Um pouco mais de azul

terça-feira, novembro 29, 2005

Momentos

Há momentos que são, simplesmente, perfeitos. Aqueles em que sentimos que tudo está certo, tudo está no devido lugar, e estamos felizes exactamente assim. Já aqui falei, creio, dessa sensação. O mais estranho é que ela pode irromper numa qualquer ocasião. Até no meio do último filme do "Harry Potter".

(Mais um post atrasado: o filme foi no fim-de-semana.)

segunda-feira, novembro 28, 2005

Alguém


Depeche Mode - Somebody

Eis, senhoras e senhores, a estreia musical do Um pouco mais de azul. Provavelmente a única vez em que aqui haverá música, a menos que ma ofereçam, como fez a minha amiga Hipatia. Muito obrigada!

domingo, novembro 27, 2005

Notícias

A vida corre, longe do computador. E vai decerto continuar assim. Não se admirem, pois, com poucos posts nos próximos dias.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Mais um dia com história

Hoje, há festa cá por casa. Festa pequena, caseira, para celebrar dois aniversários (um outro se comemora, mas longe daqui, sem no entanto a distância o fazer esquecer, por mais que a vida tome caminhos diferentes). Por cá, são estes dois aniversários festejados a par, numa atmosfera de muito carinho que aconchega os corações e me faz sentir que a vida, mesmo presa por um ténue fio, mesmo cheia de incapacidades físicas, faz sentido e merece ser celebrada. Porque vivida com amor, porque comemorada com aqueles a quem mais se quer.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Alguém

O sol já se pôs, eu continuo a trabalhar, e enquanto trabalho ouço o que é a mais bonita tradução do que desejo e quero na minha vida, cuja letra partilho de novo convosco, depois de já a ter aqui deixado logo nos primeiros tempos de vida deste blog. Porque continua a ser lindo, porque permanece verdadeiro para mim como propósito e desígnio de uma vida a dois, aqui fica, de novo, Somebody, dos Depeche Mode.

I want somebody to share
share the rest of my life
share my innermost thoughts

know my intimate details

someone who'll stand by my side

and give me support

and in return

she'll get my support

she will listen to me

when I want to speak

about the world we live in

and life in general

though my views may be wrong

they may even be perverted

she will hear me out

and won't easily be converted

to my way of thinking

in fact she'll often disagree

but at the end of it all

she will understand me
.

I want somebody who cares

for me passionately

with every thought and with every breath

someone who'll help me see things

in a different light

all the things I detest

I will almost like

I don't want to be tied

to anyone's strings

I'm carefully trying to steer clear

of those things

but when I'm asleep

I want somebody

who will put their arms around me

and kiss me tenderly

though things like this

make me sick

in a case like this

I'll get away with it.

Pôr-do-sol

Vejo neste preciso instante o pôr-do-sol. Montes escuros, silhuetas de casas recortam-se num céu laranja e amarelo.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Absolutamente

sem tempo para o blog.

domingo, novembro 20, 2005

Dia com história

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

Sebastião da Gama

Publiquei este poema aqui no dia dos meus anos. Gosto imenso dele, desde que o li pela primeira vez no meu livro da 3ª ou 4ª classe. Por isso o republico e to ofereço, hoje. Com um enorme beijo de parabéns.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Dias sem história

Gosto dos dias sem história. Daqueles em que nada de especial se passa, mas em que se avança mais um bocadinho numa direcção precisa, rumo a um objectivo. Com calma, sem pressas. Mas com passos seguros.
No fundo, isso prende-se com a questão das primeiras vezes. Têm o sabor delicioso da novidade, mas falta-lhes o gosto do já conhecido que se quer degustar mais e mais, e nos surpreende a cada vez que se repete. Falta-lhes aquela familiaridade que faz as segundas, terceiras, décimas, centésimas, milésimas ou milionésimas vezes tão apetecidas.
Um pouco como quando vemos um filho andar pela primeira vez: que alegria, esses primeiros passos! No entanto, os melhores passos não são esses, mas os que serão dados daí para a frente, com cada vez mais firmeza e confiança, da parte dele, que aprende a andar, e da nossa, que sabemos que ele não cairá por isso; daí em diante, e para sempre, passear com um filho será um prazer sempre renovado.
E por isso, se gosto dos dias com história e das primeiras vezes, gosto ainda mais dos que não a parecem ter e das muitas outras vezes em que se quer viver de novo as alegrias descobertas no dia inicial.

