Um pouco mais de azul

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Uma aventura em 5 actos - A ida ao veterinário

Acto I - Em casa, ponho a trela ao cão, que pula que nem doido, julgando que vai passear à vontade. Em lugar disso, é levado para dentro de um carro onde só andou, até agora, uma vez. Ponho-me ao volante, e que seja o que Deus quiser, ou melhor, o que o Pluto fizer. Depois de uma certa agitação, senta-se sossegado a olhar pelo vidro do porta-bagagens. Páro o carro, deixo-o lá dentro e vou buscar a Miosótis à escola.

Acto II - Volto com a Miosótis e descubro, com alívio, que o carro está intacto. A alegria do cão é enorme, a Miosótis tem dificuldade em sentar-se na sua cadeira e pôr o cinto de segurança, tais os cumprimentos efusivos do bicho. Metade do percurso (felizmente curto) é feita com o cão a querer trepar para o colo dela.

Acto III - Consultório do veterinário. Na sala de espera, dois gatos dentro de cestos. É uma excitação. Começo a perceber que ter o Pluto é tão bom como ir ao ginásio, faço um exercício do caraças. Descubro que o bicho, apesar de tudo, aprendeu alguma coisa no espaço de uma semana, e se porta bem melhor do que da primeira vez que foi ao médico (nem queiram imaginar como foi...). Até para se pesar se senta e ali fica, quietinho.

Entreacto - Filha com fome e consulta atrasada. Vamos a uma pastelaria próxima. O cão vai com a trela curta e bem presa, porque é destravado e ali passam carros depressa, não é como a pacata rua onde ele está habituado a correr. Entre ambas, ficamos emaranhadas na trela umas cinco vezes. O mais divertido é quando dois cachorros, puxados por duas trelas mas por um único dono, se aproximam. Puxar a trela do Pluto, que quer cumprimentar os bichos, menos amistosos que ele, é melhor do que meia hora a fazer musculação. O regresso ao consultório é também feito de puxões de variada ordem.

Acto IV - De novo no consultório. Cão mais sossegado, filha não se lembra de nada melhor do que sentar-se no chão para brincar com ele (lembrete: não esquecer de pôr toda a roupa para lavar). Chega a nossa vez, e o veterinário é recebido com honras de velho amigo (pulos, lambidelas, o diabo a quatro). Leva a vacina devida, sem um ui, depois de um pouco de conversa e de conselhos práticos. Fico a saber que o Pluto tem no seu longo rol de antepassados um qualquer podengo, o que explica a sua imensa curiosidade, o seu farejar constante e o ser irrequieto. Saber do seu ilustre antepassado não me faz mais feliz: às vezes preferia-o calminho como, sei lá, por exemplo, um animal empalhado.

Acto V - Regresso a casa, aliviada de 45 euros, porque comprei outras coisas de que o bicho precisava (medicamentos e ração, que ele, aliás, adorou).


 
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