Um pouco mais de azul

sábado, março 06, 2004

Onde se começa a falar de um tema que me há-de ocupar longamente

Falei há pouco com uma amiga, mais velha do que eu, mãe de três filhas já adultas. Encontrei-a angustiada, preocupada com a mais velha, que engravidou por acidente: o preservativo furou, a pílula do dia seguinte não impediu que engravidasse. Confesso que nunca percebi muito bem se o intuito dessa pílula é ainda ir a tempo de evitar a fecundação, ou se apenas impede a nidação do ovo fecundado; encontrei sempre opiniões desencontradas a esse respeito no que li sobre o assunto, e não me lembrei ainda de o perguntar ao meu ginecologista. Suspeito que esse desencontro de opiniões terá a ver com o facto de os médicos não saberem lá muito bem como é que aquilo age...
Mas voltemos à história. A rapariga tomou a dita pílula, mas a gravidez aconteceu. E ela quer ter o bebé, no que é apoiada pelos pais, mas não pelo namorado. Para complicar tudo, é uma gravidez de risco, há uma possibilidade de descolamento da placenta (acho que é esse o termo correcto). Ela chora, e pensa no emprego que iniciou há pouco, nas imensas coisas que tinha pensado fazer antes de ser mãe - mas não hesita em dizer que terá este bebé, nem faz nada para precipitar um aborto que se calhar até acabará por, espontaneamente, ocorrer.
Acho esta rapariga de uma coragem linda. E isto tudo faz-me pensar que me apetece escrever sobre quanto se tem dito acerca do aborto. Mas não vai ser agora. Para já, fica apenas esta história. De alguém que não teve medo de enfrentar os preconceitos hipócritas de uma sociedade que continua a olhar de soslaio para as mães solteiras, nem receio de assumir as consequências dos seus actos. Sem sacrificar quem não tem nenhuma culpa.

(continua quando tiver tempo e calma; o intervalo bloguístico terminou, ainda tenho de trabalhar antes de ir dormir)


 
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