Um pouco mais de azul

quarta-feira, setembro 15, 2004

Mais sobre o ano lectivo que (não) começa

Não vi telejornais, pelo que não sei se houve uma justificação apresentada pela srª ministra da Educação quanto ao novo adiamento das listas de colocação de professores, um pedido de desculpas, ou o assumir das responsabilidades dos atrasos. Já passei os olhos pelos jornais on-line e nada encontrei sobre o assunto. Apenas os habituais comunicados lacónicos do Ministério, que trata isto como se fosse um mero "fait-divers", e as declarações mais ou menos inflamadas das federações de professores, que têm sempre de incluir umas palermices - deve ser para ninguém as levar a sério, enfim... Querem um exemplo? Dizer que os professores precisam de tempo para conhecer os alunos antes do ano lectivo começar - ora, os alunos conhecem-se é no primeiro dia de aulas! Os professores não têm tempo, isso sim, para se integrar num novo meio escolar; para conhecer os colegas de grupo e, em conjunto, planificar o trabalho a desenvolver; para delinearem estratégias várias, tendo em conta as informações sobre as turmas e as escolas, os problemas que já se sabe existirem, etc, etc. Mas adiante, não é do mau serviço que em geral os sindicatos e federações de professores prestam à classe que representam que eu vinha falar.
O que me preocupa, escandaliza, revolta é que nada ouvi ou li sobre o que disse nas primeiras linhas. E isso brada aos céus! E brada aos céus também que a comunicação social nada faça. Porque é que os jornalistas não vão ver a realidade das escolas de cada zona do país, assim acabando com o eterno jogo de números entre ministério e sindicatos? Porque é que não vão procurar saber o porquê destes incompreensíveis atrasos? Porque é que não fazem as perguntas incómodas a quem de direito? Porque é que não vão saber o que estão a fazer os milhares de pais que não sabem o que fazer aos filhos durante estes dias? Porque é que não perguntam sequer o mais óbvio e lógico, ou seja, porque é que o governo não avisou a tempo e horas que ia haver atrasos significativos, explicando tintim por tintim o que se passava, tratando professores, pais e alunos com o respeito devido, e não como imbecis pelos quais não têm qualquer consideração?
Parafraseando o mais conhecido blogueiro da nossa praça: pobre país, o nosso... Por acaso, ele também tem mantido silêncio sobre o assunto.


 
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