcionar direitinho. Merda!

Dúvida

Será que já alguma vez aqui disse como estou fartinha, até à ponta dos meus cabelos que não estão nada curtos, da porcaria da bodega da tese que estou a ver se termino?

Sonhando e suspirando

Como me apetecia, ai!



(Adivinhem onde é, adivinhem?)

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Resumo de uma jornada acelerada

Trabalhei que nem uma moura todo o dia. Consultei uma série de livros, tresli um trabalho quase ilegível, tentando sacar as informações necessárias, num exercício de espremer miolos que mais parecia estar a fazer sumo de laranja numa daquelas máquinas trituradoras (o que despertou em mim assassinos instintos em relação ao seu autor...). Saí de casa com ar aluado. Comprei sanduíches de leitão para o jantar. Passei-o a ouvir a campanha eleitoral da Nova Democracia, PP e já não sei quem mais, a sanduíche acabou entretanto, para bem da pouca sanidade mental que me resta e dos neuróniozitos que ainda funcionam.
Não sei se o PSL, nosso ainda PM (ai, como eu gosto de usar siglas - odeio, para vossa informação, mas poupa tempo), me mandou uma cartinha adorável, porque meti no lixo tudo o que era publicidade sem sequer a ver. Quem quiser ver a pérola que ele escreveu, está muito bem comentadinha no Afixe. A leitura (dos comentários do Monty, obviamente) ajudou a pôr a cabeça de novo a trabalhar; recomendo-a, pois.
Agora remergulho na tese. Respiro bem fundo antes de submergir - vou por lá ficar longas horas...

Desfazendo-se com um sopro

Como um dente-de-leão.



Tirado daqui.

Aqui é Portugal

Acabo de receber por mail. Palavras para quê?


segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Take a break

Sem Kit Kat. Porque me mandaram a foto e acho-a giríssima. Não tem nada a ver com ser dia dos namorados, que nunca me disse coisa alguma e duvido que alguma vez diga - a menos que venha a ter um namorado anglo-saxónico.


Telegrama

Pluto melhor STOP Ritmo de trabalho alucinante STOP Façam figas, acendam velinhas, rezem por mim para que eu consiga acabar esta coisa antes de ficar (mais) tolinha STOP Até logo STOP

domingo, fevereiro 13, 2005

Que dia...

Literalmente passado diante do computador, a trabalhar em força, atando "molhos" que tinham ficado mal atados na primeira versão. E a limpar quanto o meu cachorro faz, porque, apesar de melhor, não consegue reter a vontade - e eu não lhe posso ralhar enquanto ele está doente, nem consigo correr para o elevador e levá-lo à rua a tempo de cada vez que ele se mostra mais inquieto.
Ou seja, que domingo de merda...

sábado, fevereiro 12, 2005

Ainda não terminou

Mas apetece-me escrever. Nem sei bem o quê, apenas desenjoar do resto (quantos posts nasceram já dessa necessidade de falar de outras coisas...).
Podia falar do Pluto, que nos tem trazido bem preocupados, indo ao veterinário todos os dias porque teve uma gastroenterite que está a ser tratada com antibióticos e mais uma data de droguinhas. Que começa, mesmo assim, a pedir para ir à rua quando precisa, o que é muito bom. E que é uma companhia muito querida, quando não faz tolices às dúzias; acho engraçado como ele me procura e vem para aqui, onde já vai percebendo que só pode estar se se portar bem, e se deita a dormir nas almofadas que aqui tenho no chão.
Podia falar de como o sossego terminou com o regresso a casa da minha filha, mas dizer também que já não sei viver muito tempo sem aquele barulho de fundo que me enche a casa e o coração. E contar do enorme abraço que há pouco demos e repetimos. Ou do orgulho com que me contou as excelentes notas que teve nas últimas provas de avaliação, orgulho esse que só encontra paralelo no que eu sinto por ela ser assim, responsável e boa aluna (sem que eu tenha de a mandar estudar, sequer).
No fundo, já falei do principal. Desta família pequenina, de mãe, filha e cachorro, que aos poucos se habitua a viver assim. Uma família como muitas outras - mas especialíssima porque minha.

