Um pouco mais de azul

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Surrealidades

- Papá, queria estar contigo hoje.
- Para quê? Já vamos estar 5ª e 6ª.
- Podíamos ir passear, está um dia tão bonito.
- Não me arranjei, estou de directa em cima e sem paciência. Se a tua mãe quiser que te traga, mas ficas na sala a ver televisão.
- Para isso prefiro ficar em casa, sempre tenho mais coisas com que me divertir e a mãe, mesmo a trabalhar, dá-me mais atenção do que tu sem fazeres nada.

O diálogo não foi bem assim e parte dele travou-se comigo; mas o sentido é este. Ontem, tinha escrito um enorme post sobre este tema, que tanto me tem incomodado - porque mexe com a minha filha e faz surgir uma sombra nos seus olhos límpidos. Ficou em draft, era demasiado íntimo. Mas hoje, depois de mais esta conversa... Há tempos, um desconhecido indagou num comentário se não havia um pai. A mais leitores deve ter-se já colocado esta questão, ao lerem como quase sempre é comigo que ela está e que quase nunca menciono dias dela passados com o pai. Aí em cima podem perceber melhor o panorama. E enquanto eu precisava de estar absolutamente concentrada num trabalho exigente e longo, tenho de estar atenta a uma filha que não é só minha, mas de alguém que partilha comigo o exercício do poder paternal... em teoria.
Quantos pais divorciados quereriam ter as facilidades de visita, de poder estar com os filhos que o pai da minha filha tem? Quantos não aproveitariam o excesso de trabalho da ex-mulher para estarem mais e mais tempo com os filhos? Não haja dúvidas, Deus dá nozes a quem não tem dentes...


 
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