Um pouco mais de azul

quinta-feira, julho 01, 2004

Mutatis mutandis...

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.


Estes versos de Drummond de Andrade podem aplicar-se, mutatis mutandis*, ao que sinto diante dos papéis com que trabalho. Mas só com muita imaginação, ou melhor, muita mutação de sentido e um humor bastante negro consigo achar que os dois últimos versos do poema se adaptam igualmente bem:

Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.


* Pois, latim, que querem? Estou a escrever uma tese, que é coisa séria e erudita; isto são efeitos secundários.


 
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