Apetecia-me

escrever alguma coisa. Mas, desta vez, nada sai. Apenas tese, tese, tese nesta cabeça. E duvido muito que interesse a algum dos meus leitores saber das emendas à nota 135 do capítulo 2 da 1ª parte...
Quando tiver o capítulo 2 prontinho, regresso. Até mais logo!

Ao final do dia

Ir dormir sem ter escrito nada aqui ao longo de todo o dia parece-me estranho - umas palavras, pois.
Só para deixar registado que por vezes sabe bem estar longe da internet, mesmo que seja por motivos de trabalho (o vício que isto pode constituir assusta-me um bocado, confesso; é bom sentir que não faz grande falta).
E para deixar também o registo de um telefonema inesperado. Como que de um fantasma.
Boa noite!

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

40 000

Diz-me o contador de visitas pelo qual me guio que hoje durante a tarde se atingiram as 40 000 visitas ao Um pouco mais de Azul. Em quase um ano de escrita intimista, muito pessoal, feita ao sabor do que me dá na veneta, este número parece-me imenso e espanta-me. Sim, continua a espantar-me ter leitores assíduos, que me acompanham nesta aventura desde os primeiros tempos, e outros mais recentes que não menos assíduos se revelam. Espanta-me e orgulha-me. Muito obrigada pelas vossas visitas, e continuem a aparecer que eu gosto muito de vos saber por cá. Aos que comentam e aos que não comentam. Aos que se tornaram verdadeiros amigos e àqueles com quem a distância é (ou ainda é) maior.
O visitante nº 40 000 foi o Cap. Um dos tais casos de visitante recente, mas cuja presença já não dispenso, como não dispenso passar pelo seu sóbrio, bonito e inteligente blog. Para ele, em especial, um grande abraço.

Ao meu lado

Está um cão enroscado no seu cesto. Não queria estar sozinho, trouxe-o para aqui. Estranhamente, está sossegado. Teve de ir ao veterinário, porque nada comia nem bebia. Agora, três injecções e um remédio focinho abaixo depois, está melhor, já recuperou apetite. Mas está molinho e mimalho...
Dorme aqui ao lado, e confesso que sabe bem. Sei perfeitamente que ele veio cá para casa na pior das alturas para mim. Era promessa já adiada que não podia adiar mais... No entanto, apesar do trabalho, ainda não me arrependi de o ter. O carinho da Miosótis com ele, o seu abanar de cauda, doido de contente, sempre que me vê, o progressivo aprender de regras de conduta são cativantes. E ter um cão quentinho no colo que nos olha com adoração é tão bom...

Descobri, além disso (digo aqui em voz baixa para ninguém ouvir), que não há como andar com um cão na rua para toda a gente meter conversa. Tenho de começar a levá-lo a passear a locais de frequência "interessante" :DDD.

Somebody

Há quase um ano (em Março do ano passado, estou com preguiça de fazer o link), deixei aqui a letra de uma canção muito bonita, que é um belo poema sobre o amor. Na altura, disse que era isto que eu queria um dia (voltar a) ter. Hoje, depois de uma discussão sobre afectos e sentimentos num outro blog (para onde não remeto, porque não remeto para discussões que acabam com malentendidos, nem pretendo com isto retomar polémicas), não resisto a voltar a transcrever esta letra. É só substituir o "she" por "he".
I want somebody to share
share the rest of my life
share my innermost thoughts
know my intimate details
someone who'll stand by my side
and give me support
and in return
she'll get my support
she will listen to me
when I want to speak
about the world we live in
and life in general
though my views may be wrong
they may even be perverted
she will hear me out
and won't easily be converted
to my way of thinking
in fact she'll often disagree
but at the end of it all
she will understand me

I want somebody who cares
for me passionately
with every thought and with every breath
someone who'll help me see things
in a different light
all the things I detest
I will almost like
I don't want to be tied
to anyone's strings
I'm carefully trying to steer clear
of those things
but when I'm asleep
I want somebody
who will put their arms around me
and kiss me tenderly
though things like this
make me sick
in a case like this
I'll get away with it.
Martin Gore para os Depeche Mode, "Somebody" (1984)

