Recordações
Não sei se é das doces árias de ópera que ouço, da melancolia do tempo chuvoso, de estar a organizar as férias: recordo. Aquelas férias. Tu, eu, a Miosótis, o futuro. Unidos como não mais estivemos - o mundo começou a desmoronar-se semanas depois. Recordo o acordar ao som das rolas. As sestas dela na cadeirinha, enquanto percorríamos todas aquelas praias, sem pressa, com toda a vida pela frente. A paisagem ampla e bela, os horizontes largos das falésias e daquele mar infinito. Eu sentada na nossa praia, olhando a pequenina a correr pelo areal imenso, tu ao fundo, mergulhando nas ondas. A sensação de sermos capazes de vencer tudo, desde que nos olhássemos como olhávamos. Desde que fôssemos nós.
Hoje quase não te reconheço. Pior: reconheço o que não quis ver. Não, o amor não vence tudo. Não chega, só por si.
Hoje quase não te reconheço. Pior: reconheço o que não quis ver. Não, o amor não vence tudo. Não chega, só por si.