Um pouco mais de azul

quarta-feira, junho 09, 2004

Onde se fala acerca da tese

A tese, essa espécie de monstro que assombra a minha vida há anos. A tal que está a chegar perto do fim, sem que no entanto sinta esse fim próximo. Demoro a escrever. Uma gestação é sempre um processo moroso.
Releio o que escrevi nos anteriores capítulos. Como muitas outras vezes, espanto-me. Fui eu quem escolheu cada palavra, quem as ordenou, quem as distribuiu de acordo com uma lógica por mim pensada. No entanto, agora que me releio, quase não me reconheço como autora. É como se o texto ganhasse uma vida própria, tivesse recebido com a aprovação final uma carta de alforria relativamente a mim. Passei a ser leitora de mim própria. Sabe bem gostar do que leio; quando não gosto, corrijo, melhoro, aperfeiçoo. Ao tornar-se o texto independente de mim, ganho uma neutralidade, uma capacidade crítica que antes não existia da mesma forma.
Uma nova fase na construção desta tese começa hoje. Exigente, mas aliciante. Muito mais do que a anterior, que me deu vontade de atirar tudo pela janela fora. Agora o trabalho interpela-me, lança-me olhares sedutores. Está a chamar por mim. Vou ter com ele.


 
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