Era uma vez um pinguim

Ou melhor, três pinguins.
Um chamava-se Pingu e, imaginem, tinha frio. Lá no meio dos gelos eternos da Antárctida, ele sonhava com paraísos tropicais, dormia de saco de água quente e usava cachecol. Acho que isto era o mote para uns desenhos animados da Disney, dos velhinhos, do qual parti para inventar uma história à Miosótis. E ela ouvia a história, e lá escorregava a comidinha toda pela boca abaixo (que nisso de comer nunca ela me deu grande trabalho).
Outro pinguim era grande, enorme, e foi uma prenda que deixou a pequena boquiaberta, há uns meses atrás. Esse pinguim comeu connosco a várias refeições, e teve direito a sardinhas no prato. Felizmente, a mania ficou por ali. Mas o pinguim continua a ser um bom companheiro de brincadeiras.
O terceiro pinguim tem olhos azuis, cabelos castanhos dourados aos caracóis e gosta muito do seu cãozinho (que vai ao veterinário logo à tarde, porque ainda não está bem, coitadito). Não perdi a mania de chamar nomes de animais à minha filha, nem ela perdeu o gosto por que eu o faça. Pinguim foi sempre um dos preferidos.
Esta história não tem pés nem cabeça, pois não? Nem era para ter. É um post para o meu pinguinzinho de estimação, basta estar cheio de mimo e ficar... para mais tarde recordar.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

E era uma vez um cão

Que comeu um bocadinho do arroz cozido que me recomendaram e ficou melhor. A cauda recomeçou a abanar e quis ir à rua comigo. Até se sentiu com forças para quase bulhar com uma cadela com o dobro do tamanho dele! Depois, comeu mais canjinha (devorou, melhor dizendo) e já tentou fazer mais asneiras, e teimar em vir para o meu escritório cheirar (foi conduzido ao canto dele, claro, que aqui só faz tolices). Por isso, acho que posso concluir que o Pluto está melhor!

Se amanhã virem um post começado "era uma vez um tigre", "um pinguim" ou outra coisa do género, não se assustem. Estou a tomar o gosto a estes títulos.

Era uma vez um gato

Assim começará um dia uma história. Uma das histórias infantis que quero escrever. Quando tiver tempo. Boa tarde!

Despejando o lixo

Ao fechar o Outlook, esvazio a pasta do correio publicitário não solicitado. Numa das minhas contas de e-mail, porventura a mais visível apesar de menos usada, porque presente num site internacional, recebo SPAM que é um caso sério; hoje, tinha 14, sim, 14 mensagens, ora a prometer-me dinheiro fácil, ora o paraíso dos sucedâneos do Viagra (como se tal coisa me fosse útil). Reparo que andam muito mais imaginativos no correio que enviam. Um dos mails faz publicidade ao "Tiberius Erectus" e termina perguntando: "How will Erectus affect you?" A mim, fazendo-me dar uma sonora gargalhada. Acho que não era o efeito desejado. Boa noite!

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Um post de merda*

(* Sim, filha, a mãe de vez em quando também usa palavras feias. Sobretudo quando limpa pela não-sei-quantésima vez a porcaria que o cão fez. Mas tu só usas essas palavras quando fores grande e perceberes bem a sua utilização, entendido?)

O senhor Pluto está com a tripa avariada. Como no dia de anos da Miosótis se alambazou com milho para fazer pipocas, antes de eu acorrer e o impedir de comer mais; fugiu com mais de um quarto de frango assado (que eu o deixei comer, paciência, ao menos não se desperdiçava); ontem andou a enfiar o focinho numas mistelas horrorosas de farinha, água e especiarias que a minha filha inventou e engoliu parte daquilo (que nojo!) e hoje ia atacando uma broa e conseguiu fazer desaparecer uma posta de peixe cozida, que esperava calmamente que arrefecesse para meter no frigorífico e que não sei como ele conseguiu lá chegar; como, para cúmulo, andou a fazer de aspirador para cada grãozinho de arroz caído do prato da Miosótis ao jantar, e suspeito que engoliu papel - está com diarreia. E agora expliquem-me como se treina um cachorro a aguentar-se nestas condições, e como lhe fazer entender que, pelo menos, só deve fazer num certo canto da marquise. Deve-lhe dar uma dor de barriga repentina e zás, é onde for. Hoje, já andei de esfregona, água e lixívia (para além do papel da cozinha, melhor que o higiénico para limpar aquela porcaria toda e mandar sanita abaixo) uma meia dúzia de vezes - e acho que me estou a esquecer de algumas.
Que raio de coisa devo fazer, para além de ter vontade de lhe enfiar uma fralda e de vigiar atentamente o que ele come? Será que lhe devia dar alguma coisa para os intestinos irem aosítio, ou passará com um simples jejum e o expelir de toda a porcaria que comeu?

