Preguiça, Liberdade & Paixão
Não me apetece trabalhar. Nada. Nadinha. O dia está lindo, o sol entra pela varanda deste escritório virado a sul. Forço-me a olhar para o que tenho de fazer. E não me apetece, pronto. Tudo serve de pretexto para me desconcentrar. Até vir aqui deixar um bocado da "Liberdade" de Pessoa, que ilustra tão, mas tão bem como me sinto:
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler e não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
(...)
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
PS - Por falar em Cristo: não vou ver a Paixão. Não me apetece assistir a martírios pormenorizados de ninguém, nem mesmo d'Ele. Quando vou ao cinema, quero espairecer e passar umas horas relaxada, não ver sangue a jorros ou sentir-me atropelada por um tanque de guerra. A história do Seu martírio está na Bíblia, vou lê-la, com a minha filha, na Semana Santa. Não preciso de mais. E não entro em polémicas sobre anti-semitismos ou radicalismos católicos, já muita gente escreveu, e muito bem, sobre o assunto (vejam-se, por exemplo, o Aviz, a Rua da Judiaria, as equilibradas palavras do Pedro Mexia).
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler e não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
(...)
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
PS - Por falar em Cristo: não vou ver a Paixão. Não me apetece assistir a martírios pormenorizados de ninguém, nem mesmo d'Ele. Quando vou ao cinema, quero espairecer e passar umas horas relaxada, não ver sangue a jorros ou sentir-me atropelada por um tanque de guerra. A história do Seu martírio está na Bíblia, vou lê-la, com a minha filha, na Semana Santa. Não preciso de mais. E não entro em polémicas sobre anti-semitismos ou radicalismos católicos, já muita gente escreveu, e muito bem, sobre o assunto (vejam-se, por exemplo, o Aviz, a Rua da Judiaria, as equilibradas palavras do Pedro Mexia).