Cachorro a crescer

Ontem, o patifezito castanho e peludo que vive cá em casa e gosta de fazer asneiras como roer fios e chinelos e fugir com meias sujas começou a levantar a patita para fazer chichi.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Diz a sábia raposa do Principezinho

"... Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade!..."

terça-feira, novembro 15, 2005

Sorriso

Andam por aí uns cartazes publicitários a dizer que sabe bem ter alguém que nos faça sorrir todos os dias. Por razões bem diversas, estou completamente de acordo. E sorrio.

Furacão

Às vezes os meus almoços, com filha e cão, fazem-me pensar num furacão, tal como o capitão Haddock dizia quando ouvia a Castafiore a cantar...

segunda-feira, novembro 14, 2005

Dias

O frio chegou. O sol aquece um bocadinho apenas, por trás dos vidros. E eu gosto muito do tempo assim!

sexta-feira, novembro 11, 2005

Internem-me

Enlouqueci, e a coisa é muito grave.
Acabo de dar à minha filha autorização para enfeitar as paredes do quarto com desenhos feitos a giz. Acho que a única esperança de manter um pequeno vestígio de sanidade mental é ter-me certificado, primeiro, de que um pano molhado apagava tudo.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Saudades

Há saudades que sabem bem. Daquelas que não magoam, antes dão ânimo e cor à vida. Saudades de uma voz, de um olhar, de um sorriso, de uma mão estendida para nós, do calor de um abraço. Saudades que desaparecem mal se ouve a voz, se vê o olhar e o sorriso, se pega na mão ou se retribui o abraço. Tudo parece certo nesse exacto momento em que as saudades se esvaem.

Olha!

Ontem não escrevi nada aqui. Paciência. Nem todos os dias são dias de blogar - e ainda bem.

terça-feira, novembro 08, 2005

Recordações de mãe

Dia de arrumações. Entre muitas outras coisas, abro a mala onde guardo as primeiras roupas da minha filha. As camisolinhas interiores levadas para a sala de parto. O primeiro babygrow que vestiu, tão pequenino, mas onde se perdia - e ficava tão zangada, sem conseguir esticar as pernitas! O fatinho cor-de-rosa comprado quando soube ser uma menina. Os casaquinhos de malha feitos pela avó, pela tia, por mim. Os lençóis bordados amaciados pelos anos, que já envolveram o pai ou a mãe. A cada peça, uma recordação - de um momento, de um riso, do cheiro bom a bebé lavadinho e fresco.
Ponho de lado, para dar, aquilo de que me consigo separar. Guardo ciosamente as peças que me são mais queridas, dobrando-as com o mesmo carinho com que há anos as comprei ou fiz, lavei e vesti, como pequenos tesouros carregados de recordações que me acompanharão sempre. Com eles, o casaquinho e as botinhas de lã minúsculos tricotados em tempos de uma doce expectativa gorada que nunca tiveram dono...

O esquilo

Travei: um bicho castanho, com uma grande cauda felpuda, atravessava a rua numa corrida. Era um esquilo! Em pleno coração da cidade, mesmo na frente do meu carro.

segunda-feira, novembro 07, 2005

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No início era uma rosa.