Quem se rir apanha com um balde e uma esfregona na tola, e vem para aqui fazer o serviço de limpeza!!!!!!

Surrealidades

- Papá, queria estar contigo hoje.
- Para quê? Já vamos estar 5ª e 6ª.
- Podíamos ir passear, está um dia tão bonito.
- Não me arranjei, estou de directa em cima e sem paciência. Se a tua mãe quiser que te traga, mas ficas na sala a ver televisão.
- Para isso prefiro ficar em casa, sempre tenho mais coisas com que me divertir e a mãe, mesmo a trabalhar, dá-me mais atenção do que tu sem fazeres nada.

O diálogo não foi bem assim e parte dele travou-se comigo; mas o sentido é este. Ontem, tinha escrito um enorme post sobre este tema, que tanto me tem incomodado - porque mexe com a minha filha e faz surgir uma sombra nos seus olhos límpidos. Ficou em draft, era demasiado íntimo. Mas hoje, depois de mais esta conversa... Há tempos, um desconhecido indagou num comentário se não havia um pai. A mais leitores deve ter-se já colocado esta questão, ao lerem como quase sempre é comigo que ela está e que quase nunca menciono dias dela passados com o pai. Aí em cima podem perceber melhor o panorama. E enquanto eu precisava de estar absolutamente concentrada num trabalho exigente e longo, tenho de estar atenta a uma filha que não é só minha, mas de alguém que partilha comigo o exercício do poder paternal... em teoria.
Quantos pais divorciados quereriam ter as facilidades de visita, de poder estar com os filhos que o pai da minha filha tem? Quantos não aproveitariam o excesso de trabalho da ex-mulher para estarem mais e mais tempo com os filhos? Não haja dúvidas, Deus dá nozes a quem não tem dentes...

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

A minha secretária

De novo, tem um fundo de madeira à vista. Sem quilos de livros e papéis. Pelo meio da confusão que aqui reinava (mas antes de chegar ao fim de mais uma etapa não era capaz de arrumar nada), encontrei o Alma Mater do Rodrigo Leão. Aquele CD que ouço, ouço e volto a ouvir, porque é belo e me dá paz. De novo, surte efeito, e é com uma energia renovada e uma sensação de prova superada que estou aqui, de novo, a trabalhar.

Amigo

Eu tenho um Amigo como poucos. É isto que me apetece hoje dizer, sem mais explicações. Ele sabe porque é que o digo, eu também sei. E chega. Chega para cimentar, mais ainda, uma amizade que prezo de um modo muito especial. Ninguém mais faria por mim o que ele está a fazer; ninguém faria por ele o mesmo senão eu, creio.
E assim se fortalecem ainda mais laços já tão fortes, cimentados ao longo do tempo, em bons e maus momentos, no trabalho como nos momentos de risota, no respeito e na verdade. E eu orgulho-me de ter um Amigo assim.

Festa de aniversário 3

Claro está que os meninos quiseram conhecer o Pluto. Lá lhes levei o cachorro, bem preso pela trela. O seu bom feitio ficou mais que provado. Não conheço outro cão que aturasse aquele bando de cachopos com um ar tão feliz!

Festa de aniversário 2

Preparar uma festa de anos com um cão amalucado a farejar-nos as pernas é complicado. O bicho ficar confinado e sem grande passeios mais tempo do que é costume não ajuda nada. Hoje o Pluto deve ter pensado que era uma galinha, apanhou o pacote do milho para pipocas e comeu tanto quanto foi capaz (finalmente, sobrou milho não tocado por ele para fazer pipocas). Depois, aproveitou uma pequenina distracção minha, que terá demorado 1 minuto, e rapinou cerca de meio frango assado, que papou deliciado. Há pouco andava em torno do frigorífico, farejando o frango que sobrou. Nem pense que lhe deita o dente!

domingo, fevereiro 06, 2005

Festa de aniversário 1

Sobrevivi. E cumpri.

