Ao serão
O silêncio reina nesta casa onde, hoje, estou sozinha. A minha filha não está, e estranho a calma inabitual, a falta da rotina diária da história contada antes de ela dormir, dos mil e um carinhos do deitar, dos miminhos que nem ela, nem eu dispensamos, noite após noite. Sinto a falta, mas também sabe bem. Ela está contente de visita a uns amigos, eu gozo o sossego. Tento trabalhar, mas não está fácil, o cansaço há muito acumulado faz-se sentir na repugnância em deitar mãos à obra; mas já venço essa náusea, está a ser mais fácil fazê-lo pela noite dentro. Ouço o Alma Mater de Rodrigo Leão, e a sua música, aliada ao ambiente reinante, deixa-me calma, relaxada, reconciliada comigo e com o mundo. Gosto de música que me dê paz. Gosto do sossego em meu redor. Sabe-me bem, até, estar sozinha. Penso nas coisas boas sucedidas durante o dia. Penso em coisas que doeram, nos últimos tempos. Não penso em nada, senão que estou bem aqui, agora. É bom sentir-me em paz. Uma paz que não é duradoura, eu sei, mas que sinto no preciso momento em que escrevo estas palavras.
Acho que agora já vou conseguir mergulhar no trabalho. Uma boa noite para todos - em paz.
Acho que agora já vou conseguir mergulhar no trabalho. Uma boa noite para todos - em paz.