Um pouco mais de azul

domingo, julho 31, 2005

Leitura de férias

Finalmente, tenho tempo para ler livros acumulados há meses e meses. Primeiro da lista: "O código Da Vinci", que me ofereceram no Natal e ainda não tinha saído da estante. Que me importa que tenha erros históricos: o que eu quero é uma história bem contada e empolgante, e a verdade é que hoje só a custo larguei o livro!
Muito mais do que as liberdades imaginativas do autor, incomodam-me as gralhas em que o livro é pródigo. Ainda por cima, a edição que tenho é a ilustrada - ou seja, muito mais cara, tipo edição de luxo. Não há direito de deixar passar tanta gralha!

sábado, julho 30, 2005

Há dias assim

Intensos. De passagem de obstáculos. Que nos enchem o coração. Dias em que sentimos que temos muito, mesmo muito para agradecer. Dias fastos. Numa palavra: felizes.

sexta-feira, julho 29, 2005

Oração da noite

Repetindo palavras já uma vez aqui deixadas: "Ajuda-me, Senhor, a agir como se tudo dependesse de mim, e a confiar como se tudo dependesse de Ti".
Que assim seja. E que eu saiba agir, confiante na força que de Ti me vem.

quinta-feira, julho 28, 2005

Silêncios que falam

Por trás do silêncio, as palavras por pronunciar. Por trás das palavras proferidas, as outras. Ouço-as. Digo-as. Mas não se traduzem em sons. Não vale a pena.

Momento introspectivo

Às vezes gostava de ser má. De saber olhar com frieza e dizer "bem feita". Mas não sei.
(Não se leia aqui recado para ninguém, referência velada a nada. Isto é só meu. É a mim, e só a mim, que se aplica.)

quarta-feira, julho 27, 2005

In albis

Incapaz

... de acreditar.
... de se convencer.

Confissão

Em todos os meus sonhos, todos os cenários, todas as vidas que me imagino - tu estás.

Serão

Uma sala escura, desconhecida. Um filme. Crash.
A chuva, o som dos pneus no asfalto molhado. A cara molhada pelos pingos da chuva. O cheiro do mundo lavado.
Eu.

terça-feira, julho 26, 2005

Curriculum Vitae

Nastassia Kinski. Monica Bellucci.
Não está mal, não.

Borboletas

segunda-feira, julho 25, 2005

Sabedoria popular

Quem canta seus males espanta.

Lá lá lá... larilolé... lá lá lá...

Filosofia de vida

Que se f...(m).

E a vida sorri.

domingo, julho 24, 2005

Quem será que...

... foi apanhado com uma batata crua roída na boca, e gostou tanto que insiste em tentar ir buscar mais ao saco?
... descobriu como é divertido roer a lenha guardada sob a lareira, e espalhou pedacinhos de madeira pela sala fora?
... deitou o dente a uma borracha nova em folha e lhe arrancou uma ponta?
... rasgou um pedaço de plástico numa série de pequenos bocadinhos, que encontro por todos os cantos?
... conscienciosamente lambeu a louça suja da máquina, numa tentativa de mostrar como se pode poupar água?

Chuva

Está a chover!!! Viva!!!

Um dia

Quando eu for grande, vou ter uma casa com jardim. Espaço para o cão correr, a filha brincar, eu ficar na preguiça deitada numa rede, a ler. Vou ter dinheiro para viajar sem contar tostões. E vou ter outras coisas que aqui não interessa contar.

sábado, julho 23, 2005

Conclusão angustiante

Só sei que nada sei.

