Regresso
Há dias estranhos. Ou melhor, dias em que me sinto estranha. Quase como se eu não fosse eu. Como se fosse não outra pessoa, mas uma espectadora de mim, dos outros, da vida. Dias em que me vejo falar, rir, andar, mas parece que não sou eu quem o faz, como se parte de mim agisse sozinha, e outra parte ficasse a ver. É uma sensação parecida com a de mergulhar totalmente num livro, e ao terminar a leitura não sabermos bem se pertencemos ao mundo do livro, se ao mundo real.
Já estava a sentir-me assim antes de passar umas horas a ler. Agora estou muito pior. Porque mergulhei num mundo de seda. Não sei se existe em português a Seda, de Alessandro Baricco. Li a tradução francesa durante uma viagem de comboio. Faltavam umas páginas para terminar quando cheguei ao meu destino. Entrei em casa, pousei a mala, as chaves, sentei-me a ler até ao fim. Só depois olhei à minha volta. Ainda não sei muito bem onde estou, quem sou. Por várias razões, sinto-me seda.
Já estava a sentir-me assim antes de passar umas horas a ler. Agora estou muito pior. Porque mergulhei num mundo de seda. Não sei se existe em português a Seda, de Alessandro Baricco. Li a tradução francesa durante uma viagem de comboio. Faltavam umas páginas para terminar quando cheguei ao meu destino. Entrei em casa, pousei a mala, as chaves, sentei-me a ler até ao fim. Só depois olhei à minha volta. Ainda não sei muito bem onde estou, quem sou. Por várias razões, sinto-me seda.