Fim de tarde
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia...
Recordo muitas vezes estes primeiros versos do Sentimento de um Ocidental, de Cesário Verde, ao cair da tarde. Lembro-me de, num passeio ao entardecer, nas férias, há muitos anos, o meu pai me dizer esses versos; deve-me ter contagiado, como em tantas coisas contagiou - no amor aos Maias, por exemplo. Se calhar, recordo ao cair da tarde quer os versos melancólicos do poeta, quer o passeio calmo, perto do mar, vendo as luzes acenderem-se, uma a uma, nas casas próximas, junto ao meu pai.
Por vezes, o sentimento de melancolia é tal, a essa hora, que só me apetece voltar depressa para casa - e ser eu própria a acender as luzes que destroem a penumbra invasora, e sentir a reconfortante sensação de aconchego que provoca o regresso ao nosso mundo.
Outras vezes, pelo contrário, falta a vontade de voltar. Apetece mais continuar deambulando pelas ruas, no meio do bulício das pessoas que passam, olhando montras sem as ver, escutando fiapos de conversas alheias, não pensando em nada. É então necessário um esforço para quebrar a magia, a melancolia e regressar à realidade.
Há tal soturnidade, há tal melancolia...
Recordo muitas vezes estes primeiros versos do Sentimento de um Ocidental, de Cesário Verde, ao cair da tarde. Lembro-me de, num passeio ao entardecer, nas férias, há muitos anos, o meu pai me dizer esses versos; deve-me ter contagiado, como em tantas coisas contagiou - no amor aos Maias, por exemplo. Se calhar, recordo ao cair da tarde quer os versos melancólicos do poeta, quer o passeio calmo, perto do mar, vendo as luzes acenderem-se, uma a uma, nas casas próximas, junto ao meu pai.
Por vezes, o sentimento de melancolia é tal, a essa hora, que só me apetece voltar depressa para casa - e ser eu própria a acender as luzes que destroem a penumbra invasora, e sentir a reconfortante sensação de aconchego que provoca o regresso ao nosso mundo.
Outras vezes, pelo contrário, falta a vontade de voltar. Apetece mais continuar deambulando pelas ruas, no meio do bulício das pessoas que passam, olhando montras sem as ver, escutando fiapos de conversas alheias, não pensando em nada. É então necessário um esforço para quebrar a magia, a melancolia e regressar à realidade.