Um pouco mais de azul

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Aventuras de mãe

Fui buscar a minha filha à escola. Encontro-a de calças rotas, joelhos felizmente pouco magoados mas uma mão ferida. Vimos para casa. Limpar e desinfectar os joelhos e a mão esquerda, onde também há um arranhão, demora menos de um minuto. Tratar a ferida a sério é que está a ser um castigo. Ela parece uma personagem de desenho animado, fugindo com a mão, mexendo-se, virando a mão ao contrário, ao mesmo tempo que só se ouve "tenho medo", "vai doer", "eu sei que dói", "eu já passei por isto e sei que dói", "tu vais magoar-me" em várias versões que não se calam. De vez em quando, tem uns ataques de riso - o sentido auto-crítico herda-se, e ela sabe bem que está a fazer uma fita desgraçada - e diz que parece o Shrek quando tinha a seta espetada no rabo. Infelizmente, ainda não consegui, como a Fiona, que a (im)paciente se distraia para tentar extrair a pedrita que se alojou na ferida. Tentei durante meia hora, passando do mimo às ameaças, do sorriso à cara feia. Consegui pincelar-lhe a mão com Betadine, mais nada. Desisti por ora, sem fôlego nem paciência para mais. Tento daqui a bocado, quando as forças regressarem. Com um pouco de sorte, talvez a pedrita saia por si. Pedrita que eu ainda nem consegui perceber se está enterrada na carne ou apenas sob uma camada superficial de pele; nem isso a minha filhota me deixa verificar, mal os meus dedos se aproximam da ferida ela dá um puxão à mão.
Resultado: filha numa boa a fazer desenhos (daqui a pouco vem choramingar, porque aquilo deve-lhe doer mesmo) - mãe KO e completamente frustrada como enfermeira, a tentar recuperar as forças para um segundo round. Aceitam-se apostas sobre quem levará a melhor.


 
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