quinta-feira, novembro 03, 2005

O post de ontem

Ontem fui ver-te, Mãe. Não a ti, mas ao que resta de ti de palpável. Não gosto nada de ir ao cemitério. Não gosto de ter lá três túmulos a visitar. Entro e saio rapidamente, e desta vez nem sequer fiz limpezas. Acendi uma vela, somente. As flores ficaram cá em casa, ao lado das fotografias que vos perpetuam para além da minha memória e do meu amor.
A cada túmulo, uma onda de recordações. O meu avô, com paciência infinita, a segurar o elástico para nós saltarmos. A chegar da rua com a sua pasta, ou sentado no sofá com um lápis dentro de um papel enrolado, fingindo o cigarro que lhe estava proibido. O único avô que conheci, e que partiu numa noite de Inverno quando eu tinha 9 anos. Depois, a minha avó, minha madrinha, alma da nossa casa. Anos e anos de vida ao seu lado, de carícias na sua pele macia, de ver os seus olhos grandes, lindos, a que o brilho nunca faltou. A minha avó - com tudo o que esta palavra pode conter - como lamento que a tua neta não te tenha podido ter ao lado como eu tive a tua mãe, Mãe... Até aos meus vinte e tal anos, até uma noite de Maio em que partiu pacificamente poucos anos antes de chegar aos cem.
E depois, tu. A mais dolorosa das visitas de Dia de Finados. Já faz quase seis anos, Mãe. E eu ainda sinto o teu último abraço e recordo o calor que aos poucos abandonava a tua mão que ficou, tanto tempo, entre as minhas. Recordo tudo, o tom de voz, a tossezita seca que nos garantia serem teus os passos nas escadas, tu a ajudares-me a lavar-me enquanto eu te contava o que se tinha passado na escola. Tu sempre ao lado, tu que eu agora compreendo como antes de ser mãe não conseguia entender. Tu com quem me sinto e sei cada vez mais parecida, apesar de ter crescido achando-me muito mais parecida com o Pai. E sou, nalgumas coisas. Mas outras são tuas, e fico tão feliz por as ter herdado e aprendido de ti!
Muitas vezes, Mãe, dou comigo a fazer qualquer coisa e penso em ti, ou no Pai, ou na minha Avó, que antes de mim fizeram esses gestos exactamente como os faço agora. Outras, lembro-me de como tudo parecia perfeito todas as manhãs, ao sair para a escola, e me vejo agora sempre em corridas, sempre em cima da hora, tudo menos perfeita. Seriam os meus olhos de menina a ver a perfeição onde estava apenas carinho e boa vontade? Será que um dia a minha filha pensará na azáfama dos dias de aulas e me verá perfeita como eu te vejo a ti, Mãe?
Ontem fui ver-te ao cemitério, Mãe. Mas todos os dias te sinto aqui, perto de mim, dentro do meu peito, no sorriso e nos olhos da tua neta.

Mais um dia

... e nada de tempo para escrever na minha tasca, apesar de vários posts estarem escritos na minha cabeça.

quarta-feira, novembro 02, 2005

PROXIMIZADE

Proximizade

Proximidade e mão amiga. "Proximizade", feita do entusiasmo voluntário de quem quer ajudar a combater a apatia, a dispersão e a insensibilidade que nos ameaça se continuarmos indiferentes ao que se sabe e ao que se vê.
Aqui, já está a acontecer.

terça-feira, novembro 01, 2005

O sumo de laranja - resposta a um desafio


Gaivina

"Porque estás triste? Não te dei já o sumo de laranja que querias?"
O que a entristecia nada tinha a ver com o sumo de laranja. Pedira-lho, sentada na cama, sozinha depois de ele se ter levantado logo após fazerem amor, sem se demorar a seu lado em gestos de carinho. Pedira-lho porque, chamando-o em tom magoado, vira nos seus olhos inquiridores que ele não fazia ideia do que ela estava a sentir. Por isso dissera a primeira coisa que lhe ocorrera: “Tenho sede, és capaz de me trazer um sumo de laranja, por favor?
Ele trouxera-lho. De novo a magoara por não juntar ao sumo um beijo, uma carícia, ou só mesmo um olhar dirigido ao seu corpo nu. Uns meses antes não teria agido assim.
Bebeu o sumo de um trago, sem lhe responder. Fixou o olhar no copo vazio, como se ele fosse o espelho onde via reflectida a sua vida.


 
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