Um pouco mais de azul

quinta-feira, abril 29, 2004

O "tal"

Dei outro dia comigo a reflectir sobre o "tal" que ainda não perdi a esperança que apareça na minha vida. Não que ande afanosamente à sua procura, diga-se - na maior parte das vezes, encontra-se o que se quer achar quando não se procura. É a lógica que aplico, por exemplo, à factura do seguro do carro que está algures no meu escritório, escondida num canto qualquer; resolvi deixar de procurar e estou certa de que aparecerá, por sua livre iniciativa, antes que termine o prazo para o pagar.
Claro que as pessoas são mais difíceis de encontrar do que um papel - se bem que por vezes tenho dúvidas... Este comentário foi provocado por um rápido relance em meu redor. Mas vou parar com os apartes e dizer o que me fez vir escrever.

Dei comigo, dizia, a reflectir sobre o "tal". Sei uma única coisa sobre ele: tem de ser alguém que admire. Alguém em quem reconheça uma inteligência igual ou superior à minha. Alguém bom, muito bom naquilo que fizer, e que o faça com gosto. Alguém que me abra novos mundos com o seu saber, o seu talento, as suas qualidades. Alguém em cujo mundo eu mergulhe e me encante, e me faça pertencer a ele e passe a fazer parte do meu mundo também. Alguém que puxe por mim, e por quem eu puxe, que me leve a superar-me a mim mesma. Alguém, no fundo, que não se resigne ao "quase" e queira o azul.

Sei ainda outra coisa importante: tem de ter sentido de humor.

O meu lado cínico e descrente pensa, neste momento: vais ficar sozinha o resto da vida... O meu lado optimista e romântico acredita que há-de existir alguém assim que se apaixone perdidamente por mim (que também é condição necessária, claro). O que me vale é o meu lado prático: deixa-te de palermices e vai trabalhar na tese! Obedeço à voz do bom senso. Até mais logo.

Adenda - Uma hora depois, o recibo do seguro do carro apareceu, sem um gesto meu para o procurar, e quando ainda faltam mais de duas semanas para terminar o prazo de pagamento. Há, pois, esperança à face da terra. Já agora, "tal", faz como o papelito e aparece antes que eu tenha 60 anos, está bem? Gostava de ter filhos contigo.


 
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