Para desviar a atenção do que tanto perturba
Ao meu lado, uma imagem de paz. Pequenina, como pequenino é o cãozito. Deitado na sua almofada, ao meu lado, a dormir. De barriguita para o ar, uma patinha tapando a ponta do focinhito, as orelhas esticadas para trás.
Tento desviar o pensamento, mas não consigo. Neste preciso momento em que eu olho o meu cão, em que a minha filha brinca contente, em que eu escrevo no sossego do meu escritório, é bem possível que mais alguém tenha acabado de morrer em Londres. Alguém que se calhar ia calmamente para o seu trabalho quando se deram as explosões, tinha como eu uma filha ou um cão. Tenho medo deste mundo.