Um pouco mais de azul

sábado, março 27, 2004

Azul escuro

Fiquei assim, de azul escuro na alma.
Já aqui falei, em tempos, da tristeza que me dá ver pessoas dinâmicas da minha área a enveredarem por outros empregos, por causa da falta de oportunidade de trabalharem naquilo de que gostam e que estudaram para um dia poderem fazer.
Hoje fiquei a saber que um grande, grande amigo desistiu. O meu grande companheiro de sonhos e projectos (uns loucos, outros factíveis, mas sempre pensados para serem realizados em colaboração estreita um com o outro) acabou por reconhecer que se quer ser feliz tem de pensar em fazer outras coisas. Porque assim não tem estabilidade, não tem futuro - e ele quer, como toda a gente, levar a vida para a frente.
Desejo-lhe a maior sorte, continuo ao lado, sempre, incentivo-o nesta mudança de rumo. Mas sinto-me amputada do meu braço direito. Sinto que o meu trabalho vai ficar menos azul. Mais escuro.
Bem mais escuros, porém, são os meus pensamentos sobre a política de investigação neste país, o desprezo a que são votadas áreas que deveriam ser acarinhadas porque têm a ver com a valorização e conservação do que é a nossa memória colectiva, o dinheiro que se desbarata em centros de investigação que não cumprem as suas missões, e tanta, tanta coisa sobre a qual evito falar neste espaço...


 
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