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... encontro as últimas declarações do ministro Bagão Félix, sobre a pobreza no nosso país. Diz o Público de hoje que, segundo o sr. ministro, a pobreza que existe em Portugal é "não tanto a de recursos monetários" mas a que resulta do facto de "as pessoas não terem oportunidades, ou porque não têm emprego, ou vivem sozinhas, ou têm uma iliteracia elevada, ou estão numa situação de licença profissional".
Eu às vezes devo ser mesmo burra, porque não percebi. Uma pessoa sem emprego não tem falta de recursos monetários? A falta de oportunidades refere-se a quê? Se é falta de oportunidades de ter um emprego condigno, vamos voltar ao mesmo. Quem vive sozinho não é pobre por isso, pelo menos no sentido em que se pode passar fome por se estar só. A iliteracia revela pobreza de estudos, não necessariamente fome ou falta de dinheiro. O que é estar numa "situação de licença profissional" escapa-me de todo, pelo menos nas acepções que levarão alguém a, por esse motivo, ser considerado pobre.
Este blog não é para falar de política, mas sim de mim, e é de mim que vou por isso falar. Eu não sou pobre, em nenhum dos sentidos acima apontados (pelo menos naqueles que compreendi). Mas que raio, os tais recursos monetários não abundam! Pelo 2º ano consecutivo, o meu ordenado não subiu nem um cêntimo, o abono de família da minha filha até diminuiu; mas tudo o mais aumentou, e de que maneira. A cada vez que vou à mercearia, gasto o dobro do que gastava há uns 3 anos atrás - e agora há menos uma pessoa a morar cá em casa. No talho, na peixaria, no supermercado, o panorama é o mesmo. E se eu sinto o apertar do cinto... como será sobreviver com o salário mínimo?
Detesto que me tratem como uma imbecil.