A ti, não perdoo. Ou melhor, nem se trata de perdoar, nem sou eu quem tem de o fazer. Eu já não espero grande coisa há muito tempo (lembras-te de há 2 anos? e dos anos anteriores? pois...). Mas ela espera e tem o direito de esperar. Que pena...

Robert Wyatt

o sossego, o computador, as minhas folhas e eu. Boa noite.

sábado, fevereiro 05, 2005

Desabafo

Estou faaaaarta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Odeio trabalhar sob pressão. Odeio pensar no que ainda está por fazer até ver esta gaita pronta. Nesse dia... ai, nesse dia... Nem quero pensar nele. Vou é fazer por que ele chegue.

(Sim, espião querido, estou a trabalhar; faltam 30 páginas)

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Sem gin nem aguardente

O trabalho segue em frente. Olha, rimou! Fica tão piroso que vou deixar estar. Posso até começar um concurso de rimas palermas na caixa de comentários - já que o tempo não dá para coisas mais compridas, e se eu passo muito tempo aqui o sistema de espionagem mais bem informado à face da terra descobre e puxa-me as orelhas (com muito carinho, eu sei ;).

E...

... uma tarde que se precisava altamente produtiva não está a render nadinha. Gaita. Isto é cansaço mais que acumulado, e o começo de uma alergia a ele que nem vos conto. Será que um gin ajudava? Ou a aguardente velha que descobri ser óptima para constipações?

:(

O Weblog anda marado. Quero comentar, e dá erro. Será que nunca mais substituem o servidor, ou lá o que é? Tinha andado a pensar mudar-me para lá (o que é nacional, enfim, essas coisas...), mas assim nem pensar. O pior é que alguns dos blogs onde gosto de passar, tipo café onde já tenho lugar reservado e tudo, estão lá alojados! Ora bolas!

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Encerrado para tese

Era assim que este blog devia estar. Tal como a minha vida toda. Encerrada, adiada, tipo telefonema em lista de espera. Mas a vida não abranda e não se compadece de mim... Se eu chegar ao fim da maratona sem arranjar uma gastrite, vai ser para admirar. A parte de perda de apetite e quase repugnância pela comida já se instalou...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Uma aventura em 5 actos - A ida ao veterinário

Acto I - Em casa, ponho a trela ao cão, que pula que nem doido, julgando que vai passear à vontade. Em lugar disso, é levado para dentro de um carro onde só andou, até agora, uma vez. Ponho-me ao volante, e que seja o que Deus quiser, ou melhor, o que o Pluto fizer. Depois de uma certa agitação, senta-se sossegado a olhar pelo vidro do porta-bagagens. Páro o carro, deixo-o lá dentro e vou buscar a Miosótis à escola.

Acto II - Volto com a Miosótis e descubro, com alívio, que o carro está intacto. A alegria do cão é enorme, a Miosótis tem dificuldade em sentar-se na sua cadeira e pôr o cinto de segurança, tais os cumprimentos efusivos do bicho. Metade do percurso (felizmente curto) é feita com o cão a querer trepar para o colo dela.

Acto III - Consultório do veterinário. Na sala de espera, dois gatos dentro de cestos. É uma excitação. Começo a perceber que ter o Pluto é tão bom como ir ao ginásio, faço um exercício do caraças. Descubro que o bicho, apesar de tudo, aprendeu alguma coisa no espaço de uma semana, e se porta bem melhor do que da primeira vez que foi ao médico (nem queiram imaginar como foi...). Até para se pesar se senta e ali fica, quietinho.

Entreacto - Filha com fome e consulta atrasada. Vamos a uma pastelaria próxima. O cão vai com a trela curta e bem presa, porque é destravado e ali passam carros depressa, não é como a pacata rua onde ele está habituado a correr. Entre ambas, ficamos emaranhadas na trela umas cinco vezes. O mais divertido é quando dois cachorros, puxados por duas trelas mas por um único dono, se aproximam. Puxar a trela do Pluto, que quer cumprimentar os bichos, menos amistosos que ele, é melhor do que meia hora a fazer musculação. O regresso ao consultório é também feito de puxões de variada ordem.