sexta-feira, julho 22, 2005

Contas

4+2+2=8
4x7=28
2x7=14
8x7=56

O fogo



Ontem vi imagens da aldeia de Piódão envolta em fumo e ameaçada pelas chamas. Já lá não vou há 11 anos. Recordo uma das mais belas aldeias de Portugal, longe de tudo, perdida pelo meio de uma serra agreste e que me deixou, então, a impressão pouco acolhedora do que é deixado ao abandono e servido por uma estrada ondulante vizinha de precipícios.
Doeu-me o coração ao ver essas imagens. E de novo pergunto se não há um raio de gente com dois dedos de testa e os ditos cujos no sítio para serem capazes de pensar e pôr em acção uma verdadeira prevenção dos incêndios. Porra, já cansa toda a incompetência, todo o amadorismo, todo o espírito de desenrasca, tudo o que se promete e não se cumpre, tudo o que não impede o sacrifício dos bombeiros todos os Verões e os prejuízos para todos e a tantos níveis que os incêndios comportam.

Santa?

Pela Terra da Alegria, fiquei a saber de um site chamado PensaBem. Uma coisa muito católica, especialmente no sentido em que menos me identifico com o catolicismo. Acerca deste site, leia-se o que muito bem diz o José.
Mas não era (por ora) para falar propriamente do site que resolvi escrever. É que lá encontrei uma pequena biografia (não poderia ser muito maior, aliás...) de uma santa que apenas conhecia de nome: Santa Maria Goretti, a quem chamam "a pequena e doce mártir da pureza". Resolvi ir ler - não que a hagiografia seja o meu género literário preferido, note-se, e que eu não tenha nada mais importante para fazer à 1 da manhã...
Fiquei então a saber que, em 1902, um energúmeno de 20 anos, resolveu que ia abusar de Maria Goretti. As famílias de ambos partilhavam uma casa humilde numa aldeia italiana. Ele reparou na rapariguita de 12 anos, fresca na sua inocência de quase criança, como por certo a larguíssima maioria das meninas da mesma idade e do seu tempo. É descrita como educada em ambiente de grande fervor católico, modesta, cheia de pudor, envergonhada diante de conversas mais atrevidas. Perante os avanços do gajo, resistiu, e por isso ele apunhalou-a 14 vezes. A menina ainda foi transportada com vida para o hospital, mas acabou por morrer. Antes, porém, houve tempo para lhe dar a extrema unção, e o padre perguntou-lhe, entre outras coisas, se ela perdoava ao seu agressor, ao que ela respondeu afirmativamente - prova do seu coração generoso.
Uma história triste, como vêem. Mas suficiente para fazer da menina uma santa? Canonizem então, por favor, todas as meninas abusadas, violadas, agredidas, que ao longo dos séculos se defenderam e resistiram às agressões e disseram que o que lhes pretendiam fazer era pecado, era feio, conduzia ao inferno, tal como lhes fora ensinado na catequese. E veja-se nisso não a defesa da virgindade em si, mas do direito de ninguém abusar do seu corpo - ainda por cima intocado. Quando leio que um dos argumentos usados para a canonização foi o facto de ela se ter mantido fiel ao mandamento de Deus mesmo sob ameaça de morte, só posso perguntar se a resistência não seria exactamente o natural numa menina (ou numa mulher) assustada; e se a besta que a atacou não a tivesse ferido, mas antes decidido violá-la, a menina não conseguiria impedi-lo - alguém teria defendido a sua santidade se ela tivesse deixado de ser virgem?

quinta-feira, julho 21, 2005

Há dias assim

Às vezes olho para a minha vida e sinto o peso dos últimos anos - difíceis, carregados, dolorosos. Às vezes o peso parece insustentável.
Depois, aparece alguém que me sorri. Um amigo. Uma amiga. Alguém que estende a mão. E o peso diminui.

(A minha capacidade de síntese anda a tornar-se excepcional, tendo em conta o tamanho do "lençol" que não escrevi. Deve ser prenda do padrinho. Só me falta conseguir tornar-me hermética - tenho de lhe pedir umas lições. E também me dava jeito tornar-me insensível - mas isso ele nunca saberia ensinar-me. Não faltam, porém, exemplos inspiradores.)

quarta-feira, julho 20, 2005

Hora do recreio

Brincadeira do serão: aos médicos, com o cão. E ele deixa. Como a deixa enfiá-lo na cama das bonecas e na "coisa" de plástico (não sei como explicar o que é) onde guarda brinquedos. O P. fica a olhar, com o seu focinhito de cachorro de peluche. A Miosótis ri, deliciada. E eu, com um sorriso parvo estampado na cara, registo estes momentos por escrito.

