Um pouco mais de azul

terça-feira, maio 18, 2004

Paternidade



Há já muito tempo que andava a pensar escrever acerca de ser pai. Não mãe, mas pai. Os comentários aos meus pensamentos dominicais levam-me a uma incursão, forçosamente muito breve porque o tempo é pouco, sobre este tema. Ficam só umas ideias alinhavadas, a que voltarei.

1) Poucas imagens de ternura me comovem mais do que as de um pai com um bebé nos braços, a rir com os filhos, a brincar com eles, a perder-se no olhar de uma criança. Felizmente, os homens portugueses estão a deixar de lado preconceitos patetas e a mostrar o seu lado sensível, terno, paternal no melhor sentido da palavra, tal como a querer participar activamente no criar e educar dos seus filhos.

2)Aqui na blogosfera, vários são os homens que, à semelhança das mulheres, criam espaços onde registam as suas experiências como futuros pais, criando os seus próprios diários de uma gravidez que acompanham ao minuto (não tenho os links à mão, depois actualizo) ou nos quais relatam o que sentem enquanto pais. O Um ano de ti é, de todos os blogs do género que conheço, o que mais gosto de ler. Pela escrita fluente e expressiva do seu autor, e sobretudo pela sensibilidade e genuinidade demonstradas na descrição do que este pai caloiro sente e pensa sobre o seu filho recém-nascido e as mudanças profundas que a sua vinda ao mundo provocou. Comovo-me sempre que o leio.

3) Estas mudanças no sentir masculino são das coisas que mais esperança me fazem ter no futuro da humanidade.

4) Sou, por tudo isto, uma acérrima defensora dos direitos dos pais. Quando me divorciei, nem me passou pela cabeça não partilhar com o pai da minha filha o exercício do poder paternal ou limitar a horas estritamente estipuladas o contacto entre ambos. Afastar o pai da filha, mais do que o facto de não viverem na mesma casa já por si só implica? Nunca.


 
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