Um pouco mais de azul

quarta-feira, março 16, 2005

Coisas várias

No Afixe, outro dia, revelou-se um caso triste de assassínio, relacionado com violência doméstica e reacção tardia por parte das autoridades encarregadas de proteger a vítima, que estava a ser auxiliada pela APAV. No Charquinho, fala-se hoje das mulheres agredidas, que chegam de olhos negros ao trabalho, e apesar de tudo querem continuar com os maridos, a quem amam, ou julgam amar. A propósito deste último post, muito se comentou, referindo o que creio serem aspectos muito importantes: por um lado, a fraca auto-estima das vítimas que se mantêm à mercê de quem as maltrata; por outro, as patologias que tantas vezes não são valorizadas, nem tratadas, nos agressores; por último, de um outro tipo de agressão, a psicológica.
É desta que eu queria falar. É insidiosa, sobretudo se a vítima for uma pessoa frágil ou dada a complexos de culpa. É eficaz, porque paralisa a própria capacidade de lucidez da outra parte. Se alguém a quem amamos nos disser, por exemplo, todos os dias, que somos burros, acabamos por perguntar a nós próprios se não o seremos. Se esgrimir argumentos que não serão mais do que moinhos de vento em que o agressor vê gigantes, a certa altura damos connosco a colocar-nos em causa. Mesmo que saibamos da falta de razão dos argumentos, as feridas ficam, moem, deixam marcas.
Sobre os agressores, uma palavra também. Para falar dos que não reconhecem precisar de ajuda médica. Dos que se recusam a considerar-se doentes. Dos que não percebem que se o mundo inteiro diz "preto" e só eles dizem "branco", as probabilidades de estarem errados são muito elevadas. E que se lhes faz? Sobretudo, claro, quando a violência é psicológica e não física (esta é mais evidente e fácil de provar).


 
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