O P. cresceu muito durante este último mês. Aumentou de peso 1 kg. Porta-se melhor a tomar vacinas do que qualquer das donas.

Cinema

De Rodrigo Leão. Há quanto tempo não ouvia! Como gosto disto...

Cada vez

me sinto menos católica. Nunca descrente, mas cada vez menos ligada à doutrina da Igreja em que fui criada. Quando tiver tempo e vontade, explicarei porquê.
E devo dizer que me custa, e muito, sentir-me assim. Mas não há volta a dar-lhe.

Porquê?

Boa pergunta! Que raio, será que não consigo ter sossego?
O homem põe e Deus dispõe, diz o provérbio - mas Deus não é sádico, porra! Se é uma questão de me pores à prova, Senhor, não basta o resto?

terça-feira, julho 19, 2005

Closer

Que xaropada de filme! O que tem de melhor: a música de Damien Rice; o sorriso da Julia Roberts; a cara bonita do Jude Law; a frescura da Natalie Portmann; o cartaz que publicita o filme. Provavelmente, um homem não deixaria de destacar também a Natalie a fazer de stripper, mas compreenderão que essa parte não me entusiasma especialmente, e tem o problema de aparecer ao lado dela o Clive Owen (devo precisar de ver outro filme com ele para me passar a aversão que, com este, lhe ganhei).
O guião é idiota. Clive Owen desempenha o papel de um canastrão que, com aquele paleio, levaria dois chapos na cara, não a Julia como prémio, se a coisa se passasse na vida real. E esta esperou por casar com o Clive para descobrir que não podia viver sem o Jude, com quem há meses tinha um caso, e é por amar perdidamente este que vai para a cama com aquele, para obter o divórcio! É mesmo essa a maneira melhor de se pedir o divórcio a alguém, está bom de ver. O resto é tão idiota como o que já disse, e o filme demonstra, quanto a mim, que o Jude Law devia ter enveredado pela carreira de modelo, e não de actor. Para finalizar, uma referência ao vocabulário utilizado, que creio ser o que, mais do que o argumento, dá ao filme o estatuto de "próprio para adultos": se aquilo é erótico, eu vou ali e já volto.
Só disse mal do filme, não foi? É que não gostei mesmo. E acho que o pior nem é o enredo em si, que talvez não soasse tanto a falso se não fosse a superficialidade das personagens. Nada daquilo convence.

segunda-feira, julho 18, 2005

Formas de ser

Pode-se ser uma pessoa, com coluna vertebral. Ou pode-se ser um verme. As minhocas que me perdoem.
Prelúdio a um post to be. Não é muito fácil deixarem-me zangada, mas desta feita conseguiram. Ou melhor: o verme conseguiu.
Os vermes esmagam-se com a biqueira do sapato, não é?

Modos de estar

Pesquisas

Não resisto, cá vão mais umas das fantásticas pesquisas que trazem visitas a este blog. O que me espanta nem são tanto as palavras que aqui conduzem, mas sim as espantosas perguntas colocadas aos motores de busca:
- blogs de um amor para recordar;
- faz mal estar ao sol quando se toma antibiótico;
- óculos versos (sic) lentes de contacto
- tapetes de rato onde vende (sic);
- papel de parede de a dama e o vagabundo;
- geoloc blog grávida;
- mulder & scully love in egipto (!!!!!!!!!);
- "ovelhinhas" desenhos
- azulices (!!!!!!!!!);
- rabo gato tricot;
- filme fernão capelo gaivota windows media player.

domingo, julho 17, 2005

QED

Não pode haver melhor prova de como certas coisas sabem deliciosamente do que quando, ao chegar, se sentem saudades e se corre para o telefone, continuando à distância a conversa ao vivo.

sábado, julho 16, 2005

Canção de embalar

Dorme meu menino a estrela d’alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti


Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda à noite é muito menina
Deixa-a vir também adormecer.


