Um pouco mais de azul

domingo, dezembro 12, 2004

Hoje

Hoje preciso de ver a tua cara pertinho de mim, Mãe, tal como eras pelos 20 anos, quando os teus olhos possuíam o brilho confiante de quem tem a vida toda pela frente. Acho a tua neta tão parecida contigo, nesta fotografia... E desejo tanto que a vida da minha pequenina não conheça as dores grandes que a tua teve...

Hoje apetecia-me, também, escrever um longo texto sobre ser velho e doente. Sobre o que se diz aqui e aqui, em discursos diferentes, o primeiro mais profissional mas cheio de carinho e respeito, o segundo um testemunho pessoal, onde o amor impera. Sobre o que conheço, bem demais, dessa realidade de saber que não há cura, mas apenas remedeios para o que resta de uma vida que se faz por ser tão boa quanto possível.

Mas hoje, também, o "alerta" soou de novo, e não sou capaz de escrever o que queria. Apenas ficar alerta e com um pensamento fixo, a passar constantemente na minha cabeça (como aquelas barras idiotas que passam em rodapé na tv), pedindo: "Meu Deus, que não seja nada. Ou que seja tudo de uma vez por todas, rápido, sem mais sofrimento para ninguém". Faça o que fizer, está cá essa oração, constante, muda, sentida.


 
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