Um pouco mais de azul

domingo, junho 06, 2004

Onde se fala de esqueletos e de frigoríficos

Sosseguem os meus leitores: não sou nenhuma assassina que conserva os esqueletos das vítimas no frigorífico. Mas, na verdade, durante alguns meses houve um esqueleto pendurado nele. Passo a explicar o que se passou (é melhor fazê-lo antes que algum serviço secreto de luta contra o crime leia este blog e me venha pedir contas...).

Ofereceram há tempos à minha filha um livro sobre o corpo humano que se desdobra num boneco em tamanho natural mostrando o esqueleto, os músculos e os principais órgãos do corpo humano. A Miosótis gosta muito de biologia, pelo que tal livro foi uma oferta muito apreciada. Como tem uma herança genética altamente professoral, adora dar aulas. As vítimas ora são as bonecas, ora a nossa muito paciente e amiga empregada. Para lhe poder ensinar biologia sem prejuízo das tarefas domésticas, nada melhor do que levar o esqueleto para a cozinha e pendurá-lo num dos lados do nosso enorme frigorífico. Foi assim que, durante meses, o esqueleto ali esteve, e só de lá saiu quando a brincadeira perdeu o interesse e a fita-cola que o prendia deu de si. Já me tinha habituado à presença dele,depois de uma primeira fase em que me pregou alguns sustos quando ia distraída à cozinha a meio da noite e dava com aquela figura na minha frente. É por isso que agora olho para o frigorífico e sinto-o despido.


 
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