Zeca Afonso

(Dorme, meu amor. Eu estou aqui ao teu lado. Sempre.)

sexta-feira, julho 15, 2005

Cachorrices (2)

O P. tem vocação para arqueólogo. Adora escavar em busca de tesouros enterrados nos vasos.
Também poderá ver-se nele um gosto especial pela botânica: não há plantinha ao seu alcance que fique inteira.

quinta-feira, julho 14, 2005

Cachorrices (1)

Um aspiradorzinho castanho fareja conscienciosamente o chão da casa. Nunca mais houve migalhas no chão, ou grãos de arroz caídos, desde que o P. veio morar connosco.

Vou pôr o cão "a render"



Descaradamente roubado ao Filipe Faria. Não pude resistir. É que o meu cachorro é mesmo perito na arte de fazer uma pessoa sentir-se bem!!!

Hotel canino

Quem tem um cão, tem dificuldade em se ausentar de casa. Tenho andado preocupada com o assunto, ainda por cima tratando-se de um cachorrinho. Mas o P. é sortudo: tem dois belos hotéis caninos ao seu dispor. Ambos com carinho garantido. Ambos oferecidos por amigos de coração grande - e dispondo de espaço ao ar livre. Não sei se, no final das férias, o meu cãozito vai querer voltar para casa...

quarta-feira, julho 13, 2005

Às vezes

Às vezes é tão difícil... Faço o melhor que sei - e não resulta. Guio-me pelo instinto, mas será que este chega? Eu não sei tudo. Sou apenas gente, não Deus.

Ah ah ah ah ah ah ah!

Ou seja, uma enorme gargalhada. A que dei ao ver, pela primeira vez, a fotografia do aparelho que serve para aumentar o tamanho de algo que não tenho, e que apareceu em mais um daqueles mails que inundam a minha caixa de correio diariamente. Confesso que nunca tinha visto tal coisa: é por isso que estou práqui a rir que nem perdida. Diz o anúncio que há quem consiga usar aquilo durante 5 horas seguidas! É alguém sado-masoquista, só pode.

(suspiro)

Ai, que fartinha estou...

Não

Não me digam que a culpa disto é dos americanos. Todos os dias deve suceder o mesmo: crianças iraquianas a rodear os jipes americanos, pedindo guloseimas. O bombista suicida sabia que elas seriam as principais vítimas do seu acto. Morreu um único soldado, mas perderam a vida 24 crianças, enquanto que 18 ficaram feridas. Eram iraquianas, não americanas. Não eram inimigas de ninguém, apenas crianças. Tinham a idade da minha filha. E quando eu penso nas coisas nesses termos, colocando a imagem da Miosótis no lugar de cada um dos rostos anónimos das crianças mortas, que não são mais do que um número entre outros números, tudo muda de figura.

terça-feira, julho 12, 2005

Ilusões

Às vezes, vêm-nos à cabeça umas ideias a modos que meio malucas. Efeitos do cansaço, da alegria, sei lá. Ideias que em momentos de lucidez não surgiriam, e que nos deviam levar a dar umas bofetadas na nossa própria cara, para ver se voltamos ao normal.
Mesmo sem esse castigo auto-infligido, a lucidez depressa regressa. Às ilusões rapidamente se segue a desilusão que estamos fartos de saber inevitável. Pode parecer paradoxal, mas ainda bem. Porque há erros que só voltamos a cometer se formos muito idiotas.

