Um pouco mais de azul

domingo, maio 09, 2004

De novo, Caeiro

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...


(Alberto Caeiro)

Tem este poema tudo a ver com o que abaixo escrevi, sobre a inércia e os sonhos por cumprir. Por isso aqui fica.

Servem-me ainda os versos de Caeiro para agradecer ao Walter (que gosta, como eu, da sua poesia) as palavras amigas que me dirigiu. Honram-me de um modo muito particular: o Forum Comunitário tornou-se rapidamente um dos meus blogs favoritos, visitado sempre com renovado prazer.


 
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