Acto IV - De novo no consultório. Cão mais sossegado, filha não se lembra de nada melhor do que sentar-se no chão para brincar com ele (lembrete: não esquecer de pôr toda a roupa para lavar). Chega a nossa vez, e o veterinário é recebido com honras de velho amigo (pulos, lambidelas, o diabo a quatro). Leva a vacina devida, sem um ui, depois de um pouco de conversa e de conselhos práticos. Fico a saber que o Pluto tem no seu longo rol de antepassados um qualquer podengo, o que explica a sua imensa curiosidade, o seu farejar constante e o ser irrequieto. Saber do seu ilustre antepassado não me faz mais feliz: às vezes preferia-o calminho como, sei lá, por exemplo, um animal empalhado.

Acto V - Regresso a casa, aliviada de 45 euros, porque comprei outras coisas de que o bicho precisava (medicamentos e ração, que ele, aliás, adorou).

O pequeno mundo de Don Camillo

É um livro de que gosto muito, e ao qual regresso com frequência (deve haver coisas destas nos genes, o meu pai fazia o mesmo). Aberto numa página à toa, encontro sempre algo que me faz sorrir e, acima de tudo, uma imensa e comovente humanidade. O contexto já há muito passou à história, mas continuam a fazer sentido as truculentas conversas entre o padre Don Camillo e o comunista Peppone, e mais ainda os diálogos com Cristo pregado na cruz e até com Nossa Senhora, que de vez em quando intervém, cheia de bom senso materno. Em tempo de campanhas eleitorais, penso que Portugal estaria bem melhor se houvesse mais Camillos e Peppones por aí, homens de bem e de sentimento, que podem rugir como os leões mas deixam falar o coração e são, afinal, tolerantes e amigos, prontos para se entreajudar sempre que necessário.
No Natal, andei à procura do livro sem o encontrar (a minha filha tinha-o levado da estante, achando piada às figurinhas da capa), para aqui deixar transcrito o último capítulo, quando o padre e o líder comunista se juntam para pintar as figuras do Presépio. Encontrei-o agora, e se já não faz sentido a história natalícia, não queria deixar de lembrar Giovannino Guareschi e o pequeno mundo que criou.

Tentação

Quase todos os dias, recebo um mail da Amazon. CD's em promoção, livros em promoção, DVDs em promoção. É muito feio tentar uma pobre mortal com uma filha a crescer a olhos mais que vistos, que aproveita o mês de Janeiro para comprar roupa para o próximo ano, depende do seu ordenado não-elástico e não encontrou ainda o milionário da sua vida! As prioridades de uma mãe são mesmo diferentes das das outras pessoas...
E não nos deixeis cair em tentação...

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Correio

O meu endereço dali do Sapo, volta e meia, funciona mal. O batráquio vai nadar para algum charco, na certa, ou fotocopiar mais vezes o traseiro (sapos modernos...), em lugar de entregar direitinho o correio. Por causa disso e do MSN, tenho outro endereço, que aqui deixo à vossa disposição: umpoucomais[at]hotmail.com (substituindo, como é óbvio, o que está entre [] por @). Para ficheiros grandes não funciona, mas para coisas pequenas dá lindamente. Nunca me deixou ficar mal, o "correio quente", primeiro de todos os e-mails pessoais que tive e conservo.

Um poema azul

Há uma pedra no rio
uma pedra azul
num rio quase azul
Um movimento perpétuo
de água que canta
apenas transbordando de sonhos

Das fontes desse rio
correm rumores
ciciados por ninfas e desejos
que se abrigam entre as pétalas
de lilases e miosótis

As manhãs aguardam
ansiosas pelo sol
brincando com as árvores e os esquilos
lamentando a partida dos pinguins

Partem sempre
os imperadores da neve
quando sentem a chegada
das rosas e dos flamingos

Por hoje o vento acalma
inquieto vento que se embala
numa canção que não se cala
até que a dor parta da alma

F.M.L. 1/2/05

(Para que nenhum comentário faça desaparecer o poema, e porque ele merece estar aqui, com um agradecimento muito especial)

Bolos de aniversário


(oferta do Cap, que muito agradecemos e com que nos vamos todos poder alambazar)

São coisa complicada, o que pensam? Há um para levar para a escola, para festejar com os colegas e a professora. Outro para o jantar de logo à noite, com o pai e os avós. Outro para a festa de anos, domingo, com todos os meninos mascarados porque é Carnaval.