Onda em tons de azul



O mais improvável juntou-nos, e ainda bem. Hoje, que fazes anos, fica aqui, para ti, uma onda azul. Onda, como o nome que escolheste para te identificar neste mundo virtual que, no entanto, sabe unir no real e criar laços tão fortes como as marés. Azul, por ser a metáfora que uso para designar o que quero para a minha vida, e que, sem tirar nem pôr, desejo para ti também. Muitos parabéns, querida Vague.
(Nestas poucas e desajeitadas palavras, minha querida, está tudo o que sei que não preciso de dizer. E um enorme obrigada, por estares aí. Ou seja, aqui. Num cantinho muito, muito especial dos meus afectos.)

segunda-feira, julho 11, 2005

Será que ouvi bem?

Ia eu com um ouvido no rádio enquanto conduzia, e eis que ouço uma notícia que me deixou pasma. Falava-se de medidas para diminuir os gastos com o sistema nacional de saúde. Dizia-se esta coisa espantosa: um objectivo do governo era diminuir a utilização de remédios inovadores nos hospitais públicos. Se bem entendi, isso significa que novos medicamentos, a começar a ser usados e, portanto, a necessitarem de ser testados, não serão recomendados para os doentes internados nos hospitais públicos. E eu a pensar, na minha santa ingenuidade, que o que se devia fazer era recorrer aos melhores fármacos quando uma pessoa doente necessita deles, e que os hospitais podiam até ser um terreno privilegiado para esses ensaios, na medida em que as pessoas estavam internadas e podiam ser seguidas dia-a-dia... Afinal não.
Do meu ponto de vista de leiga e, felizmente, pouco assídua em serviços hospitalares, dever-se-ia começar por poupar noutras coisas. Por exemplo, qualquer enfermeiro pode trazer para casa material hospitalar, desde seringas a material para fazer pensos, algum do qual caríssimo (não me perguntem como sei, mas sei-o). E há já medicamentos que há muito não são acessíveis nas farmácias hospitalares - ou, pelo menos, na de um dos hospitais da minha cidade onde o meu pai esteve internado, o que nos obrigou a cometer a irregularidade de levar de fora um remédio, ainda pouco usado e extremamente caro, mas eficaz, que o hospital, contudo, não tinha, e para o qual não existiam genéricos nem substitutos.
Durante esse mesmo internamento, fiquei a saber que o hospital não fornecia fraldas aos doentes incontinentes. Lençóis dobrados iam fazendo as vezes delas. Claro que por mais cuidados que houvesse não se conseguia impedir que ficassem, por algum tempo, molhados - e depois vinham as assaduras, e o risco de escaras aumentava. O tratamento dessas lesões pode implicar tratamentos bem mais dispendiosos do que o preço de um pacote de fraldas descartáveis (nem passa pela cabeça de quem está afastado dessa realidade). Em contrapartida, na maternidade, quando lá estive, via serem distribuídos pensos higiénicos sem o menor problema - e duvido que qualquer mãe / paciente com um mínimo de desafogo financeiro não fosse prevenida com os seus próprios pensos; os do hospital podiam, sem prejuízo de ninguém, ser reservados para quem, de facto, precisasse deles.
O remédio que há pouco referi, quando surgiu no mercado, não era comparticipado e o seu preço assumia proporções proibitivas. De tal modo, que o médico nos arranjava amostras gratuitas, pois era incomportável para qualquer orçamento. Demorou mais de um ano a ser conseguida a comparticipação. Não sei em que percentagem o ADSE o paga, mas ainda fica por cerca de 20 contos a embalagem, que dá para um mês. É um medicamento que ajuda a combater a perda de capacidades cognitivas em doentes com problemas neurológicos de variado tipo, como Parkinson ou Alzheimer; não só retarda essa perda, como pode permitir recuperar capacidades que pareciam já perdidas (se algum médico lê isto arrepia-se, decerto, com a falta de rigor no que escrevo, mas não sei explicar melhor e não tenho o texto da bula aqui para poder copiar o que lá está; para leigos como eu, chega, creio). Ou seja, pode ser um medicamento essencial para evitar a progressão de doenças terríveis como as referidas. É preciso, porém, que os pacientes o possam comprar. O neurologista desabafou comigo que, todos os dias, se debatia com este dilema: ou receitava aos doentes o melhor remédio, e os condenava à indigência, porque não tinham dinheiro; ou lhes dava medicamentos menos eficazes e com mais efeitos secundários, e eles lá iam conseguindo viver, menos tempo e em piores condições do que seria possível se eles tivessem outros meios.
Ainda bem que a reforma do meu pai e o dinheiro que pacientemente economizou toda a vida, poupando no supérfluo, lhe permite gozar dos melhores cuidados médicos e medicamentosos. E não ter o seu bem-estar dependente das políticas de contenção de despesas do Ministério da Saúde.

