Um pouco mais de azul

domingo, agosto 01, 2004

Queria saber escrever assim

Dei-te o meu corpo como quem estende

um mapa antes da viagem […]

Mas, afinal, foste tu que desenhaste mapas

nas minhas mãos – tristes geografias,

labirintos de razões improváveis, tão curtas

linhas que a minha vida não teve tempo

senão para pressentir-se. Por isso guardo

dos teus gestos apenas conjecturas, sombras,

muros e regressos – nem sequer feridas

ou ruínas. E, ainda assim, sem eu saber porquê,
as ondas ameaçam o lago dos meus olhos.


(Maria do Rosário Pedreira,
O Canto do Vento nos Ciprestes)


 
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