Um pouco mais de azul

terça-feira, junho 01, 2004

Impressões de viagem

Não que as minhas impressões de viagem interessem especialmente, mas como um destes dias, sentada na praia, me deu para escrevinhar, em lugar de deixar o papelucho por aí até se perder passo para aqui o que então escrevi. Em Nice, no dia 29.

Estou junto ao mar. Em vez de areia, esta praia tem pedras, seixos rolados de diferentes tamanhos e cores. O mar é azul turquesa - mas nesta hora do final da tarde, com o sol escondido por entre umas nuvens, ficou apenas azul claro. Pequeninas ondas rebentam mesmo aos meus pés e fazem rolar os seixos, provocando um barulho diferente do usual nas nossas praias de areia fina. Sinto saudades da minha filha - apetecia-me ouvir a sua tagarelice aqui ao lado, enquanto brincasse. Apetecia-me ouvi-la chamar: "Mãe".
À minha direita, ao fundo da Baía dos Anjos, muito longe, avista-se a azáfama do aeroporto, onde aviões não páram de aterrar e descolar. Do lado esquerdo, um alto penhasco delimita a Baía e esconde o porto. Muito ao fundo, as silhuetas dos barcos dão-me vontade de partir. Poucas gaivotas passam por aqui. É pena: fazem-me falta.
Atrás de mim ficam os edifícios emblemáticos de Nice: os hoteis de luxo, o Negresco, o West-End. Não sei em qual deles se situa aquele filme célebre do Cary Grant e da Grace Kelly, cujo nome nunca sei ("O ladrão de jóias?"). Lembro-me mal do filme, mas guardo a recordação de um grande edifício cheio de janelas, de ambos na praia e em Monte Carlo. Seria em Nice? Seria em Cannes?
Gosto da praia assim, quieta, quase sem ninguém, ao final da tarde. Sabe bem não fazer nada e deixar, simplesmente, os pensamentos correr, sem destino, olhando o mar, vendo os seixos vir, e ir, e voltar, devagarinho, ao sabor da leve ondulação.


 
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