Internem-me

Dei comigo com vontade de beber Coca-Cola. Pior que isso: bebi.

Sufocante

Esta noite, pelas 6h30, o bater de uma porta acordou-me. Pela varanda da sala, deixada aberta, entrava fumo. O cheiro a eucalipto queimado era intenso. O fumo, entretanto, desapareceu. Não o cheiro, não o ar pesado e sufocante.
Não acredito que o fogo seja o destino fatal das nossas matas. Caramba, o nosso país não é tão grande assim! Será mesmo impossível impedir que, ano após ano, as árvores sejam destruídas? Recuso-me a acreditar.

Do que são feitas as memórias

As memórias são muitas vezes feitas de momentos, imagens, sons e palavras que se guardam no coração. Como os que vivemos este sábado. Tu linda, vestida a rigor. Nervosa, mas feliz. Preparada para fazeres o que tanto gostas. Ao meu lado, o que tornava a ocasião ainda mais especial.
Eu a ver-te. Percebendo a tua alegria. A distinguir-te entre todas, com o teu ar grave, concentrado, dando o teu melhor. Orgulhosa, muito orgulhosa de ti. E sentindo-me parte de um todo, numa experiência que constituiu uma das coisas mais divertidas e gratificantes que fiz nos últimos anos.
É tão bom ser tua mãe, filha, e acompanhar-te nestas aventuras!

sábado, julho 09, 2005

Sem tempo...

... para blogar. O dia hoje é de truz. É o corolário de muito trabalho. E será, não duvido, além de cansativo e cheio de nervoso miudinho, muito divertido.

quinta-feira, julho 07, 2005

Para desviar a atenção do que tanto perturba

Ao meu lado, uma imagem de paz. Pequenina, como pequenino é o cãozito. Deitado na sua almofada, ao meu lado, a dormir. De barriguita para o ar, uma patinha tapando a ponta do focinhito, as orelhas esticadas para trás.

Tento desviar o pensamento, mas não consigo. Neste preciso momento em que eu olho o meu cão, em que a minha filha brinca contente, em que eu escrevo no sossego do meu escritório, é bem possível que mais alguém tenha acabado de morrer em Londres. Alguém que se calhar ia calmamente para o seu trabalho quando se deram as explosões, tinha como eu uma filha ou um cão. Tenho medo deste mundo.

(Mais ou menos a despropósito)

Vai à merda!

(Versão reduzida e auto-censurada)

Atentado em Londres

Mas que raio de gente (gente?) é que faz isto?
Não, nada justifica o terrorismo. Não, as maldades do capitalismo e do mundo ocidental não servem de desculpa. Não, esse não é, não pode ser o caminho. Os fins não justificam os meios.

