Dos nomes que damos àqueles que amamos
Tenho aqui referido a minha filha como Olhos Azuis: o anonimato que impus impede-me de a chamar pelo seu nome. O nome escolhido ainda antes de ter nascido, antes sequer de os pais casarem. O nome que se desmultiplica em vários diminutivos, ternurentas formas de a chamar. Às variações em torno do seu nome junta-se uma série de petits noms que fazem parte das nossas brincadeiras de mãe e filha desde que ela era muito pequenina. Chamava-lhe miosótis (vou adoptar esta designação aqui, a partir de agora), florzinha, e nomes de animais. Consoante os dias, ela era o meu esquilito, pinguim, gatinha, coelhito; ora escolhia eu, ora ela. Era também, muitas vezes, por ser comprida e magrinha, a minha minhoquinha. É horrível, eu sei, mas a verdade é que esta sempre foi a designação preferida (ainda é, em momentos de mimo). Talvez por ser única: não acredito que mais nenhuma mãe seja maluca ao ponto de chamar tal coisa a uma filha!
Tinha a Miosótis 3 ou 4 anitos e saiu de casa numa grande birra, zangadíssima comigo. Nesse dia, ela era um esquilinho e disse-me: "Vou fugir de casa e viver para o alto daquela árvore!" (apontava para a grande árvore que existe mesmo ao lado do nosso prédio). Cheia de vontade de rir mas com uma cara muito séria, fiz-lhe ver que se fosse viver para o alto da árvore eu ia ficar com muitas saudades. A birra ficou por aí; mãe e filha seguiram o seu caminho, de mãos dadas.
Tinha a Miosótis 3 ou 4 anitos e saiu de casa numa grande birra, zangadíssima comigo. Nesse dia, ela era um esquilinho e disse-me: "Vou fugir de casa e viver para o alto daquela árvore!" (apontava para a grande árvore que existe mesmo ao lado do nosso prédio). Cheia de vontade de rir mas com uma cara muito séria, fiz-lhe ver que se fosse viver para o alto da árvore eu ia ficar com muitas saudades. A birra ficou por aí; mãe e filha seguiram o seu caminho, de mãos dadas.