Dez anos de ti

Dia 31 de Janeiro de 1995, pela hora de jantar, comecei a sentir um mal-estar esquisito. Um certo enjoo, dores de rins... Nada parecido com o que me tinham descrito como indícios de parto. Mas o enjoo não passava, e não fui sequer capaz de comer. E as dores, essas, davam-me vontade de dobrar ao meio - tarefa complicada quando se tem uma enorme barriga de 9 meses de gravidez.
Pelas 2h da manhã, já me tinha convencido de que ias nascer nessa noite. Fomos para a maternidade depois de metidas na mala as últimas coisas, com a lentidão própria de quem se move com dificuldade. Chegámos lá pelas 4 e tal da madrugada. Feito o exame da praxe, a médica mandou-me para a enfermaria, pois o parto iria demorar ainda longas horas; o pai podia ir para casa dormir descansado, dizia ela - não podia nada, clamava eu, que o que mais queria era tê-lo ao meu lado. E eu tinha razão. Pouco tempo estive na tal enfermaria, indo parar rapidamente à sala de partos. O teu pai, felizmente, não tardou em vir ter comigo: tinha ido saber notícias antes de se ir embora, e logo o mandaram subir. Juntos, ficámos à tua espera. A mão do pai na minha, ajudando como podia, não me deixando sentir só. E tu a fazeres força para vir ao mundo.
Dez minutos antes das 8 da manhã, ouvia-se o choro de um bebé. Mas esse choro era diferente de todos os outros: eras tu, filha querida, quem chorava. Devo-te confessar que o momento em que nasceste não foi o mais feliz da minha vida. Estava dorida, cheia de sono, com vontade de finalmente descansar e de que não me mexessem mais. Um parto sem epidural, com dores de rins e forceps cansa e dói. Depois de te ver perfeitinha, a berrar que nem uma perdida, depois de te sentir encostada à minha barriga estranhamente vazia, o que eu queria era um pouco de paz. Foi o pai que te acompanhou nos primeiros momentos, que te viu ser lavada e vestida, foi a ele que tu agarraste o dedo e foi ao som da sua voz que acalmaste, enquanto tratavam de mim.
Depois, finalmente, descansei, e tive-te ao meu lado. E então pude ver-te bem, e apaixonar-me perdidamente. Aprendi-te de cor, a ti que imaginava há tantos meses, e que tanto tinha sentido dentro de mim. Aprendi cada pedacinho da tua pele, cada dedinho comprido, cada refego e dobrinha da orelha. Tudo isso ficou gravado cá dentro, e permanece. Durante as longas horas em que tu mamavas, eu olhava-te, fixava-te. E por isso todas as caras pareciam grandes, porque a tua - o meu mundo - era tão pequenina...
Contigo, filha, aprendi a ser mãe. Aprendi o que é ser absolutamente feliz. E sou-o todos os dias, ao beijar-te, ao rir abraçada a ti, ao aconchegar-te a roupa da cama, ao ser, simplesmente, tua mãe.
Dez anos de ti. São muitos dias. São muitas horas de desespero com as tuas birras, de preocupação com as tuas doenças, de sono atrasado, de cantigas malucas inventadas para tu comeres ou sossegares no banho, de brincadeiras, de filmes vistos vezes sem conta. Muitas horas de recordar coisas que só se sentem em pequenino, de redescobrir o que já tinha esquecido - sabes que ainda agora acho linda a luz filtrada pelos buracos das persianas, que te encantava quando eras muito, muito pequenina? Dez anos são muitas horas de colo, mimo, risos, beijinhos, olhares que se perdem, cumplicidades únicas, felicidade em estado puro. São dez anos em que tu tens sido o meu norte, o meu céu, o meu amor maior que todos.
Parabéns pelo teu décimo aniversário, minha querida filha, e que eu saiba ser, sempre, a mãe que está ao teu lado e te dá a mão para te ajudar a crescer.


 
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