Um texto belo com o qual concordo inteiramente

Da minha querida Bastet.
(...) Trata-se do culto do corpo amado, da protecção que se entrega ao que mais se deseja, da ternura da masculinidade embevecida pela maciez do corpo da sua fêmea, da certeza que transmite na segurança de um gesto de que ela, a sua mulher, chegou a casa. E esta é uma certeza muda que se fala pelos dedos. É uma certeza que não se escreve, nem se descreve pela poesia dos versos. Faz-se antes poema pelo toque, dicionário onde se aprende diariamente que o sinónimo de “tudo” é o corpo daquele homem que abraça a sua mulher que não é inferior, nem superior, é a sua mulher.
(...) Não, não é coisa pouca, nem tão pouco é coisa que se aprenda nos livros. Um homem é verdadeiramente um homem quando (...) faz a sua mulher revelar-se, sem medos ou vergonhas, sem tabus ou preconceitos, quando um olhar seu lhe diz mais que mil elaboradas palavras de paixão, quando a única coisa que a mulher reivindica é não querer mais ninguém nunca mais no seu corpo e no seu leito.

quarta-feira, julho 06, 2005

Entre o humor e a melancolia



Linha erótica para intelectuais
Me escreve um ensaio de 500 páginas, vai.

terça-feira, julho 05, 2005

Dúvida existencial

Publico o que acabei de escrever, ou deixo ficar em rascunho?

Pb

Símbolo químico do chumbo.

E a felicidade, o que é?

A Catarina explica. E eu guardo bem guardada a explicação, para não esquecer.

segunda-feira, julho 04, 2005

E ainda a propósito do post anterior

"A primeira vez é tanto melhor quanto mais vezes houver a seguir", disse o Luís num comentário. Estou totalmente de acordo. Não há melhor do que quando se sabe que se pode repetir. Quando se sente que tudo se traduzirá de novo em gestos e recomeçará, como se nunca tivesse acontecido antes e se inventasse, naquele momento, o amor.

Primeiras vezes

É raro não encontrar ali alguma frase que me toca ou faz pensar. Entre várias possíveis de um longo post, destaco esta. O sexo tem um corolário de primeiras vezes que me deixa embasbacado. Concordo. Há muitas primeiras vezes. A primeira vez que... A primeira vez que... Todas fazem parte de mim. E o melhor de tudo é saber que continua a haver espaço para muitas outras - primeiras, a cada vez.

domingo, julho 03, 2005

Plásticas

Recusei-me, até hoje, a alterar o template original deste blog. Mas o Blogger resolveu deixar de disponibilizar o que tinha, e criou sem mais nem menos um erro que me desformatava o blog e criava um irritante espaço em branco. Para corrigir o problema, vi-me na obrigação de proceder a uma operação plástica do template. Sob protesto, porque não o queria mudar. Fica o mais parecido possível, de acordo com as ofertas prêt-à-porter do Blogger. Em tempo de défice, não se pode ir à alta costura personalizada.

5

De novo nisto. E a achar piada. Ainda bem. Com gosto tudo se faz melhor. Sabe bem gostar disto.

sábado, julho 02, 2005

Sítios

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Não me importava nadinha de lá estar hoje.

sexta-feira, julho 01, 2005

Balanço das últimas semanas

Uma bola de pêlo castanha com um rabo a dar a dar aparece, aos pulos de contente, mal entramos na cozinha. De manhã, ao acordar, ou quando regressamos a casa, a recepção é a mesma. Lambe-nos, salta à nossa volta, doido de alegria. Feliz por ver as donas.
Quando estamos sentadas no sofá, não estamos sozinhas. A bolinha de pêlo não sossega enquanto não trepa para o nosso colo, ou se deita ao nosso lado e adormece. Passei a ter companhia enquanto vejo filmes. Em cima da minha barriga, encostado aos meus pés, ou aninhado nos meus braços, o cachorrinho não me deixa.
Depois há o resto. A aprendizagem da higiene, que se vai fazendo aos poucos, mas ainda tem que se lhe diga. Certas arranhadelas à porta de manhã muito cedo, pedindo companhia e acordando-nos fora de horas. A necessidade de ter portas fechadas, sob pena de haver sapatos espalhados pela casa fora. Mas isso não é o mais importante.


 
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