Presépios e árvores de Natal
A árvore de Natal está pronta, de luzes a brilhar, decorada com o jeitinho da minha filha (com ajuda da mãe para as luzes, por precaução). O presépio também está feito, cheio de bonecos de quando eu era criança, ordenados de acordo com uma lógica muito própria da Miosótis, que eu deixo à vontade nesse capítulo. Todos os dias vai haver alterações, já sei como é.
Inevitavelmente me recordo de outros Natais, daqueles em que eu tinha a idade da minha filha e cantava sem parar todas as canções natalícias que conhecia, e mais algumas que ia inventando. Recordo o cheiro do pinheiro - agora a árvore é artificial, a consciência ecológica impõe-se; o cheiro a musgo - que não tenho onde ir apanhar, e que não quero comprar pelos mesmo motivos; as bolas que era preciso manusear com muito cuidado, porque partiam - uso apenas das inquebráveis, juntamente com bonequinhos de madeira, uns natalícios, outros trazidos de S. Petersburgo com motivos russos, e muitos laços que fiz, gravidíssima, preparando enfeites inofensivos para o Natal do meu bebé.
A lareira arde, deixando a sala acolhedora. A minha filha pula de contente (ela deve ter molas nos pés). Eu lembro-me desses tempos passados, para sempre terminados não porque eu sou crescida, mas porque já cá não está quem tomava o lugar que me cabe agora a mim. O Natal é um tempo de visitas de fantasmas. Fantasmas bons - mas fantasmas.
De alguns deles falarei nos próximos dias. Agora, tenho de me ocupar de outras e mais urgentes tarefas, que se sobrepõem a qualquer vaga de nostalgia que teimosamente queira aparecer. Ao trabalho, pois.
De alguns deles falarei nos próximos dias. Agora, tenho de me ocupar de outras e mais urgentes tarefas, que se sobrepõem a qualquer vaga de nostalgia que teimosamente queira aparecer. Ao trabalho, pois.